Será o futuro da carne, ser falsa e de vegetais transgênicos?
https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2019/07/03/fake-food.aspx
Analysis by Dr. Joseph Mercola
- July 03, 2019
Resumo da história
- A Agricultura Industrial é um fator chave tanto para a destruição ambiental como da saúde pública. No entanto, este ciclo destrutivo é defendido em nome da acessibilidade ao alimento e a necessidade de alimentar as massas;
- A Agricultura Industrial usa 75% da terra disponível produzindo somente 30% do alimento consumido globalmente. Já os pequenos agricultores, mantendo a biodiversidade, dispõem de 25% da terra agriculturável e provém 70% de nossa dieta;
- Se o quinhão da agricultura industrial continuar a crescer, ela finalmente eliminará todo o planeta e liquidará com quaisquer possibilidades de gerar alimento;
- A ascensão da carne ‘fake’ é uma tentativa de criar o mesmo tipo de controle global de um suprimento alimentar como a Monsanto e outros alcançaram através do desenvolvimento das sementes transgênicas;
- Uma vez que os animais vivos são eliminados e substituídos por alternativas derivadas de plantas patenteadas, as companhias privadas efetivamente controlarão por inteiro os suprimentos alimentares e aqueles que controlarem o alimento, controlarão os povos;
- Análises revelaram que o Impossible Burger (ilustração abaixo) contém 11,3 ppb de glifosato (nt.: herbicida da Monsanto, o Roundup, o ‘mata-mato’);
- Estudos com animais mostram que 0,1 ppb deste herbicida pode alterar a função de mais de 4.000 genes do fígado e dos rins além de causar danos aos órgãos.
Durante anos, defendi uma dieta orgânica para otimizar a saúde, evitando problemas comuns que a afetam bem como auxiliando na regeneração ambiental. A escolha de alimentos orgânicos reduz nossa exposição a agrotóxicos (pesticides), entre eles os herbicidas (herbicides), bem como alimentos transgênicos, aditivos alimentares sintéticos (synthetic food additives) e a nano ingredientes (nano ingredients), muitos dos quais não aparecem nos rótulos dos alimentos.
Além de proteger o ambiente e reconstruir os solos, comprar produtos orgânicos também apoia o bem-estar animal e promove a biodiversidade da flora e da fauna selvagens. Infelizmente, os americanos não só comem apenas alimentos predominantemente processados, mas 57,9% deles são ultraprocessados 1 — produtos no extremo oposto do espectro “significativamente alterado” que têm sido fortemente associados à obesidade 2, problemas de saúde e morte prematura, de acordo com vários estudos.3,4,5,6,7
O mundo desenvolvido em geral ingere quantidades significativas de alimentos processados e as estatísticas de doenças revelam as ramificações dessa tendência. Quaisquer alimentos que não sejam originários diretamente da parreira, do solo, das plantas, de um corpo d’água ou de uma árvore, são considerados processados.
Dependendo da quantidade de alterações que o alimento sofre, o processamento pode ser mínimo ou significativo. Por exemplo, frutas congeladas geralmente são minimamente processadas, enquanto pizza, refrigerante, refeições de microondas e alternativas de carne criadas em laboratório, caem na categoria de ultraprocessadas 8.
A ascensão de alimentos processados e ultraprocessados como alimentos básicos da dieta também tem um impacto amplamente oculto, na medida em que ameaça a segurança alimentar geral. Embora os jardins estejam se tornando produtivos e tenham ficado mais populares nos últimos anos, poucos estão cultivando sua própria comida nos dias de hoje, dependendo, em vez disso, do ônus financeiro do alimento processado do mercado, grande parte do qual é feito com ingredientes transgênicos patenteados.
Quem lucra mais com os alimentos transgênicos? Os detentores das patentes colhem os lucros através das grandes corporações multinacionais mantidas por seus acionistas em lugar das comunidades locais onde as plantações são cultivadas. Vandana Shiva, Ph.D., tem sido uma crítica ferrenha aos movimentos dos alimentos industrializados e da aquisição de alimentos transgênicos, destacando explicitamente que muitos dos problemas sociais e ambientais que se vive localmente, são criados por este sistema alimentar patenteado.
A industrialização dos alimentos ameaça a sobrevivência da humanidade
Em artigo recente do periódico Independent Science News ,10 a cientista e ecofeminista indiana Vandana Shiva discute as tentativas progressivas de industrializar o sistema alimentar global com mais alimentos falsificados e carnes falsas (nt.: fake foods e fake meats) e a destruição que inevitavelmente se segue:
“O alimento não é uma commodity (nt.: mercadoria), não é uma ‘coisa’ a ser montada mecânica e artificialmente em laboratórios e fábricas. Alimento é vida. E como tal contém as contribuições de todos os seres que formam a cadeia alimentar e tem o potencial de manter e regenerar a teia da vida.
O alimento também tem potencial para a saúde e a doença, dependendo de como ele foi plantado e processado … Como o livro ancestral sagrado indiano Upanishad nos lembra que ‘tudo é alimento, tudo é alimento de alguma outra coisa’ …
Hipócrates disse: ‘Deixe o alimento ser o seu remédio’. Na Ayurveda, antiga ciência da vida da Índia, o alimento é chamada de ‘sarvausadha‘, o remédio que cura todas as doenças.
Os sistemas alimentares industriais reduziram os alimentos a uma mercadoria, a “coisas” que podem ser constituídas em laboratório. No processo, tanto a saúde do planeta como a nossa, foram quase arruinadas.
75% da destruição planetária do solo, água, biodiversidade e 50% das emissões de gases de efeito estufa vêm da agricultura industrial, que também contribui para 75% das doenças crônicas relacionadas com alimentos.”
É importante salientar que a industrialização da agricultura, onde o uso pesado de produtos químicos é a norma, desnatura o solo, destrói sua fertilidade e não retorna a matéria orgânica de volta para ele. Como resultado, ela degrada os campos e transforma-os em deserto — o completo oposto do que um sistema agrícola saudável faz.
A agricultura industrial também ameaça os suprimentos globais de água (Industrial agriculture also threatens global water supplies), drenando aquíferos mais rapidamente do que eles possam se refazer e contaminando o que resta com substâncias químicas tóxicas e excesso de nutrientes que conduzem ao crescimento de algas, resultando em vastas zonas mortas (nt.: processo conhecido em inglês como ‘dead zones‘). Tanto a diversidade vegetal como da vida selvagem — especialmente insetos polinizadores — também estão sendo dizimados pela monocultura agrícola química.
Quando observamos o ciclo ecológico completo, podemos facilmente perceber como a agricultura industrial é o fator chave da progressiva destruição mesmo que este ciclo de devastação seja defendido em nome de alimento acessível e de ‘acabar com a fome no mundo’. Mesmo que necessitemos maximizar a produção de alimentos de formas acessíveis, o atual sistema de produção é incrivelmente míope.
Embora isso possa estar parecendo útil no momento, seus efeitos ambientais estão criando um mundo no qual as futuras gerações serão incapazes de produzir alimento e ainda encontrar fontes de águas potáveis. Esta afirmativa pode parecer alarmista e exagerada, mas nós estamos realmente próximos de precipitar uma época em que vastas populações poderão ser extintas a menos que mudemos radical e rapidamente o curso das coisas.
É importante nós nos darmos conta de que, uma vez que a camada superior do solo (topsoil) estiver sido erradicada, não teremos mais condições de produzir alimentos mesmo que adicionemos muita química sobre ela. Em 2014, Maria-Helena Semedo, representante de Cabo Verde e diretora geral adjunta e coordenadora dos recursos naturais junto à Food and Agriculture Organization/FAO das Nações Unidas, advertia de que, com os atuais níveis de degradação da camada superior do solo, o mundo todo iria perdê-la completamente em menos do que 60 anos.11
Ou seja, significa que nos resta somente em torno de 55 anos. A escassez de água também está se tornando um problema candente em todo o mundo.
Caminho para fome zero
Como observou Vandana Shiva,12 “A agricultura com biodiversidade intensiva e livre de venenos … produz mais nutrição por hectare enquanto rejuvenesce o planeta. Mostra o caminho para a ‘Fome Zero’ …” Também destaca que enquanto a agricultura industrial emprega 75% das terra agriculturáveis disponíveis, produz somente 30% do alimento do que na realidade comemos.
“Enquanto isso, as pequenas propriedades, biodiversas, empregando 25% da terras agriculturáveis, fornecem 70% do alimento,” escreve ela.13 “Neste ritmo, se tanto a agricultura industrial como o alimento industrial forem incrementados em nossa dieta até os 45%, teremos um planeta morto. Totalmente sem vida e sem alimentos.
Esta louca corrida tanto por uma falsa comida (Fake Food) e por uma falsa carne (Fake Meat), ignorando a diversidade tanto de nosso alimento como dos cultivos alimentares, além do papel da biodiversidade na manutenção de nossa saúde, estaremos emitindo uma receita para uma acelerada destruição tanto do planeta como de nossa saúde.”
Vandana Shiva responde aos defensores da soja transgênica do ‘Impossible Foods‘
Provavelmente, neste momento, estamos todos conscientes da última moda em alimentos: The Impossible Burger,14,15,16,17 clamado por muitos veganos e investidores do Silicon Valley, como uma resposta aos problemas ambientais imputados à pecuária bovina. A falsa carne da empresa ‘Impossible Foods‘ é produzida com soja transgênica, especificamente escolhida pela indústria por sua “sustentabilidade”. A empresária de estratégia de impacto, Rebekah Moses (nt.: incrível como uma jovem mulher desconheça todos os aspectos negativos deste seu ‘produto’ e de sua incompreensão do que é sustentabilidade), recentemente disse ao website FoodNavigator-USA:18
“Fizemos uma tremenda quantidade de diligência e estamos confiantes de que usando soja transgênica não estaremos dando um passo atrás em termo de sustentabilidade.”
Em seu artigo no periódico Independent Science News,19 Vandana Shiva refuta a pretensão da empresa, observando que:
“Dado o fato de que 90% das borboletas Monarca (nt.: borboletas que fazem a migração do Canadá para o México passando pelos plantios de soja e milho transgênicos dos EUA e do México) desapareceram em razão dos cultivos Roundup Ready (nt.: soja e milho transgênicos que suportam o uso dos herbicidas com glifosato, sendo a marca comercial da Monsanto: Roundup) e estamos vivendo naquilo que os cientistas estão chamando de um ‘insetogedon’ (nt.: mescla de inseto e Armagedom=luta de extermínio entre as forças do bem e do mal) pelo emprego da soja transgênica não ser uma ‘opção ambientalmente responsável’.”
Ela também aponta uma “total ignorância” da empresa sobre o fato de que as chamadas super ervas apresentam resistência ao herbicida, estão levando ao uso de cada vez mais quantidades de herbicidas mais e mais tóxicos.
Como reportado pelo periódico St. Louis Post-Dispatch,20 o herbicida 2,4-D (nt.: herbicida que fez parte do famigerado Agente Laranja da guerra do Vietnam. É um dos herbicidas fitohormonais) — conectado ao câncer e a disfunções endócrinas e conhecido por seu potencial de deriva nas aplicações — será aspergido em milhares de hectares adicionais de terra cultivável ao longo de todo o Meio Oeste e Sul norte americano, neste ano. Tentativas de restringir. no Arkansas, o uso do herbicida dicamba (nt.: como o hormonal 2,4-D, este também gera problemas pela deriva no entorno das monoculturas. Também acusado de estar eliminando a fonte de alimento da borboleta Monarca na América do Norte, já tendo diminuída sua população, nas últimas décadas, em 80%) que dizimou as culturas que não eram resistentes a ele, nos últimos dois anos, também falharam, tendo os agentes reguladores preferido relaxar nas restrições.21
“Numa época em que em todo o mundo há um movimento para banir os transgênicos e o Roundup, promover soja transgênica como ‘carne falsa‘ (nt.: fake meat) é estar enganando o consumidor tanto em termos da origens do hambúrguer como nas alegações em termos de segurança”, escreve Vandana Shiva no periódico Independent Science News.22
‘Impossible Burger‘ — Uma fonte significativa da substância tóxica – glifosato
De fato, testes recentes 23 instigados pela ONG ‘Moms Across America‘ revelam que a ‘fake meat‘ da Impossible Burger contém glifosato (glyphosate) — um dado, realmente, a ser considerado já que é feito com soja transgênica, quando o herbicida torna-se integrante da totalidade da planta e não podendo ser retirado dele. Conforme reportado por Moms Across America em 16 de maio de 2019:24
“O resultado total (glifosato e seu metabólito AMPA) foi de 11,3 ppb. A ONG ‘Moms Across America’ também testou o ‘Beyond Meat Burger’ e o resultado foi de 1 ppb …
Este novo produto comercial que vem sendo comercializado como uma solução para uma alimento ‘saudável’, quando de fato 11 ppb de consumo do herbicida glifosato pode ser altamente perigoso. Somente 0,1 ppb dele demonstra alterar 25,26,27 a função genética de mais de 4.000 genes no fígado, rins além de causar danos severos em órgãos de ratos. 28
O ‘Impossible Burger’ é feito com soja transgênica que, em estudos com animais, tem mostrado causar danos em seus órgãos 29 como da mesma forma tem mostrado ser significativamente diferente quando de soja não transgênica. 30
Os ingredientes transgênicos do ‘Impossible Burger’, que inclui uma levedura geneticamente modificada e proteínas de leg-hemoglobina de soja transgênica (nt.: a soja faz parte da família vegetal Fabácea),31 46 das quais ainda nem foram descobertas e nem testadas,32 são ainda mais preocupantes para muitos consumidores, já que há efeitos a longo prazo do glifosato em razão da sua reportada reação alérgica potencial imediata,33 que é inclusive reconhecida pelo fabricante.”
A ONG Moms Across America também apontou de que, enquanto a fabricante ‘Impossible Foods‘ clama que seu ingrediente chave de sua carne falsa (fake meat) — a leg-hemoglobina da soja — “vem sendo consumida por centenas de milhares de anos,” afirmou Michael Hansen, Ph.D., um cientista sênior da União de Consumidores (Consumers Union/a Consumers Reports division), “isso efetivamente não é verdade.” No mesmo artigo, Living Maxwell continua dizendo que:
“Em um email postado ao ‘Impossible Foods’ foi questionado de ‘como poderia o heme presente no ‘Impossible Burger’ ser ‘idêntico’ ao que os seres humanos vêm consumindo por centenas de milhares de anos tanto na carne como em outros alimentos se a empresa manipula-o geneticamente?’ e ainda não retornou ao que foi originalmente.”34
Além disso,35 Living Maxwell aponta que ao mesmo tempo que a companhia diz à U.S. Food and Drug Administration/FDA de que a leg-hemoglobina da soja era “substancialmente similar” às proteínas consumidas na carne e outros vegetais, a ‘Impossible Foods‘ agora informa aos consumidores (em seu website) que este heme transgênico é “idêntico” ao que é encontrado em outros alimentos.
Quantos ingredientes transgênicos, exatamente, o Impossible Burger contém?
A Moms Across America também adverte de que a soja transgênica pode não ser o único ingrediente no Impossible Burger contribuindo para a contaminação com glifosato. 36 Muitos dos ingredientes presentes nesta falsa carne estão também disponíveis nas formas transgênicas (embora é desconhecido se a companhia está empregando fontes transgênicas deles) bem como outros produtos podem ter sido dessecados 37 (secos) com glifosato pouco antes de terem sido colhidos.
Em suma, algum ou todos os ingredientes abaixo do Impossible Burger podem ser potencialmente transgênico e/ou contaminados com glifosato:
“… Proteína de Soja Concentrada … Óleo de Girassol, Sabores Naturais … Proteína de Batata, Metilcelulose (possivelmente do algodão), Extrato de Levedura,38 Dextrose Cultivada, Amido Alimentar Modificado, Leg-hemoglobina de Soja … Proteína Isolada de Soja, Tocoferóis Misturados (Vitamina E)39 … Cloridrato de Tiamina40 (Vitamina B1), Ascorbato de Sódio41 (Vitamina C), Niacina, Cloridrato de Piridoxina (Vitamina B6), Riboflavina (Vitamina B2), Vitamina B12.”42
Hipoteticamente, o Impossible Burger pode ser praticamente todo transgênico, já que somente quatro ingredientes listados dele não são, sem dúvida, transgênicos: água, óleo de coco, gluconato de zinco e sal. Citando Vandana Shiva novamente:43
“Casos jurídicos recentes vêm demonstrando as conexões entre o Roundup e o câncer. Com o acúmulo de decisões contrárias à indústria 44 relativos a casos de cânceres, os investimentos na soja transgênica ‘Roundup Ready’ mostram a cegueira do mercado. Ou há a esperança de que enganando os consumidores ingênuos se possa recuperar a Bayer/Monsanto.”
Produtos que imitam carne estão despertando lucro e controle
Vandana Shiva também aponta outra “confusão ontológica” (nt.: ou seja, algo conectado à existência e a realidade do ser) relacionada especificamente à indústria de carne falsa. De acordo com a Impossible Foods, o “heme” derivado de levedura transgênica é o que faz o Impossible Burger “liberar para o consumidor de carnes, a deliciosa explosão de sabor e aroma que eles querem alcançar.” 45
“Imaginei que a dieta fundada em vegetais era para veganos e vegetarianos, nunca para apreciadores de carnes,” diz Vandana Shiva.46 Esta seria uma hipótese justa, sem dúvida. Mas o que realmente conduz a indústria florescente de carne falsa não é, na verdade, a mentalidade vegana, mas ao vezes disso, o foco final é substituir a carne real completamente por um produto patenteado.
“De fato, a promoção de alimentos falsificados parece ter mais a ver em dar vida nova à agricultura falida dos transgênicos e à indústria do Junk Food além da ameaça a esta visão, que se consolida pelo aumento da consciência e da percepção, em todos os lugares, de que alimentos frescos, orgânicos e locais são a verdadeira comida que regenera tanto o planeta como nossa saúde,” escreve Vandana Shiva.
“Isso é sobre lucros e controles. Ele, e aqueles que pulam na Fake Food Goldrush (nt.: corrida ao ouro da falda comida), não têm conhecimento discernível, noção sobre o tema ou compaixão pelos seres vivos, pela teia da vida nem o papel da comida viva em tecer toda esta rede viva.
Seu súbito despertar para ‘dietas baseadas em plantas’, incluindo a soja transgênica, é uma violação ontológica da comida como um sistema vivo que nos conecta ao ecossistema e a outros seres, indicando ignorância quanto à diversidade de culturas que usaram ampla diversidade de plantas em suas dietas”.
Em suma, a ascensão da falsa carne é uma tentativa de recriar o mesmo controle global do suprimento de alimentos que a Monsanto (Monsanto) e outras corporações alcançaram através do desenvolvimento patenteado das sementes transgênicas.
Agora eles querem fazer a mesma ação com produtos animais. E uma vez que os animais propriamente dito sejam eliminados e trocados por alternativas patenteadas derivadas de plantas — exatamente como negociáveis a herança da humanidade e as sementes convencionais foram trocadas por sementes patenteadas que devemos pagar e comprar a cada estação — as companhias privadas irão efetivamente controlar os suprimentos alimentares em sua totalidade.
Como Vandana Shiva ressalta, a ascensão e o crescimento maciço de alimentos falsificados não resolverão nenhum dos nossos problemas, mas gerarão “a corrida ao colapso” de nosso sistema alimentar, da ecologia, da saúde humana e dos meios de subsistência dos agricultores. Eu acrescentaria que isso acelerará a eliminação das liberdades pessoais e a independência, porque quem detém o poder sobre a comida controla as pessoas.
A Impossible Foods ataca a agricultura regenerativa
Como foi discutido no meu artigo de 26 de junho de 2019, “Impossible fools at Impossible Burger”, fez com que a Impossible Foods atacasse diretamente a pecuária regenerativa em sua publicação de 2019 do Impact Report,47 clamando de que o gado alimentado com pastagem gera maiores quantidades de emissões de gases de efeito estufa do que o gado criado em confinamento (concentrated animal feeding operations/CAFOs).48,49
Mesmo depois de evidências recentes 50 provando que aminais em pastagens na verdade têm emissões negativas após todos os fatores relevantes serem levados em conta.
De acordo com a análise do ciclo de vida em relação a terceiros (third-party lifecycle analysis/ LCA) 51 — realizada pela mesmíssima companhia que conduziu a mesma análise (LCA) da Impossible Burger — a pegada de carbono da carne originada na White Oak Pastures (uma fazenda regenerativa) é 111% mais baixa do que a carne originária de gado em confinamento (CAFO), já que o “sistema efetivamente captura o carbono do solo, compensando a maioria das emissões relacionadas à produção de carne.”
Considerando todas as coisas, incluindo emissões entéricas, emissões de estrume, captura de carbono do solo, carbono da vegetação, atividades agrícolas variadas, abate e transporte, o total de emissões líquidas de carbono da produção de carne em White Oak Pastures foi negativo em 3,5 quilos (kg) de emissões de carbono por quilo de carne fresca, tornando este sistema integrado e holístico seis vezes mais eficiente do que o modelo médio de produção em confinamento (CAFO).
Enquanto isso, a falsa carne à base de soja da Impossible Foods é também um emissor de carbono. Conforme relatado por Civil Eats ,52 enquanto carne bovina de gado alimentado com pasto tem um sumidouro de carbono de 3,5 kg por kg de carne fresca, a soja convencional produz 2 kg de carbono para cada kg de alimento e proteína de ervilha (que a Beyond Burger usa para substituir a carne) produz 4 kg de carbono para cada kg de alimento.
Então, como pode a falsa carne ser considerada uma alternativa mais ambientalmente saudável do que a agricultura regenerativa (regenerative farming)? Além de ainda ser um emissor de carbono, a soja transgênica não faz nada para regenerar e construir solos, nada para proteger nossa população de insetos e animais selvagens, nada para aumentar a diversidade de plantas e mesmo nada para melhorar a saúde humana dos consumidores.
Pelo contrário, milho e soja, tanto convencionais quanto transgênicos, estão eliminando a vegetação nativa nas pradarias nos EUA no “ritmo mais rápido desde os anos 30”, relatou o The Washington Post em 2013. 53
Esta conversão da vegetação nativa e das pradarias em monoculturas agrícolas (conversion of grasslands and prairies into monocrop farm fields) pode, na verdade, estar entre os piores impactos ambientais dentre todos. Como observado no periódico Christian Science Monitor,54 as restaurações das pradarias (que fazem parte do modelo de agricultura regenerativa) “melhoram a retenção de água e sequestram carbono no solo.”
Compreensão da escalabilidade da agricultura regenerativa
Quando confrontados com a discrepância e pediram por um comentário, um porta-voz da Impossible Foods disse à Civil Eats que está “tentando conscientizar as pessoas de que a produção extensiva não tem escala”. Além de evitar a questão, essa afirmação também não está firmemente enraizada na realidade. Como proprietário de pastagens de White Oaks Pastures, Will Harris, disse Civil Eats: 55
“A White Oak Pastures nunca será uma corporação multinacional. Nunca haverá uma fazenda verdadeiramente regenerativa, humana e justa se sua escala for a nível nacional – muito menos multinacional. Em vez disso, todos as regiões rurais em todos os 50 estados dos EUA, devem ter, pelo menos, um ou dois locais como o nosso. É assim que costumavamos viver antes.”
Em outras palavras, não se deve confundir agricultura regenerativa com o modelo industrial onde um pequeno número de companhia está produzindo a maioria dos alimentos.
O modelo regenerativo requer um aumento no número de fazendas, não um aumento no número de animais criados por fazenda. Isso também tem benefícios para a comunidade civil e local que dificultam o preço real.
Em resposta ao ataque infundado da Impossible Foods sobre a agricultura regenerativa, Will Harris fez um convite aberto 56 para que os funcionários desta empresa visitassem sua fazenda para terem uma compreensão completa de como o pastoreio regenerativo realmente funciona.
A indústria de fertilizantes é a maior emissora de metano
Em notícias relacionadas, pesquisa recente 57 também descobriu que a indústria de fertilizantes nos EUA emite 29 gigagramas de metano por ano – 100 vezes mais metano do que estimativas anteriores do setor, de 0,2 gigagramas por ano.
As emissões da indústria de fertilizantes sozinhas também são três vezes maiores do que a estimativa da Agência de Proteção Ambiental (nt.: US Environmental Protection Agency/EPA) para todas as indústrias produtoras de metano combinadas, que afirmam produzir 8 gigagramas de metano por ano. A razão para essas altas emissões de metano pela indústria de fertilizantes é porque ela usa gás natural (que é em grande parte metano). O co-autor John Albertson disse ao New Atlas: 58
“Nós pegamos uma pequena indústria da qual a maioria das pessoas nunca ouviu falar e descobrimos que suas emissões de metano eram três vezes maiores do que a EPA assumiu que foi emitida por toda a produção industrial nos Estados Unidos. Isso nos mostra que há uma enorme lacuna entre as estimativas a priori e as medições do mundo real.
O gás natural é em grande parte metano, onde molécula por molécula todas têm potencial de provocar o aquecimento global mais forte do que o dióxido de carbono. A presença de emissões substanciais ou vazamentos em qualquer ponto da cadeia de fornecimento poderia tornar o gás natural um contribuinte mais significativo para a mudança climática do que se pensava anteriormente.”
A dieta é um fator determinante tanto para a saúde como para a longevidade
Qualquer pessoa pode se iludir o suficiente para acreditar que pode viver uma vida longa e saudável apoiada em substâncias químicas sintéticas, grãos tóxicos (grãos convencionais ou transgênicos contaminados com agrotóxicos e herbicidas) e falsa carne (fake meat) justamente derivada destes mesmos grãos tóxicos. E provavelmente, mais cedo ou mais tarde, terá um dramático despertar.
Enquanto alguém pode argumentar indefinidamente sobre qual tipo de dieta é melhor, simplesmente não há argumento de que um alimento real é muito melhor para o corpo humano do que um alimento sintético e tóxico. Qualquer contestação contrária pode ser desconsiderada, com segurança, por ser um truque típico de relações públicas. Então, se estivermos preocupados com nossa saúde e nosso bem-estar, precisamos simplesmente consumir comida verdadeira. É uma alta prioridade. Para começar, consideremos as seguintes diretrizes:
•Focar em alimentos crus, frescos e evitar alimentos processados tanto quanto possível (se algo vier em lata, garrafa ou mesmo embalado e tenha uma lista de ingredientes, é processado).
•Trocar refrigerantes e outras bebidas açucaradas por água, pura e filtrada.
•Comprar a maioria dos alimentos no mercado próximo de onde residimos, como carne, frutas, legumes, ovos e queijo. Nem tudo será saudável, mas evitaremos, desta maneira, muitos alimentos ultraprocessados.
•Variar os alimentos integrais que compramos e a maneira de comê-los. Por exemplo, cenouras e pimentões são saborosos mergulhados em ‘houmous‘ orgânico. Obtém-se o crocante da textura vegetal e o suave do houmous para satisfazer o paladar, o cérebro e a saúde física.
•O estresse cria um desejo físico por gorduras e açúcares que podem impulsionar um comportamento viciante de ingerir isso no estresse. Se pudermos reconhecer quando estivermos ficando estressados e encontrarmos outros meios de aliviar a emoção, os hábitos alimentares provavelmente irão melhorar.
As Emotional Freedom Techniques (EFT) podem ajudar a reduzir o estresse percebido, mudar os hábitos alimentares em relação ao estresse e ajudar a criar hábitos alimentares novos e saudáveis que sustentem a saúde a longo prazo. Para descobrir mais sobre EFT, como fazê-lo e como ele pode ajudar a reduzir o estresse e desenvolver novos hábitos, consultar meu artigo anterior, “EFT Is an Effective Tool for Anxiety.”
Fontes e Referências
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Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, agosto de 2019.
Em mundo onde os alimentos naturais são cada vez mais escassos.Suspeitar sempre dos alimentos.