Ailton Krenak e David Kopenawa, dois grandes pensadores originários do Brasil.
05-10-2023
[NOTA DO WEBSITE: Que maravilha! A sociedade brasileira terá ainda a possibilidade de renunciar à prática da colonialidade, fundada na ideologia do supremacismo branco eurocêntrico, quando tiver não só reconhecida, mas integrada a seus sentimentos, a compreensão da visão de mundo de todos sermos Seres Coletivos. Viva o imortal Krenak! Viva os nossos Povos Originários!].
Após 126 anos de história, a Academia Brasileira de Letras (ABL) tem seu primeiro integrante indígena. O ambientalista e filósofo Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira (5) para ocupar a cadeira 5, que estava vaga desde a morte do historiador José Murilo de Carvalho, no último mês de agosto.
Emocionado, Krenak falou ao Brasil de Fato logo após a confirmação de sua eleição, e disse que está acontecendo “uma espécie de transição” no mundo da literatura e das outras artes. O mais novo imortal da ABL afirmou que elas estão “carregadas de terra”.
“As pessoas querem ler uma literatura que traga alguma ciência. Literatura e consciência. Eu fico muito honrado de ter pessoas como o Paulo Coelho, que foi o primeiro a declarar voto, antes de todo mundo”, afirmou.
“O próprio José Murilo, que ocupou a cadeira número 5 até que ela se tornou objeto dessa eleição agora, escreveu sobre nossa história, história política do Brasil, de uma maneira tão inovadora que acho que a Academia está acostumada com a inovação”, complementou.
Krenak concorreu com outros 14 candidatos e era um dos favoritos, junto da historiadora Mary Del Priore e do também líder indígena Daniel Munduruku. O vencedor somou 23 votos, contra 12 de Del Priori e quatro de Munduruku.
O novo acadêmico, que acaba de completar 70 anos, ganhou reconhecimento nos últimos anos, quando se tornou, por exemplo, o primeiro indígena a receber o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília (UnB). Porém, ele já tem papel relevante no cenário político e intelectual do país há décadas, tendo sido representante da União das Nações Indígenas na Constituinte que formulou a Constituição de 1988.