Ambientalistas brasileiros pedem proteção do Pantanal.

Jacarés descansam em bancos de areia, enquanto uma iguana se lança no mangue: no Pantanal, a natureza é generosa, mas o santuário de biodiversidade localizado no coração da América do Sul está ameaçado pela agricultura intensiva e pelo desmatamento. Ambientalistas do World Wildlife Fund (WWF) soaram o alarme por ocasião do Dia Mundial das Zonas Úmidas, celebrado todos os dias 2 de fevereiro desde 1997, para resgatar este santuário do Mato Grosso.

 

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03/02/2012

 

Os cientistas da ONG se apoiam em um estudo inédito publicado após três anos de pesquisas, realizado por cerca de 30 especialistas de quatro países (Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina), que compartilham a bacia do rio Paraguai, que nasce no Mato Grosso e percorre 2.600 km antes de desaguar no Rio Paraná, na Argentina.

Segundo o WWF, esta região que se estende por 1,2 milhão de km² corre um grave risco ecológico.

O biólogo Glauco Kimura, coordenador do programa “Water for Life” (“Água para a vida”) do WWF, é categórico: “o Pantanal está ameaçado. Isto pode parecer surpreendente, mas é a triste realidade. Nosso estudo demonstra que 14% da bacia do rio Paraguai deve ser protegida de maneira urgente”.

Antes de percorrer de barco as curvas do rio Cuiabá, sobrevoado por algumas aves de rapina e por uma série de papagaios coloridos, Kimura e sua equipe se detêm na floresta da Chapada dos Guimarães.

A vista é excepcional. Mostra, de longe, o exuberante Pantanal, verdadeiro santuário ecológico. Mas é do alto, no Planalto (conhecido também como “Cerrado”), que vem o perigo.

“Comparo esta região a um prato”, explica o ecologista. “O Planalto nas bordas e o Pantanal no fundo do prato. E o segundo sofre com os excessos do primeiro”.

O desmatamento, a agricultura excessiva, o desenvolvimento urbano ou a multiplicação de represas hidroelétricas são alguns dos riscos para as águas que alimentam o Pantanal.

Percorrendo o Cerrado, são descobertos milhares de hectares de explorações agrícolas, sobretudo de . Em meio dos campos que se perdem de vista, um trator lança um líquido amarelo com um forte odor químico. São herbicidas.

Cerca de 15% da cobertura vegetal do Pantanal já foi destruída pelos cultivos de soja e pelos pastos para o gado, estima o WWF.

Isto alarma o canadense Pierre Girard, especialista em hidrologia do Centro de Pesquisas do Pantanal (independente), outro dos autores do estudo.

“A soja é cultivada onde nascem os rios que alimentam e formam posteriormente o Pantanal. Há riscos de erosão, mas também de contaminação do Pantanal”, assegura.

Realizado igualmente em colaboração com a ONG The Nature Conservancy, o estudo do WWF insiste na necessidade para os países e as regiões envolvidas de unir seus esforços.

“Não há mais lugar para os cultivos abundantes como se existisse um estoque infinito de floresta nativa a destruir e de água doce a contaminar”, afirma Kimura.

Para o biólogo, a proteção da bacia do rio Paraguai – onde apenas 11% do território é atualmente uma zona protegida – é vital para conservar a extraordinária riqueza da fauna e da flora, que possui 4.500 espécies diferentes.

“Portanto, é necessário proteger as fontes de água, criar mais zonas protegidas e melhorar as práticas agroalimentícias”, assegura Kimura.

(Fonte: Portal iG)