Por Antonio Martins
Publicado 10/04/2019
Entre os múltiplos aspectos da devastação do planeta, poucos despertam tão pouca atenção quanto o colapso das populações de insetos. Um trabalho recente, de cientistas das universidades australianas de Sydney e Queensland, e da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, mostra que as preocupações deveriam crescer. Os resultados foram relatados pelo site norte-americano Truthout.
As duas conclusões principais são: a) 40% das espécies de insetos existentes estão ameaçadas; b) a cada ano, o planeta perde 2,5% de toda a biomassa deste enorme grupo de invertebrados. As causas são a devastação de ecossistemas, o uso maciço de venenos agrícolas e o aquecimento global. As consequências, pouco conhecidas, são dramáticas. Se o ritmo atual for mantido, diz a pesquisa sino-australiana, metade da atual biomassa de insetos poderia ser perdida em 50 anos.
Ocorre que estes animais, muitas vezes desprezados por seu tamanho, compõem, junto com aracnídeos e crustáceos, 50% de toda a biomassa animal do planeta. E estão na base de quase todos os ecossistemas. Por exemplo: 60% das espécies de pássaros dependem totalmente deles para sua alimentação. Além disso, 80% a 90% das plantas dependem de insetos para a polinização. Um colapso da população insetívora poderia ter, portanto, consequências catastróficas em toda a vida do planeta.
Há saída, diz Truthout, mas exigirá mudança notável dos atuais padrões de produção e consumo. É preciso, em especial, repensar a agricultura e a pecuária produtivistas. Atualmente, uma área equivalente a toda a América do Sul é usada para agricultura; e a pecuária (incluindo a produção de alimentos para o gado) consome uma África. Uma das saídas óbvias é a redução substancial do consumo de carne – em especial, bovinos.