- O gigante farmacêutico GlaxoSmithKline anunciou que não irá mais pagar aos profissionais da área da saúde para promoverem seus produtos ou as doenças que eles tratam e em “atividades a quem possa prescrevê-los ou influenciar em sua prescrição”;
- A Glaxo também planeja parar de compensar suas vendas representativas baseadas sobre o número de prescrições que os médicos assinem;
- Alguns especialistas acreditam que as mudanças são projetadas para desviar a atenção para longe dos recentes escândalos que envolvem a companhia, incluindo a liquidação da fraude de $3 bilhões em 2012 e alegações de corrupção em curso na China;
- Em 2014, as companhias que produzam drogas e equipamentos médicos deverão informar e divulgar todos os pagamentos a médicos e as informações serão exibidos em um banco de dados do governo online que se poderá livremente pesquisar;
- Poder-se-á também pesquisar os dados do ProPública para se acessar os pagamentos a descoberto feito aos médios nos estados norte-americanos.
http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2014/01/08/glaxosmithkline-drug-promotion.aspx?e_cid=20140108Z1_DNL_art_2&utm_source=dnl&utm_medium=email&utm_content=art2&utm_campaign=20140108Z1&et_cid=DM37276&et_rid=392820916
By Dr. Mercola
É perfeitamente legal para as companhias farmacêuticas pagar os médicos para que promovam seus produtos e esta prática é amplamente difundida na indústria dos medicamentos.
Afinal, como reportado pelo New York Times, “os médicos estão mais propensos a valorizar os conselhos de seus colegas confiáveis”,1 e é por isso porque as companhias farmacêuticas são conhecidas por investir pesado em pagar os médicos para explanarem sobre seus produtos a outros (muitas vezes em conferências médicas).
O conflito de interesses dentro desta prática é óbvio, e é por isso que as transnacionais farmacêuticas ficam em silêncio sobre seus atuais pagamentos assim como os profissionais da área da medicina envolvidos. Agora, a primeira das maiores transnacionais, a fabricante de medicamentos britânica GlaxoSmithKline anunciou que está colocando um fim nisso e noutras práticas de negócios duvidosas.
A Glaxo Para de Pagar os Médicos para a Promoção de Fármacos.
No final de 2013, o executivo chefe da Glaxo, Andrew Witty, anunciou que a companhia não mais irá pagar para médicos promoverem seus produtos ou as doenças que eles tratam em “atividades dirigidas a quem pode prescrever ou influenciar em sua prescrição”. Também está definida a paralisação da prática de pagar médicos para discursarem em conferências médicas (uma prática que já é banida nos EUA, mas permitida em outros países).
A Glaxo também planeja parar de fazer compensações por suas vendas baseadas no número de prescrições emitidas pelos médicos, em vez disso irão basear seus pagamentos no conhecimento técnico, na qualidade do serviço que eles promovem além de outros fatores.
Este movimento foi, na verdade, exigido como parte do acordo de integridade corporativa que a Glaxo firmou com o Departamento de Justiça dos EUA, em 2011, mas somente aplicado neste país. A transnacional agora está pretendendo expandi-lo como um política global.
O novo plano esperado que se torne efetivo globalmente em 2016, é tido como a culminação de um esforço “para tentar e tornar seguro de que nós estamos em sintonia com a forma como o mundo está mudando”, de acordo com Witty.2 Mas alguns acreditam que isso é simplesmente “uma tentativa desesperada de desviar a atenção dos escândalos recentes”3 que vêm infestando esta gigante dos medicamentos…
A Glaxo Pagou a Maior Indenização por Fraude na Saúde, na História dos EUA.
Em 2012, a GlaxoSmithKline (GSK) foi considera culpada no maior acordo para cobrir ações fraudulentas sobre a saúde na história dos EUA. A companhia foi multada em $3 bilhões de dólares para cobrir as acusações criminal e cível relacionadas ao marketing ilegal de medicamento e pela sonegação de informações sobre os riscos à saúde associados com a droga Avandia, usada para diabetes, além de outras, incluindo Paxil e Wellbutrin. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, 4 a GlaxoSmithKline fez:
1. Propaganda ilícita sobre o antidepressivo Paxil para crianças e adolescentes.
O medicamento está aprovado pela FDA para tratamento somente da depressão de adultos. A denúncia detalha como a GSK manipulou os resultados de um destes estudos para chegar a conclusão falsa de que o Paxil era eficaz contra a depressão em adolescentes.
Um funcionário da GSK recomendou também a revisão de uma seção do estudo que se relacionava aos efeitos colaterais, removendo a constatação de que os efeitos colaterais secundários graves, como o agravamento da depressão e hostilidade (sofridas por 11 crianças neste estudo) relacionados ao tratamento, foi substituído por uma declaração de que a dor de cabeça (sofrida por um participante) foi o único efeito colateral considerado estar relacionado ao tratamento.
A queixa crime chamou o estudo, publicado em julho de 2001 no periódico The Journal of American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, de “falso e enganoso”. Este estudo fraudulento e enganoso foi subsequentemente empregado pela GSK para promover ilegalmente o Paxil tanto para crianças como para adolescentes…
2. Propaganda ilícita do antidepressivo Wellbutrin para perda de peso e disfunção sexual.
Em uma entrevista na National Public Radio/NPR,5 Carmen Ortiz, procuradora federal para a região de Massachusetts, afirmou que a “GSK contratou uma empresa de relações pública para criar um verdadeiro ‘agito’ quanto a como tornar-se esbelta e magra bem como ter mais sexo simplesmente ao usar este medicamento… empregando toda a forma de recompensas inimagináveis de entretenimentos de altíssimo estilo como viagens para o Hawaii a pagar médicos com milhões de dólares para que fossem a encontros que valorizavam o medicamento, além de viagens de caça de faisões europeus e mesmo entradas para concertos da Madonna”.
Uma das contas mais elevadas envolveu celebridades televisivas como o famoso sexólogo e Dr. Drew, que teria recebido US $275.000 da GSK para promover o Wellbutrin para tratamento de disfunção sexual associada com depressão, mesmo que ainda não tivesse sido provado eficaz para esta finalidade.
3. De 2001 a setembro de 2007, falhas para reportar dados de segurança relativos à experiência clínica e outras informações requeridas por lei para a FDA para Avanida, medicamento para diabetes.
Como reportado anteriormente, o Avandia tinha sido detectado ser profundamente perigoso—um fato escondido pela GSK por mais de 10 anos, já que ela sabia que isso poderia ser negativo para as vendas.6 Isso foi revelado no relatório da Comissão de Finanças do Senado dos EUA e liberado por Max Baucus e Charles E. Grassley em fevereiro de 2010. O relatório também questiona porque a FDA permitiu a continuação do ensaio clínico do Avandia mesmo depois que a agência estimou que o medicamento tinha causado um número estimado de 83 mil ataques de coração entre 1999 e 2007.
A GlaxoSmithKline Está Enrolada em Suspeição por Alegações de Suborno na China.
Em 2012, o mercado farmacêutico na China cresceu em torno de 20%, um incremento pesado agora percebido ser, em parte, como resultado de anos de valiosa corrupção e escândalos. A GlaxoSmithKline, em particular, alcançou um crescimento acima da média na região, com suas ações superando seus competidores em quase 2 para 1 em 2012.
O super crescimento da companhia parece ser acobertado por estratégias ilegais de marketing que na verdade encorajam o suborno. Alegações vem sendo feitas, de fato, que a GSK paga propinas aos médicos, aos hospitais e a funcionários públicos, utilizando agências de viagens como intermediários para consolidar seus atos ilegais. Médicos e funcionários públicos supostamente receberam vantagens como viagens, dinheiro vivo e mesmo favores sexuais que, quando combinados todos, alcançam a soma de perto de $5 bilhões de dólares, de acordo com alguns relatórios.
Quatro executivos chineses da GSK foram detidos e acusados de longa colaboração em subornos, pela longa investigação que corre há seis meses. O britânico Mark Reilly, chefe das operações chinesas da GSK, supostamente deixou a China em junho de 2013. Como a maioria das companhias farmacêuticas, à GSK não é estranho sofrer de alegações criminais e condenações. Assim, seu recente anúncio público de que estava terminando com duas de suas práticas controvertidas mais comuns às indústrias farmacêuticas, faz com que se fique de sobreaviso. Estaria o leopardo realmente mudando suas pintas… ou são outras razões para jogar?
Obviamente, com sua reputação incrivelmente abalada por sua condenação por fraude, em 2012, em $3 bilhões de dólares e por sua atual investigação de suborno na China, precisam usar tudo o que teria quanto a relações públicas positivas que possa empregar. Como foi noticiado pela Forbes, a GSK pode estar simplesmente fazendo um controle de danos, apostando de que o que eles perdem quanto à promoção de seus medicamentos pelos médicos, recuperarão pelo reforço de sua reputação ferida.
“…estudos têm demonstrado que o valor da companhia como medida pela capitalização de mercado aumenta quando sua reputação é melhorada e que os indícios de reputação não-financeira são ferramentas importantes que mantêm a capacidade de cobrar preços mais elevados e garantir o acesso aos mercados de capitais. Assim, isto não é coisa ruim ou mesmo necessariamente desfavorável em termos financeiros, para os executivos que pensam amplamente sobre os benefícios societários quando administram as corporações…”7
Multas Imensas Não São Suficientes para Dissuadirem as Indústrias Farmacêuticas de Afrontarem a Lei.
Depois da GSK ter pago suas “dívidas” na forma de um acordo de $3 bilhões e seguir através de sua determinação corporativa de integridade ao parar de compensar sua força de vendas baseada sob o número de prescrições assinadas pelos médicos, pode parecer que ela agora tenha mudança seu tom melódico, endireitando-se e voando corretamente.
Mas como uma nova peça de observação publicada no British Medical Journal8 apontou, mesmo com a escalada de sanções criminais e cíveis, as companhias farmacêuticas internacionais não estão sendo dissuadidas de infringirem a lei. Mesmo após o pagamento de multas enormes e sendo monitoradas sob acordos de imposição pela integridade empresarial, muitas empresas farmacêuticas passaram a cometer atos criminosos adicionais. Esta revisão publicada vai tão longe quando afirma que “os encargos de tais violações criminais e cíveis se tornaram parte de seus modelos de negócio”.
“São estas penalidades criminais e cíveis de bilhões de dólares, uma importante forma de dissuasão de infringir a lei pelas companhias farmacêuticas internacionais? E mais, poderia um monitoramento externo na forma de um acordo como mandado de integridade corporativa do governo dos EUA prevenir a recorrência de tais atividades ilegais, durante os cinco anos depois de assinado, como uma dissuasão adicional? Sim, em ambos os casos, mas somente se o tamanho das penalidades superarem os ganhos das empresas ao mesmo tempo em que há a violação das leis e somente se a execução destes acordos for eficaz.
Infelizmente, este não é o caso. Esta avaliação baseia-se na recente escalada, afiada na frequência com que muitas empresas gigantes farmacêuticas multinacionais se envolvem repetidamente em atividades ilegais, criminais e cíveis, depois de previamente pagarem enormes multas, além de estarem sendo monitoradas pelos acordos sob a forma de mandados governamentais de integridade corporativa. Parece que para algumas empresas, os encargos de tais violações criminais e cíveis tornaram-se parte de seus modelos de negócio”.
Estamos Surpresos de Que Nosso Médico Tenha Sido Pago?
A partir de 2014, seremos capazes de determinar se o provedor do sistema de saúde que confiamos está, na verdade, na folha de pagamento da indústria farmacêutica, graças a uma nova lei federal que implica no seguinte:
- As companhias de medicamentos e equipamentos médicos deverão emitir relatório e divulgar todos os pagamentos (incluindo opções de estoque, garantias de pesquisas, comissões, taxas de consulta, gastos com viagens e outras despesas) feitos para os médicos. Infelizmente, pagamentos a enfermeiras, médicos assistentes e outros profissionais da área médica não estão listados neste compromisso;
- A informação estará disponível num banco de dados online governamental (nt.: infelizmente isso é nos EUA) que forma que poderemos acessar para pesquisar.
Neste meio tempo, poderemos pesquisar no banco de dados ProPública (search ProPublica’s database) para ver a divulgação dos pagamentos feitos a médicos nos estados norte-americanos. Muitas das mais prestigiosas universidades, incluindo Harvard, estão agora proibindo seus funcionários de receberem dinheiro das companhias farmacêuticas para palestrarem e essa nova exigência de divulgação colocará, com sorte, mais instituições nesta mesma direção.
Quebrar o estrangulamento da indústria farmacêutica sobre a indústria médica convencional não vai ser fácil — afinal, a indústria farmacêutica gasta quase duas vezes ou mais para a promoção de seus produtos 9 do que em pesquisas e desenvolvimentos — mas a maré está começando a mudar. Um número crescente de pessoas está agora acordando para estas duras realidades, e nós, estamos entre aqueles que estando sendo informados de uma maneira que podemos auxiliar no compartilhamento deste conhecimento com outros. Mais de 1,5 milhões de pessoas recebem esta newsletter e, juntos, podemos fazer uma enorme diferença.
O objetivo final é ter uma massa crítica de pessoas que recusem soluções desnecessariamente perigosas e contraproducentes, atualmente oferecidas pela medicina convencional, já que isso vai ser um poderoso estímulo para gerar mudanças autênticas. Todos podemos agir agora, em nível pessoal, fazendo mudanças necessárias em nosso estilo de vida (lifestyle changes that will allow you to take control of your health) que nos permitam assumir o controle de nossa saúde, em vez de deixá-la nas mãos da indústria farmacêutica.
Quem Melhor Para Confiar Quanto à Nossa Saúde do que Nós Mesmos?
Quando se trata de saúde, uma pitada de prevenção será certamente melhor do que um quilo de cura, especialmente quando a cura vem em um comprimido. Por favor, mantenhamos em mente que levando como senso comum um estilo de vida saudável será a nossa melhor aposta para atingirmos e mantermos, com saúde, nosso corpo e nossa mente. Colocando nossa saúde, nossa própria vida, nas mãos de empresas farmacêuticas é uma perspectiva assustadora, porque as principais corporações farmacêuticas estão também entre os maiores criminosos corporativos no mundo, muitas vezes se comportando como se fossem pequenos traficantes de drogas, mas de colarinho branco. Como essas empresas têm mostrado, uma vez atrás da outra, que efetivamente colocam seus lucros acima da saúde humana… e isso inclui nossa própria saúde.
Adicionando sal à ferida, a maioria dos medicamentos ‘top’ vendidos tratam condições que são melhor tratadas com as mudanças de estilo de vida, alimentação saudável e outras formas de cura natural! Não queiramos ser a próxima vítima da indústria farmacêutica.
Felizmente, este website é um porto cheio de recomendações livres e abrangentes (chock full of free comprehensive recommendations) que podem servir como um excelente ponto de partida para nos libertarmos deste falho paradigma fatal. As ferramentas que ele provê nos auxiliará a reduzirmos nossa dependência de um sistema de saúde quebrado, incluindo seu sobreuso de drogas, muitas vezes perigosas, provendo com instrumentos e recursos que nos permitem assumirmos o controle sobre nossa saúde.
Fontes e Referências
- BMJ 2013;347:f7507
- Forbes December 23, 2013
- NYTimes.com December 16, 2013
- The Refusers December 26, 2013
- 1 NYTimes.com December 16, 2013
- 2 NYTimes.com December 16, 2013
- 3 Forbes December 23, 2013
- 4 US District Court, US v. GlaxoSmithKline
- 5 NPR July 9, 2012
- 6 Associated Press February 20, 2010
- 7 Forbes December 23, 2013
- 8 BMJ 2013;347:f7507
- 9 PLoS Med. 2008 Jan 3;5(1):e1.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2014.