A história dos plásticos – trailer de documentário

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https://www.newsweek.com/covid-19-single-use-plastics-no-excuse-1499566

Não, a pandemia não é uma desculpa para voltar aos plásticos dos descartáveis – Opinião

Em razão do coronavírus, ………. . Algumas corporações estão usando esta situação para, cinicamente, explorá-lo e proporem reversões e voltarem a poluir enorme e livremente.

A indústria de plásticos é um bom exemplo. Está interligada às corporações da indústria de combustíveis fósseis, uma vez que os subprodutos petroquímicos na produção destes combustíveis tornam-se, muitas vezes, as matérias-primas para os plásticos. Conforme a demanda por gás originário do processo do ‘fracking‘ diminui, as indústrias trabalham para canalizar uma superprodução de mais plástico e estão jogando com a perspectiva de alimentar uma possível demanda de descartáveis pelos temores da pandemia.

The Story of Plastic“, um novo filme poderoso que foi ao ar no Dia da Terra deste ano (nt.: dia 22 de abril), onde expõe esta realidade em detalhes requintados. Mesmo que tenhamos visto as fotos de “ilhas” de plástico com o dobro do tamanho do Texas, espiralando em giros oceânicos, a maioria de nós não está preparada para compreender as verdadeiras dimensões da crise do plástico que o filme documenta e que as táticas da indústria irão piorar. Nove milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos anualmente. Em muitos lugares do mundo, os pescadores carregam em suas redes quase tanto plástico quanto peixes, e a poluição do plástico se espalha por grande parte do mundo em desenvolvimento.

No entanto, a indústria está fazendo mais plástico descartável do que nunca e trabalhando para aumentar drasticamente a produção, o que aumentará as emissões de gases de efeito estufa e os danos ao clima. Ela comercializa sachês de plástico baratos para pessoas de baixa renda no mundo em desenvolvimento, que agora inundam o fluxo de resíduos. Para desviar a atenção do problema real da superprodução de plástico, a indústria conscientemente promove falsas soluções de reciclagem que colocam o ônus sobre os consumidores e não sobre as empresas que produzem a avalanche de plástico. Nos Estados Unidos, menos de 10% dos plásticos são reciclados. Campanhas multimilionárias de RP continuam nos dizendo que tudo o que precisamos fazer é reciclar. Mas não podemos reciclar nossa saída deste problema.

A pandemia adiciona outra camada de complexidade a este problema. Obviamente, precisamos nos manter focados na saúde pública. Mas, enquanto isso, não podemos permitir que a pandemia se torne uma desculpa para políticas ambientais ruins ou para a prevaricação da indústria. Enquanto os americanos estavam aceitando a seriedade do COVID-19, a indústria de plásticos estava ocupada girando a crise a seu favor.

Em 18 de março, Tony Radoszewski, CEO da Plastics Industry Association, escreveu uma carta para o secretário de Saúde e Serviços Humanos (nt.: em inglês – HHS/Humain Health Service), Alex Azar, comparando a luta contra a pandemia e o fim das proibições do plástico descartável. “Tenho orgulho de dizer que a indústria de plásticos está trabalhando sem parar para produzir produtos e insumos que ajudem nesse esforço”, disse entusiasmado. Ele continuou afirmando que o “impulso para eliminar o plástico descartável” foi equivocado e que “estudo após estudo e mais estudo mostrou que sacolas reutilizáveis ​​podem transportar vírus e bactérias, espalhá-los por todo o supermercado e viverem em superfícies por até três dias”. As proibições de sacolas plásticas estão “amarrando as mãos de compradores e varejistas”, sendo os “plásticos descartáveis ​​a escolha mais segura” para combater o COVID-19. Ele pediu ao HHS que “falar contra a proibição desses produtos como um risco para a segurança pública e auxiliar para impedir a corrida no sentido de se proibir esses produtos solicitado por ambientalistas e autoridades eleitas, o que coloca consumidores e trabalhadores em risco.”

Esta é uma versão enganosa e egoísta. Na verdade, é altamente questionável se o plástico descartável é mais seguro do que itens reutilizáveis. O New England Journal of Medicine descobriu que o COVID-19 era estável em superfícies de plástico por até três dias. Teoricamente, se ninguém mais tocasse ou tossisse no saco plástico, no recipiente ou no garfo que é oferecido a você em uma loja ou restaurante, ele poderia estar livre de vírus. Mas esse é um grande “se”. Há impactos ambientais em se descartar todo esse plástico logo após o uso e, como o vírus dura mais no plástico do que no papelão ou em outros materiais, também apresenta riscos para os trabalhadores que entrarem em contato com ele após o descarte.

Onde está a vantagem de saúde pública nisso? Há uma alternativa perfeitamente razoável: lave suas sacolas reutilizáveis ​​(o que mata COVID-19), traga-as para a loja e embale-as você mesmo. Isso elimina qualquer risco de a sacola abrigar o vírus (que não é zero com sacolas plásticas descartáveis), e qualquer risco para quem lida com o plástico descartado. Também evita ainda que mais plástico entre no fluxo de resíduos e polua o meio ambiente em nome da saúde pública.

Mas a indústria de plásticos não quer que essa ideia ganhe força. Quando o estudo do New England Journal apareceu, ele lançou uma campanha de mídia combinada para mudar a narrativa, divulgando “pesquisas” anteriores que pretendiam provar que os plásticos eram mais seguros do que materiais reutilizáveis ​​e argumentar que precisávamos de mais plásticos descartáveis ​​para combater a pandemia. Baseava-se principalmente em um estudo de 10 anos que nada tinha a ver com COVID-19 e que foi financiado pela indústria química.

Essas táticas não deveriam funcionar, mas funcionam. A Starbucks e a Dunkin Donuts pararam de oferecer copos reutilizáveis ​​e os restaurantes estão usando mais sacolas plásticas descartáveis, recipientes, copos e talheres. A Associação de Alimentos de Massachusetts, pediu a suspensão da proibição das sacolas plásticas do estado e disse ao setor que “sacolas plásticas descartáveis ​​fornecem o método melhor e mais higiênico de transportar alimentos e outros itens perecíveis”.

Portanto, neste histórico Dia da Terra, procurou-se deixar uma coisa bem clara: a pandemia pode ter tirado temporariamente o movimento ambientalista das ruas e levado para a Internet, mas isso não significa que as indústrias poluidoras vão se safar de girá-lo para seus próprios objetivos egoístas às expensas do meio ambiente e da saúde pública. Posicionar-se do lado errado da crise COVID-19, bem como da crise climática e ambiental, não é um marketing inteligente; é um convite para uma reação adversa.

Judith Enck é a presidente da Beyond Plastics, professora visitante do Bennington College e ex-administradora regional da Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, novembro de 2020.