A peça do quebra-cabeça que nos conecta com a pandemia da , conhecida desde 1999.

https://www.ehn.org/endocrine-disrupting-chemicals-and-obesity-2657318106.html

Jerrold J. Heindel

19 de maio de 2022

Profissionais de saúde e reguladores precisam abordar as substâncias químicas sintéticas usadas em produtos de uso diário que estão, em parte, estimulando a crise da obesidade.

O que nos deixa gordos? A visão médica atual é que a obesidade se deve a excessos e exercícios insuficientes. Isso é como dizer que o alcoolismo é devido a beber demais.

Para a maioria das pessoas obesas, reduzir o peso corporal para dentro da “faixa normal” não é conseguido simplesmente comendo menos e se exercitando mais. As abordagens atuais se concentram na intervenção quando alguém é obeso usando dietas, medicamentos e cirurgia. Se essas abordagens estivessem funcionando, haveria um declínio nas taxas de obesidade. No entanto, a obesidade continua a aumentar a taxas alarmantes em todo o mundo, especialmente em crianças e comunidades minoritárias. É necessária uma nova abordagem.

As más notícias

Há boas e más notícias sobre a prevenção da obesidade.

A má notícia é que todos nós estamos expostos a produtos químicos sintéticos que podem promover a obesidade, como bisfenóis, ftalatos, retardadores de chama e produtos químicos perfluorados, em nosso ambiente e em produtos domésticos comuns. A exposição a esses “obesógenos” em qualquer momento da vida pode aumentar o ganho de peso.

O momento mais sensível para os obesogênicos afetarem o ganho de peso é quando uma mãe grávida é exposta, e os produtos químicos atravessam a placenta e entram no feto em desenvolvimento. Os obesógenos interrompem o desenvolvimento normal do tecido adiposo (gorduroso), bem como do fígado, trato gastrointestinal, cérebro e tecidos envolvidos na regulação do metabolismo. Essas mudanças permanentes levam ao aumento da suscetibilidade ao desenvolvimento de obesidade mais tarde na vida, tornando mais fácil ganhar peso e mais difícil perdê-lo e manter o peso (nt. importantíssimo conhecer as constatações desta mãe cientista).

Os obesogênicos podem aumentar o peso mesmo sem aumentar a ingestão de alimentos, pois podem alterar o metabolismo e promover o aumento do armazenamento de calorias.

As boas notícias 

A boa notícia é que sabemos que existem obesogênicos, conhecemos vários deles pelo nome e sabemos de onde vêm suas exposições e quantos agem para aumentar o ganho de peso. A redução das exposições deve levar à diminuição da incidência de obesidade. Diminuir a exposição humana a obesogênios é uma estratégia viável para prevenir a obesidade, principalmente em gestantes em idade fértil e crianças até a adolescência. O foco na prevenção é um componente oportuno e crítico de qualquer abordagem de saúde pública para interromper a pandemia de obesidade.

Compreensão e aceitação dos obesogênicos 

Por que os formuladores de políticas e reguladores não se concentram na prevenção da obesidade reduzindo a exposição a obesogênicos? Talvez porque os obesogênicos não sejam bem compreendidos na comunidade médica. O objetivo de longo prazo é mudar as políticas de saúde pública, mas um importante objetivo de curto prazo é estimular a compreensão global dos obesogênicos.

A maioria dos médicos espera até que alguém esteja acima do peso ou obeso e, em seguida, tenta mitigar o ganho de peso e as doenças associadas. Seja qual for o motivo desse foco inadequado, suas obrigações éticas como profissionais de saúde exigem que os médicos capacitem os pacientes a tomar decisões informadas sobre sua saúde.

É hora de fazer com que os médicos – particularmente no campo OB-GYN/obstetrícia/ginecologia – conheçam os obesogênios, como e quando eles agem e como reduzir as exposições para educar os pacientes.

Também é fundamental que os pediatras expliquem às mães como reduzir a exposição a obesogênios em bebês, crianças e adolescentes durante períodos sensíveis em que o sistema metabólico está se desenvolvendo.

Uma vez que a comunidade clínica entenda a importância de prevenir a obesidade induzida por obesógenos, esperamos que essa aceitação estimule os formuladores de políticas e reguladores a tomarem medidas para regularem e removerem esses produtos químicos nocivos dos produtos.

Escrevemos uma série de revisões (nt.: dos textos aqui citados, Obesidade I e II, estão apresentados em nosso website) que ressaltam o papel dos obesogênicos na atual pandemia de obesidade e pedem urgentemente um foco maior na prevenção da obesidade. Os dados apresentados nessas revisões apoiam a ação de médicos e reguladores para proteger todos nós, especialmente nossos bebês sensíveis, dos efeitos desses produtos químicos nocivos.

Jerrold J. Heindel, Ph.D. Administrador de Programa aposentado do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental enviou este comentário em nome de HEEDs Elders (www.HEEDS.org), um grupo de cientistas seniores pioneiros no campo dos disruptores endócrinos que estão focados e concentrados na melhoraria da saúde de todos os habitantes do mundo.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2022.