
https://www.earth.com/news/plastics-found-inside-vegetable-tissues-for-the-first-time/
20 set 2025
[Nota do Website: É óbvio o que essa pesquisa mostra. Os nanoplásticos sendo partículas extremamente pequenas torna-se evidente que não existem barreiras naturais que as impeçam de se imiscuir em todos os tecidos. Com essa constatação de que atravessam as barreiras fisiológicas das plantas que têm a função de proteger o conteúdo dos tecidos vegetais, coloca todas as vidas que se nutrem deles numa situação que parece ser trágica. Assim, de alimento as plantas passam a ser disseminadoras de contaminação das resinas plásticas. Jamais devemos esquecer que determinadas resinas já são por si só prejudiciais como o PVC, o estireno e o policarbonato. Agora não estamos somente sendo agredidos pela resina em si, mas por cada uma das moléculas que as compõem. O que está por vir é algo estarrecedor].
A poluição plástica não é um problema apenas para os oceanos e a vida selvagem. Ela também pode estar afetando os alimentos que consumimos. Um novo estudo destaca como os nanoplásticos podem penetrar nas plantações, levantando questões sobre a segurança alimentar e a saúde humana.
Pesquisadores mostraram agora que algumas das menores partículas de plástico podem passar para tecidos vegetais comestíveis.
Usando rabanetes como modelo, a equipe demonstrou que os nanoplásticos podem entrar nas raízes e viajar até as partes carnudas comestíveis.
Essas partículas de plástico medem apenas um milionésimo de centímetro, o que as torna quase invisíveis, mas não inofensivas.
Este trabalho revela um caminho potencial para humanos e animais consumirem nanoplásticos, além de frutos do mar e fontes de água.
As descobertas também chamam a atenção para uma preocupação emergente com a segurança alimentar que pode impactar a agricultura em todo o mundo. Se os nanoplásticos conseguem penetrar nos vegetais durante o crescimento, o problema se estende muito além dos ecossistemas marinhos.
Como o plástico entra nos vegetais
A equipe da Universidade de Plymouth projetou um experimento usando um sistema hidropônico.
Rabanetes foram expostos a uma solução de nanopartículas de poliestireno marcadas com carbono radiomarcado. Após cinco dias, os pesquisadores mediram quantas partículas foram absorvidas.
Os especialistas descobriram que quase 5% das partículas originais entraram na planta. Milhões de nanoplásticos se acumularam nas raízes, com cerca de um quarto migrando para os tecidos comestíveis.
Até mesmo as folhas apresentaram traços, contendo cerca de 10% das partículas absorvidas. Isso fornece evidências diretas de que os nanoplásticos não estão confinados às superfícies das raízes, mas se movem por todo o sistema vegetal.
O plástico atravessa as barreiras das plantas
“As plantas têm uma camada dentro de suas raízes chamada faixa de Caspary, que deve atuar como uma forma de filtro contra partículas, muitas das quais podem ser prejudiciais”, observou o Dr. Nathaniel Clark, principal autor do estudo.
“Esta é a primeira vez que um estudo demonstrou que partículas nanoplásticas podem ultrapassar essa barreira, com potencial para se acumularem nas plantas e serem transmitidas a qualquer coisa que as consuma.”
De acordo com o Dr. Clark, não há razão para acreditar que isso seja exclusivo desse vegetal, com a clara possibilidade de que os nanoplásticos estejam sendo absorvidos em vários tipos de produtos cultivados no mundo todo.
Poluição plástica além dos vegetais
Este experimento se baseia em trabalhos anteriores da mesma equipe. Eles descobriram anteriormente que nanopartículas de plástico podem se acumular rapidamente em peixes e crustáceos, reforçando as evidências de que tais partículas se movem pela cadeia alimentar.
Os novos resultados mostram que os vegetais também podem fazer parte desse ciclo, o que significa que a exposição pode vir tanto de frutos do mar quanto de dietas baseadas em vegetais.
A Universidade de Plymouth lidera pesquisas sobre microplásticos há mais de duas décadas. Seus estudos documentaram partículas plásticas em ambientes extremos, desde as profundezas do oceano até os picos das montanhas.
Os pesquisadores também rastrearam as principais fontes, como desgaste de pneus, fibras de roupa, tinta e resíduos degradados.
Suas descobertas influenciaram políticas internacionais sobre poluição plástica e geraram maior conscientização sobre os caminhos ocultos do plástico.
O que isso significa para a saúde
O autor sênior do estudo, Professor Richard Thompson, é chefe da Unidade Internacional de Pesquisa de Lixo Marinho da Universidade de Plymouth .
“Até certo ponto, essas descobertas não deveriam ser uma surpresa — afinal, em todos os nossos trabalhos anteriores, encontramos poluição por microplásticos em todos os lugares que procuramos”, disse o professor Thompson.
No entanto, este estudo fornece evidências claras de que partículas no ambiente podem se acumular não apenas em frutos do mar, mas também em vegetais. Este trabalho faz parte da nossa crescente compreensão sobre o acúmulo e os efeitos potencialmente nocivos das micro e nanopartículas na saúde humana.
A descoberta é importante porque a cadeia alimentar é interconectada. Quando as plantações absorvem nanoplásticos, essas partículas podem ser transmitidas aos animais que as consomem, chegando eventualmente aos humanos por meio de múltiplas vias alimentares.
Ao contrário dos plásticos maiores, os nanoplásticos são difíceis de detectar e quase impossíveis de remover uma vez dentro dos tecidos biológicos. Isso significa que a exposição pode ocorrer diariamente, em quantidades pequenas, mas contínuas.
Salvando vegetais de plásticos
O estudo deixa claro que a poluição plástica não se limita aos oceanos e rios. Ela pode se infiltrar nas plantas, entrar em nossa dieta e possivelmente afetar a saúde humana de maneiras que ainda não compreendemos completamente.
Com a produção de plástico ainda aumentando, as questões sobre seus efeitos de longo prazo na segurança alimentar estão se tornando cada vez mais urgentes.
Pesquisas futuras precisarão explorar se diferentes culturas absorvem nanoplásticos em níveis variados e o que isso significa para a nutrição e os riscos à saúde.
Entender esses caminhos é essencial se quisermos limitar a exposição e proteger os ecossistemas e as pessoas.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2025
 
                     
                            