Um livro para a construção da Pedagogia Agroecológica

Solução evidente para toda a população de todos os espaços, destancando as hortas urbanas com seus habitantes sendo os agentes de sua prática de Agricultura Ecológica ou

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Gabriela Leite

11/04/2022

O novo “Dicionário da Agroecologia e Educação”, organizado pela Fiocruz e MST, busca difundir conceitos-chave para a transformação do campo, da alimentação e da realidade dos brasileiros. E para fazer frente às monoculturas de terras e mentes.

“O que atualmente chamamos de agroecologia tem sua origem nas práxis camponesas e dos povos originários ao longo de aproximadamente 12 mil anos de criação e recriação das ‘agri-culturas’, as quais se encontraram, dialeticamente, com a ciência moderna desenvolvida a partir do século XVII, em um processo de tensões, saltos e regressões.” Assim começa a definição do termo Agroecologia no novo Dicionário da Agroecologia e Educação, que será lançado amanhã (12/4). 

O Dicionário foi escrito a muitas mãos, em uma parceria entre a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz e lideranças do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), com edição da Expressão Popular. Em sua concepção, reuniu saberes de movimentos sociais do campo, da floresta, das águas, das periferias e comunidades urbanas. 

A agroecologia é capaz de unir ciência e saberes ancestrais para contribuir para a construção de novas relações com o campo e com a natureza. “A soberania alimentar, a agroecologia e o cuidado dos bens comuns, como a terra, a água e a biodiversidade, são bases de uma sociedade onde as pessoas e a natureza estão no centro, não o lucro”, enaltece Luiz Henrique Gomes de Moura, um dos militantes do MST que ajudou a organizar o Dicionário.

Um dos objetivos principais do livro é popularizar conceitos que ajudam a pensar um novo projeto de campo – e de país. Ao pensar o projeto do livro, a perspectiva central era, segundo Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, “construir conjuntamente uma Pedagogia da Agroecologia”. Alexandre Pessoa, professor-pesquisador da EPSJV também responsável pela organização da obra, completa o pensamento freireano: “Frente ao atraso das monoculturas das terras e das mentes, o dicionário é uma expressão de resistência e compromisso com o esperançar”.

Ao todo, são 106 verbetes elaborados por 169 autores, de 68 instituições. “Alimento”, “Água” e “Fome”; “Campesinato” e “Capitalismo Verde”; “Permacultura” e “Sementes”, “Reforma Agrária Popular” e “Agronegócio” são alguns deles. A organização geral do livro é assinada, além de Moura e Pessoa, por Anakeila Stauffer, professora-pesquisadora da Escola Politécnica, e Maria Cristina Vargas, do MST. Seu lançamento acontece nesta terça-feira, dia 12/4, às 9h, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz, com transmissão pelo Youtube.