O Reino Unido não tem dados obrigatórios de vendas, então não pode dizer quanto pesticida está sendo vendido para empresas agrícolas.
19 Jun 2024
[NOTA DO WEBSITE: Enquanto no Reino Unido a mídia convencional informa seus leitores sobre os efeitos objetivos dos venenos agrícolas, aqui no Brasil, o mundo dos agrotóxicos é louvado pelo agronegócio e protegido pelos congressistas atuais. Sem dúvida que estão todos, os partidários do agronegócio e da agricultura dominada pelas transnacionais, submissos aos interesses do capital da petroagroquímica que tem sido realmente a grande tragédia do último século no planeta. Com o discurso de acabar com a fome no mundo, lá no período do pós IIª Guerra Mundial, a Europa e os EUA, com seus vassalos, implantaram a ideologia da ‘modernização da agricultura’. E ela veio com o ‘pacote tecnológico’ que nada mais foi do que disseminar os agrotóxicos, os adubos solúveis, a maquinaria pesada e a monocultura. E as ex-colônias, com seus adeptos do supremacismo branco, começaram a professar, como crentes fundamentalistas, a doutrina da colonialidade e do capitalismo indigno e cruel. Acabou-se a ‘fome no mundo’? As populações estão mais saudáveis? E assim vai…].
Sabe-se que os agrotóxicos altamente perigosos que apresentam altos níveis de riscos agudos ou crônicos para a saúde ou o meio ambiente, têm seu uso permitido e crescido.
Grupos agrícolas frequentemente afirmam que o peso total de agrotóxicos aplicados em terras do Reino Unido caiu pela metade desde 1990. Isso é verdade, mas os tipos deles usados estão se tornando mais tóxicos, com o uso de produtos químicos mais nocivos aumentando, e a área de terra na qual eles são aplicados também aumentando.
Também não temos um panorama completo de quanto agrotóxico é usado no Reino Unido; diferentemente de países europeus, incluindo a Irlanda, o país não tem dados obrigatórios de vendas, então não é possível dizer quanto está sendo vendido para empresas agrícolas.
Desde que foram inventados na década de 1940, a toxicidade dos agrotóxicos disparou. Alguns argumentam que isso é bom, porque significa que menos precisa ser usado e pode atingir certas espécies em vez de ser aplicado de forma generalizada em uma área inteira cultivada. No entanto, também significa que produtos químicos altamente tóxicos estão sendo amplamente aplicados no Reino Unido e matando insetos e outras formas de vida. Também significa que humanos e animais selvagens não estão necessariamente menos expostos à toxicidade do que quando uma quantidade maior de pesticidas mais fracos estava sendo aplicada.
Embora os pesos gerais dos agrotóxicos tenham diminuído, houve aumentos no uso de altamente perigosos. HHPs/highly hazardous pesticides (nt.: são produtos químicos reconhecidos por serem altamente perigosos) apresentar níveis particularmente altos de riscos agudos ou crônicos à saúde ou ao meio ambiente, de acordo com sistemas de classificação aceitos internacionalmente, como a Organização Mundial da Saúde.
Eles incluem:
Glifosato
Cento e quinze produtos contendo glifosato são aprovados para uso profissional. Este poderoso produto herbicida é altamente tóxico para abelhas e organismos aquáticos, além de ser um provável carcinógeno humano. O uso entre 2016 e 2020 aumentou, em termos de peso usado, terra tratada e taxa de aplicação por hectare. O peso do glifosato aplicado em terras do Reino Unido aumentou em 16% nesses quatro anos, e a porcentagem na área pulverizada aumentou em 9%. Ele é usado em praticamente tudo, desde culturas aráveis até pastagens e uso de amenidades (nt: exatamente como no Brasil onde é permitido e irresponsavelmente utilizado no meio rural e urbano como ‘água com açúcar). Há uma preocupação de que um aumento na agricultura “sem lavoura” significa que o glifosato está sendo pulverizado para matar ervas daninhas em vez de os agricultores trabalharem o solo, o que libera carbono (nt.: dois aspectos a considerar pelo leitor – a necessidade de ver o documentário alemão “Glifosato: povos e campos envenenados“; e que a IARC/OMS/ONU, conforme o documentário considera este herbicida como ‘possivelmente cancerígeno’. Não pode dizer ‘comprovadamente cancerígeno’ porque assim se estaria confirmando que houve pesquisas sobre humanos. Um resguardo ético. Só por isso).
Ciantraniliprol
Três produtos que contêm esse inseticida tóxico são aprovados para uso profissional. Ele é altamente tóxico para abelhas e é usado em vegetais, incluindo brócolis, couve de Bruxelas, repolho e cenoura. É usado para combater uma grande variedade de pragas, incluindo pulgões, mosca-branca e tripes. A porcentagem de mudança de peso deste agrotóxico aumentou em impressionantes 241% entre 2016 e 2020. A porcentagem de mudança de área tratada com esse produto químico aumentou em 345% neste período (nt.: produto autorizado no Brasil, também para hortaliças).
2,4-D
Este é um herbicida hormonal amplamente utilizado no mundo devido à sua eficácia no controle de plantas de folhas largas e lenhosas. As ervas daninhas de folhas largas incluem erva-pinheira, trevo, dente-de-leão, gerânio selvagem, hera, serralha, banana-da-terra e cardo. Setenta e cinco produtos que contêm este herbicida são aprovados para uso profissional. É tóxico para minhocas, espécies aquáticas e abelhas, é possivelmente cancerígeno para humanos (nt.: o mesmo caso do glifosato quanto a ser ‘possivelmente’ e ‘comprovadamente’ cancerígeno. Ele também foi um dos componentes do Agente Laranja, arma química usada no Vietnam) e um suspeito disruptor endócrino (nt.: ver tudo o que se relaciona a ser um disruptor endócrino no link). O herbicida é usado em uma ampla variedade de culturas aráveis e o peso usado deste herbicida aumentou 117% entre 2016 e 2020. A porcentagem de mudança de área nesse período aumentou em 67% (nt.: como os anteriores, também autorizado no Brasil).
Imazalil
Este fungicida foi considerado cancerígeno, e cinco produtos que o contêm são aprovados para uso profissional. Ele é usado em cevada, trigo e batatas para proteger suas sementes, e batatas armazenadas de infecções fúngicas. Há muito tempo há discussões na UE sobre sua proibição devido ao seu impacto na saúde humana. O peso do fungicida aplicado às plantações no Reino Unido aumentou em 53%, e a mudança percentual na área aumentou em 63% entre 2016 e 2020 (nt.: fungicida de amplo espectro, também autorizado no Brasil).
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2024.