
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens no mundo e uma das principais causas de mortes relacionadas ao câncer. (Crédito da foto: peakSTOCK)
https://usrtk.org/healthwire/prostate-cancer-linked-to-hormone-disrupting-chemicals/
14 out 2025
[Nota do Website: O cerco cada vez se fecha mais. Há quantos anos e quanto material já viemos publicando, talvez uns 20 anos?, sobre esse tema dos disruptores endócrinos. Como entendemos que essas opções tecnológicas são completamente aéticas e imorais, além e muitas desnecessárias, somos obrigados a reafirmar de novo que estamos vivendo um momento da história em que o crime corporativo se expande para todos nós, os omissos, os negligentes, os irresponsáveis e, em suma, uns suicidas. Os resultados estão aí, escrachados e inquestionáveis. Agora todos nós não podemos mais invocar o desconhecimento. Sendo assim, todos nós agora sabemos o que podemos fazer. Pura e simplesmente isso!].
Mesmo uma baixa exposição a substâncias químicas disruptoras do sistema endócrino pode promover o crescimento do câncer de próstata.
Produtos químicos encontrados em produtos do dia a dia — de plásticos e agrotóxicos a cosméticos e utensílios de cozinha antiaderentes — interferem nos sistemas hormonais do corpo de maneiras que podem aumentar o risco e a gravidade do câncer de próstata, de acordo com um novo relatório.
Dados de uma revisão de quase 500 estudos, publicada no mês passado [setembro de 2025] na Nature Reviews Urology, mostram que esses produtos químicos disruptores endócrinos (EDCs/endocrine-disrupting chemicals) podem atuar como potenciais carcinogênicos da próstata.
“Os EDCs afetam o desenvolvimento do câncer de próstata e a agressividade da doença por meio de uma série de mecanismos que interrompem o destino das células da próstata”, afirma a equipe de pesquisa.
Próstata especialmente vulnerável à perturbação hormonal
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens em todo o mundo e uma das principais causas de mortes relacionadas ao câncer. Cerca de um em cada oito homens nos EUA será diagnosticado ao longo da vida, mais frequentemente após os 65 anos. Embora a genética e a idade sejam fatores de risco importantes, pesquisas indicam cada vez mais que a exposição ambiental e ocupacional a disruptores endócrinos contribui significativamente.
Como a próstata depende de hormônios para se desenvolver e funcionar adequadamente, ela é particularmente vulnerável a substâncias químicas que desregulam os hormônios, como bisfenol A (BPA), ftalatos, parabenos e PFAS. Ao entrarem no corpo através de alimentos, ar ou contato com a pele, os EDCs podem imitar ou bloquear os hormônios naturais do corpo, interrompendo sua produção, degradação ou armazenamento no organismo — e aumentando o risco de doenças.
Eles têm sido associados a inúmeros problemas de saúde, incluindo problemas de desenvolvimento, declínio cognitivo e problemas reprodutivos. Os produtos químicos também podem aumentar os riscos ao longo da vida de doenças crônicas, como obesidade, asma, diabetes e câncer, bem como doenças cardíacas e mortes.
Estudos sobre câncer de próstata analisaram exposições a produtos químicos ambientais e relacionados ao trabalho, bem como riscos mais elevados de câncer de próstata relatados entre pessoas que vivem perto de plantas industriais ou fontes de água contaminadas. Por exemplo, em um estudo do início de 2013, moradores próximos a uma fábrica de Teflon na Virgínia Ocidental, onde o PFOA era usado, apresentaram taxas mais altas de câncer de próstata e outros tipos de câncer.

AQUI NESTE QUADRO ESTÃO IDENTIFICADOS VÁRIOS AGROTÓXICOS, ADITIVOS, METAIS PESADOS, PLASTIFICANTES, PFAS -ANTIADERENTES, MANCHAS, ÁGUA-, CONSERVANTES, FTALATOS E OUTROS – nota do website
A revisão mais recente destaca um crescente conjunto de pesquisas que corroboram a ligação entre EDCs específicos e o aumento do risco de câncer de próstata, embora ligações diretas não tenham sido claramente identificadas. A revisão cita uma ampla gama de estudos, como:
- Um estudo de 2024 na Espanha, utilizando dados de longo prazo, descobriu que homens com níveis mais altos de certos parabenos no sangue — usados como conservantes em alimentos industrializados, produtos farmacêuticos, cosméticos e produtos de higiene pessoal — apresentavam maior risco de câncer de próstata. Cientistas também descobriram que níveis mais altos de BPA no sangue estavam associados a um risco aumentado de câncer de próstata, com o risco aumentando à medida que esses níveis aumentavam.
- Outro estudo na Espanha mostrou uma associação positiva entre viver perto de locais industriais específicos — como fábricas de cerâmica, alimentos/bebidas e reciclagem de resíduos animais — e maiores taxas de câncer de próstata, entre outros tipos de câncer.
- Agricultores da Colúmbia Britânica/Canadá expostos por quase 40 anos ao herbicida simazina e o inseticida organoclorado lindane, um tratamento farmacêutico para sarna e piolhos, tiveram quase o dobro de probabilidade de desenvolver câncer de próstata. O risco foi 1,3 vez maior para aqueles expostos ao agrotóxico organofosforado malation.
- Moradores de Merrimack, New Hampshire/EUA, onde o PFAS contaminou a água potável local, foram considerados, em um estudo de 2022, como tendo um risco 36% maior de câncer de próstata em comparação com pessoas sem tal exposição.
Como os produtos químicos que desregulam os hormônios podem prejudicar a próstata
Os mecanismos por trás dos efeitos dos EDCs no risco de câncer de próstata são complexos, afirmam cientistas. Certos produtos químicos perturbam o delicado equilíbrio de hormônios como a testosterona e o estrogênio, que regulam o crescimento e a função da próstata. Eles também podem:
- Afetam a expressão genética por meio de mudanças na forma como os genes são ativados e desativados (epigenética), aumentando o risco de câncer de próstata mais tarde na vida — e potencialmente transmitindo esse risco para as gerações futuras.
- Interfere nas enzimas que mantêm as proporções hormonais adequadas, desencadeando um crescimento celular mais rápido e reduzindo a morte celular natural, o que previne a formação de tumores.
- Interrompem o sistema imunológico, com alguns disruptores endócrinos (EDCs) enfraquecendo-o, enquanto outros o superestimulam. Embora esses efeitos sejam opostos, ambos os tipos ainda podem contribuir para o desenvolvimento do câncer, reduzindo sua capacidade de detectar e destruir células cancerígenas, ao mesmo tempo em que alimentam a inflamação crônica.
Estudos mostram que a gordura corporal (tecido adiposo), que armazena muitas dessas substâncias químicas, também pode desempenhar um papel. Os EDCs presentes nas células de gordura podem entrar gradualmente na corrente sanguínea e prejudicarem outros órgãos, incluindo a próstata.
O tecido adiposo próximo à próstata, especificamente, tem sido associado a formas mais agressivas de câncer de próstata. Em pessoas com obesidade, o acúmulo dessas substâncias químicas nas reservas de gordura pode liberar grandes quantidades de substâncias nocivas, potencialmente alimentando o crescimento do câncer.
Cientistas pressionam por controles mais rigorosos e estudos de longo prazo
Os pesquisadores afirmam que há uma necessidade “crucial” de estudos maiores e de longo prazo para examinarem como, quando e por que a exposição a esses produtos químicos aumenta o risco de câncer de próstata, bem como os mecanismos biológicos específicos envolvidos. Estudos adicionais podem ajudar a embasar estratégias de saúde pública e medidas regulatórias destinadas a reduzir a exposição a produtos químicos nocivos produzidos pela indústria, afirmam (nt.: aqui está nossa permanente luta contra o agronegócio que somente sobrevive porque está visceralmente ligado ao uso de todas as formas de produtos agrícolas que são sintéticos e por isso, como são os agrotóxicos, disruptores endócrinos).
Mas os desafios permanecem: as pessoas raramente são expostas a uma única substância química e geralmente se deparam com misturas cujos efeitos combinados são difíceis de prever. Algumas substâncias podem causar danos em doses muito baixas (nt.: aqui levemente se afirma sobre a questão das doses serem ‘baixas’=imitando hormônios, as doses são infinitesimais), e seus efeitos podem levar décadas para se tornarem aparentes.
A prevenção exigirá ações em diversas frentes, afirmam os pesquisadores. Isso inclui uma regulamentação mais rigorosa dos produtos químicos usados em plásticos, cosméticos e agrotóxicos, bem como melhores condições de trabalho para indivíduos em indústrias de alto risco. Eles também pedem campanhas de educação pública para ajudar as pessoas a limitarem sua exposição na vida diária, como reduzir o consumo de ultraprocessados e evitar produtos que contenham disruptores endócrinos conhecidos (nt.: para se saber quais são, basta se ler os artigos de nosso website).
“[Limiares] de exposição relacionados ao potencial carcinogênico dos EDCs devem ser estabelecidos, a fim de limitar a exposição a compostos nocivos e conscientizar sobre seus efeitos potenciais”, afirmam.
Para reduzir sua exposição a produtos químicos que desregulam o sistema endócrino, use vidro, aço inoxidável ou cerâmica em vez de plástico para alimentos e bebidas e evite panelas antiaderentes. Opte por alimentos orgânicos sempre que possível e opte por produtos de higiene pessoal e limpeza atóxicos, sem perfume e naturais (nt.: destaque em negrito dado pela tradução).
Referência
Feijó M, Carvalho TM, Fonseca LR, et al. Endocrine-disrupting chemicals as prostate carcinogens. Nature Reviews Urology.2025;22(9):609-631. doi:10.1038/s41585-025-01031-9
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2025