Entendendo a Desordem Hormonal de Hoje

https://endocrinedisruption.org/assets/media/documents/EDCFactSheetPortuguese(Brazil)20180216.pdf

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The Endocrine Disruption Exchange
Instituto, sem fins lucrativos, onde pesquisadores e pessoas afins possam compartilhar seus conhecimentos entre todos. Fundado pela bióloga Theo Colborn, autora do livro “O Futuro Roubado” (Our Stolen Future), antes de falecer.

Quais são as substâncias desreguladoras do sistema endócrino?

As substâncias químicas conhecidas como disruptores (desreguladores) endócrinos (nt.: em inglês – EDCs – Endocrine Disrupters Compounds) são substâncias geradas fora do corpo que podem bloquear, mimetizar ou desregular a função hormonal normal. Isso pode resultar em doenças, disfunções e condições de saúde precárias. É importante porque pequenas quantidades de hormônios desempenham um papel em muitas funções vitais e exposições, durante determinados períodos da vida a estes compostos, mesmo em muito baixas doses, podem causar impactos enormes e, por vezes, irreversíveis à saúde. Os EDCs interagem com o sistema endócrino/hormonal, sistema complexo de mensageiros químicos – hormônios – que estão envolvidos em todas as fases da vida. Da concepção à gestação, nascimento, puberdade, na adultez e na velhice. O sistema endócrino envia sinais hormonais como estrogênio, testosterona, hormônio tireoidiano/tiroxina e insulina de um órgão para outro e, por sua vez, controla a função das células no órgão alvo. Dessa forma, orquestra funções vitais, incluindo o metabolismo, a função imunológica, a reprodução, a inteligência e uma grande variedade de comportamentos.

Como os seres humanos estão expostos aos disruptores endócrinos?

Nós respiramos, comemos, bebemos e temos contato com eles, os EDCs, todos os dias. Estão nos componentes das resinas plásticas (nt.: conhecidos como plastificantes) , nos agrotóxicos, nos retardadores de chama e nas fragrâncias/perfumes sintéticos, dentre outros. Estão presentes em muitos itens comuns do cotidiano de nossos lares, escolas e locais de trabalho, como brinquedos, roupas, cosméticos, filtros solares, eletrônicos, móveis, produtos de limpeza, produtos para o cuidado do gramado, automóveis, materiais de construção, alimentos e embalagens de alimentos. Alguns deles permanecem no ambiente por muitos anos e podem se acumular em nossos corpos. Já outros não, no entanto estão sempre em nosso organismo devido à constante exposição. Pesquisas revelam a presença de numerosos destes compostos, na maioria das pessoas testadas, incluindo recém-nascidos.

Como os disruptores endócrinos afetam nossa saúde?

Já existe um grande volume de literatura científica disponível sobre os efeitos decorrentes da exposição a alguns deles à saúde, enquanto para outros a pesquisa ainda é incipiente. Estudos laboratoriais e epidemiológicos têm confirmado que estes compostos têm uma ampla gama de efeitos tanto nos seres humanos como na vida silvestre. Os exemplos incluem redução da capacidade reprodutiva, alterações nas características sexuais secundárias, certos tipos de câncer (como mama, ovário, próstata e testículo), retardo do desenvolvimento cognitivo, resposta alterada ao estresse, aumento do acúmulo de gordura e alterações na sensibilidade à insulina. Seus efeitos podem variar ao longo da vida, dependendo de quando ocorre a exposição. Períodos extremamente críticos são: desenvolvimento fetal, infância e puberdade. As exposições a eles, nos eventos no início da vida, moldam o cenário para o modo como o corpo responderá ao ambiente ao longo da vida. Nos EUA, o ônus das doenças e os custos relacionados à sua exposição estão estimados em US$ 340 bilhões por ano. Vê-se que é imperativa a promoção de ações que reduzam agora, neste momento, a exposição a estes compostos, assegurando assim um ambiente saudável para as presentes e futuras gerações.

O que podemos fazer?

1. Evitar a compra e uso de produtos que reconhecidamente contenham EDCs (consulte os bancos de dados de produtos, como os da ong EWG/Environmental Working Group, ToxFox application dentre outros.

2. Incentivar os fabricantes e fornecedores a utilizarem nos produtos de consumo componentes químicos mais seguros (campanhas de apoio como ‘Mind the Store’ que defendem políticas de componentes químicos mais seguros).

3. Apoie a legislação que limita a produção e uso de EDCs.

Tradução complementar no texto original em português, feita por Luiz Jacques Saldanha, março de 2019.