David McGregor.
Dez itens comuns que surpreendentemente contêm plástico
No mundo moderno, o plástico está em toda parte. Durável, leve e barato de fabricar, o plástico se tornou o material de uso único para itens descartáveis. E enquanto alguns produtos são inconfundivelmente feitos de plástico, em outros o plástico é mais difícil de detectar. Neste artigo, compilamos uma lista de alguns produtos comuns que você pode surpreender por conterem plástico.
[Nota do website: começamos esta demonstração por essas imagens de satélite, abaixo, com diferença entre elas de 60 anos, de uma região da Espanha. Ou seja, uma de 1974 e outra de 2004. Incrível o mar de plástico que se emprega para produzir ‘comida’ na Europa. E nós? No Brasil, com o clima que temos em todo o território, plantamos ‘mercadorias/commodities’ em lugar de comida. E para que? E para quem? Para os animais europeus, japoneses e chineses, e mesmo brasileiros para exportação, dentre outros. E a população? Come os industrializados feitos pelas empresas desses mesmos países que nos exportam o produto acabado ou a ‘tecnologia’ artificial de produzi-los. É só ir nos ‘atacadões’ e ver-se que tudo é artificializado e embalado.]
1. Xícaras de café
Nas últimas décadas, houve uma explosão na popularidade das cafeterias. No ano de 2000, no Reino Unido, havia apenas 5.000 cafeterias no país, enquanto em 2018 esse número agora é de mais de 20.000.
Um relatório de 2011 descobriu que 2,5 bilhões de xícaras de café descartáveis são usadas todos os anos no Reino Unido, o que equivale a 30.000 toneladas de resíduos de xícaras de café a cada ano.
Beber café em trânsito tornou-se parte da cultura do mundo ocidental.
Para ajudar a prevenir vazamentos e garantir que o líquido não penetre no papel, os copos descartáveis de café geralmente são forrados com polietileno (plástico). Isso torna o copo mais forte, mas também significa que os copos só podem ser reciclados em um centro de reciclagem especializado e não são adequados para reciclagem no meio-fio. Menos de 0,25% dos copos de café descartáveis no Reino Unido são reciclados. Mais de 500.000 deles acabam como lixo todos os dias.
As instalações de reciclagem geralmente não aceitam copos de café para reciclagem, porque o plástico foi contaminado.
2. Roupas
No Reino Unido, estima-se que dois terços das roupas sejam feitas de material plástico, como poliéster, náilon e acrílico.
Cada vez que essas roupas sintéticas são colocadas na máquina de lavar, elas desprendem pequenas fibras de plástico, que passam pelo tratamento de águas residuais e pelos rios e estuários e muitas vezes acabam no oceano (nt.: nos peixes e no nosso prato).
De acordo com um relatório de um grupo de cientistas canadenses, as fibras plásticas das roupas foram responsáveis por 74% das partículas microplásticas encontradas nas áreas costeiras canadenses.
Microplásticos, como os que são retirados das roupas, estão sendo ingeridos por peixes e outras formas de vida marinha em nossos mares. Os microplásticos, então, se transferem para outros animais quando são comidos, passando pela cadeia alimentar e podem acabar sendo comidos por humanos. Poderíamos estar literalmente comendo as roupas que vestimos.
Em 2018, uma equipe de cientistas britânicos testou mexilhões em vários locais da Grã-Bretanha. Cada mexilhão testado continha microplásticos. Eles estimaram que para cada 100g de mexilhão ingerido pelo consumidor, seriam ingeridas 70 partículas microplásticas.
3. Sacos de chá
A maioria das principais marcas de saquinhos de chá são apenas cerca de 70% biodegradáveis. Os 30% restantes ficam por conta da rede plástica que ajuda a segurar o chá na sacola, feita de polipropileno resistente ao calor.
PG Tips, um grande fabricante de saquinhos de chá no Reino Unido, respondeu às descobertas dizendo: “Como a maioria dos saquinhos de chá no Reino Unido, nossos saquinhos de chá são feitos com cerca de 80% de fibra de papel, que é totalmente compostável junto com as folhas de chá contidas no saco. A embalagem restante inclui uma pequena quantidade de plástico que não é totalmente biodegradável.”
No Reino Unido, 165 milhões de xícaras de chá são bebidas todos os dias.
Harriet Kopinska, coordenadora do projeto de compostagem doméstica da Garden Organic, disse: “ Ainda diríamos às pessoas para colocarem saquinhos de chá em seu composto, já que a compostagem é a melhor opção ambiental. Mas, sempre que possível, rasgue os sacos primeiro. Melhor ainda, use chá a granel.”
4. Chiclete
A goma de mascar não é uma invenção nova. Na verdade, uma goma de mascar de 6.000 anos, completa com marcas de dentes, foi descoberta na Finlândia. Culturas em todo o mundo gostam de mascar substâncias parecidas com chicletes e os humanos modernos não são diferentes.
Só que, em vez de mastigar substâncias derivadas de plantas, gramíneas ou resinas, a maioria dos chicletes modernos agora contém plástico.
A goma de mascar moderna não é digerível e insolúvel em água, o que significa que não importa quanto tempo você continue mastigando, ela nunca se degradará. Isso se deve à ‘base de goma’, que geralmente é um tipo de borracha sintética, também usada para fazer pneus de automóveis.
Mais especificamente, o ingrediente chave na goma de mascar é o acetato de polivinila, que também é usado na produção de cola. Atua como base para alguns dos tipos mais populares de goma de mascar no Reino Unido.
Devido à incrível durabilidade do plástico, isso significa que é muito difícil se livrar da goma de mascar. Como o plástico não é biodegradável, a goma de mascar com resíduos permanecerá no local em que foi descartada até que seja limpa. Estimativa da Keep Britain Tidy de que 95% das ruas do Reino Unido estão manchadas com chicletes descartados.
5. Embalagem de alumínio
Os pacotes de ‘folha’, como os usados para pacotes de batatas fritas, não são feitos de folha de metal, mas de filme plástico metalizado. Isso os torna inadequados para a reciclagem normal já que a folha fina pode entupir e enredar-se no maquinário de reciclagem.
Walkers, o maior fabricante de batatas fritas no Reino Unido, produz 7.000 pacotes de batatas fritas não recicláveis a cada minuto. O único lugar onde esses pacotes acabam é em um aterro sanitário.
Em resposta a esse nível de lixo plástico, ativistas na Grã-Bretanha colocaram pacotes de batata frita em caixas de correio, fazendo com o correio britânico fosse obrigado a entregá-los à fábrica Walkers. No entanto, um porta-voz do correio exortou de que o público não fizesse isso, afirmando: “Os pacotes Crisp não podem passar pelas máquinas, não são itens de correio normais, portanto, meus colegas trabalhadores precisam classificá-los manualmente. ”
Em dezembro de 2018, a Walkers anunciou o lançamento de um programa de reciclagem em todo o país, afirmando ser o primeiro na Grã-Bretanha. Os pacotes Crisp podem ser enviados gratuitamente para serem reciclados ou depositados em um ponto de coleta local.
Este é um passo na direção certa, mas o fato é que milhões de pacotes de batata frita estão sendo fabricados todos os anos, sem a infraestrutura para reciclá-los.
6. Sal marinho
Este é o único em nossa lista porque, ao contrário dos outros, o plástico não é adicionado intencionalmente ao sal marinho. Em vez disso, o sal marinho foi contaminado com microplásticos.
Pesquisadores na Coreia do Sul descobriram que até 90% das marcas de sal de cozinha amostradas em todo o mundo continham microplásticos.
Foram coletadas amostras de 39 marcas de sal de cozinha de países da Europa, América do Norte, América do Sul, África e Ásia. Das 39 marcas testadas, 36 continham microplásticos. Marcas da Ásia eram particularmente ricas em microplásticos, provavelmente porque a poluição do plástico é particularmente generalizada na Ásia.
O mesmo estudo estima que um adulto consome em média cerca de 2.000 partículas microplásticas todos os anos ao comer sal.
E não para apenas com o sal: muitos outros alimentos e até a água que sai das nossas torneiras contêm microplásticos.
Ainda não está claro se a ingestão de microplásticos é prejudicial à saúde humana – os cientistas ainda estão estudando isso. O que é certo, porém, é que o plástico está encontrando seu caminho dentro de nós a partir dos alimentos e bebidas que consumimos.
7. Embalagens de papel ou papelão para alimentos e bebidas
Se você mergulhar um pedaço de papel ou papelão na água, ele ficará completamente saturado e não será adequado para o fim a que se destina. Você já se perguntou, então, por que recipientes de comida e bebida de ‘papel’ ou ‘papelão’ não se comportam da mesma maneira? A resposta é que uma fina camada de plástico é usada para revestir o papel ou papelão.
O plástico é adicionado para aumentar a resistência à água, resistência ao rasgo, à gordura e resistência à abrasão.
Algumas das aplicações mais comuns desse processo são:
- Caixas de leite e suco
- Copos de papel
- Pratos de papel
- Sacolas de papel
- Recipientes de alimentos congelados
8. Glitter
A maior parte do glitter é feita de alumínio gravado ligado a tereftalato de polietileno (PET). Como os pedaços de glitter têm menos de 5 mm, eles são classificados como uma forma de microplástico.
Trisia Farrelly, uma antropóloga ambiental da Universidade Massey, na Nova Zelândia, pediu a proibição total da venda de purpurina. Ela disse: “Todo glitter deve ser banido porque é microplástico e todos os microplásticos vazam para o meio ambiente”.
Como o glitter é tão pequeno, quando é levado por um ralo, pode ultrapassar os filtros dos esgotos e ir direto para o mar.
Microplásticos, como purpurina, foram ingeridos por uma ampla gama de vida marinha, incluindo plâncton, peixes, crustáceos e aves marinhas.
Os microplásticos podem encher o estômago de um animal, dando-lhe a sensação errônea de estar saciado. Mas está cheio de plástico e não recebe os nutrientes de que necessita. Muitas vezes, isso pode levar a uma morte prematura.
A boa notícia é que existem alternativas ecológicas ao brilho. A marca britânica Lush começou a usar ‘mica’, um material feito pelo homem projetado para imitar o efeito cintilante do glitter. A mica é feita de minerais naturais, que, segundo a Lush, não terão o mesmo impacto ambiental adverso que a purpurina à base de plástico.
9. Bitucas de cigarro
É um equívoco comum pensar que as pontas de cigarro são feitas exclusivamente de algodão. Na verdade, eles contêm acetato de celulose, o mesmo tipo de plástico usado para fazer óculos de sol, tecidos, filmes fotográficos e muito mais.
As pontas de cigarro são o tipo de lixo mais comum no mundo. Uma pesquisa realizada pela Keep America Beautiful descobriu que 77% dos americanos não pensam nas pontas de cigarro como lixo.
Estima-se que 4,5 trilhões de pontas de cigarro são espalhadas no mundo todo a cada ano. Juntos, eles pesariam até 150.000 elefantes.
Devido à frequência com que são jogados na rua e ao seu tamanho relativamente pequeno, as pontas de cigarro são frequentemente jogadas nos esgotos e podem chegar ao mar.
As pontas de cigarro foram introduzidas na década de 1950 em uma tentativa de abordar a crescente preocupação de que fumar faz mal à saúde humana. No entanto, estudos científicos repetidos concluíram que os cigarros com filtro não são menos perigosos do que os cigarros sem filtro.
10. Toalhetes/lenços umedecidos descartáveis
Os lenços umedecidos são usados em todo o mundo para uma ampla gama de finalidades, como limpar derramamentos, trocar fraldas e remover manchas. Mas você sabia que a maioria dos lenços descartáveis contém plástico?
Os lenços umedecidos são geralmente feitos entrelaçando algodão e poliéster. Adicionar poliéster (plástico) torna os lenços mais fortes, mas significa que os lenços não são totalmente biodegradáveis.
Lenços umedecidos são uma preocupação particular devido ao grande número deles que são jogados no vaso sanitário. Muitas pessoas pensam que dar descarga em lenços umedecidos não é diferente de dar descarga no papel higiênico, mas a verdade é que os lenços nunca devem ser jogados no vaso sanitário.
Isso não apenas resulta em toneladas de lixo plástico extra entrando no oceano, mas lenços umedecidos também são o principal motivo para o bloqueio de drenos e esgotos. Na verdade, a Water UK estima que lenços umedecidos constituem 93% do material que forma os bloqueios de esgoto.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2021.
