Capitalismo de vigilância

Professora Emérita Shoshona Zuboff.

A indústria digital prospera graças a um princípio quase infantil: extrair dados pessoais e vender aos anunciantes previsões sobre o comportamento dos usuários. No entanto, para que os lucros cresçam, os prognósticos devem ser cada vez mais certos. Para tanto, não é necessário apenas prever: trata-se de modificar em grande escala os comportamentos humanos.” Le Monde Diplomatique, apresentação do artigo da entrevistada, professora Shoshana Zuboff, neste documentário. Praticamente o leitmotiv do momentum psicológico da atualidade, plasmado no capitalismo de vigilância.

Quem é Shoshana Zuboff? Professora emérita da Harvard Business School. Autora de The Age of Surveillance Capitalism: The Fight for a Human Future at the New Frontier of Power [A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder], Public Affairs, 2019.

Esta expressão ‘capitalismo de vigilância’ é usado e popularizado por ela, significando um novo gênero de capitalismo que monetiza dados adquiridos por vigilância, por controle digital, via modernos equipamentos pessoais de comunicação que estão completamente dominados pelas grandes corporações norte americanas do Vale do Silício na Califórnia. Segundo ela, essa ideia foi descoberta e consolidada pelo Google, sendo que ela e o seu respectivo capitalismo de vigilância poderiam ser comparados ao impacto da chegada das grandes corporações do mundo automotivo, Ford e General Motors, bem como a chamada produção em massa e o capitalismo gerencial.

(Para se acessar a legenda em português -de Portugal, por isso algumas expressões inusuais no Brasil-, basta tornar as legendas visíveis, clicando no quadrado na barra inferior. Caso ainda estejam em inglês ou noutra língua, ir à engrenagens e procurar tradução e escolher: português).

Neste documentário, a professora Zuboff nos dá uma ideia bem clara, nesta entrevista, o que é e como se dá este moderno meio de controlar e decodificar os comportamentos dos consumidores através dos equipamentos de comunicação de massa dos últimos tempos. E isso é feito de tal forma, com seus algoritmos, que nenhum de nós nos apercebemos de como este processo passa a determinar nossos comportamentos de consumidores em nosso dia a dia. Parece que o tema central do livro de George Orwell, 1984, se consolida, sem a explicitude dos equipamentos no dia a dia dos personagens na descrição no livro. Hoje os personagens somos nós, mostrando que o Big Brother já convive conosco, controlando-nos e nos direcionando, diuturnamente.

Neste documentário, Zuboff levanta a cortina do Google e do Facebook e revela uma forma impiedosa um modo capitalista de ser das corporações, no qual não é o recurso natural que é explora e espoliado, mas o próprio cidadão é que serve como matéria-prima.

E surge então a grande inquietação, ainda inconsciente na maioria da sociedade planetária: como os cidadãos podem recuperar o controle de seus dados?

Mas como isso chega, de mansinho, na vida de cada um de nós?

Estamos em 2000, e a crise do dot.com causou feridas profundas. Como a startup do Google sobreviverá ao estouro da bolha da Internet? Os fundadores Larry Page e Sergey Brin não sabem mais como mudar a maré. Por acaso, o Google descobre que os “dados residuais” que as pessoas deixam para trás em suas pesquisas na Internet são muito preciosos e negociáveis.

Esses dados residuais podem ser usados ​​para prever o comportamento do usuário da Internet. Os anúncios na Internet podem, portanto, ser usados ​​de maneira muito direcionada e eficaz. Nasce um modelo de negócios completamente novo: “capitalismo de vigilância”.

Título original: De grote dataroof

Diretor: Roland Duong

Pesquisa: Tom Reijner, Halil Ibrahim Özpamuk

Câmera: Adri Schrover

Som: Jochem Salemink

Edição: Roland Duong, Paul Delput, Rinze Schuurman

Produção: Marie Schutgens

Assistente de produção: Britt Bennink

Edição de Imagem: Rob Dorrestijn, Paula Witkamp

Coordenador on-line: Arja van den Bergh

Editores de comissionamento: Bregtje van der Haak, Doke Romeijn

vpro documentary (177 mil inscritos).

Documentário emitido pela Emissora holandesa VPRO https://www.VPRObroadcast.com, que oferece em suas transmissões, de não-ficção com legendas em inglês, francês e espanhol, bem como entrevistas curtas e séries de documentários.