O Projeto Cana Verde …“mostra que a cultura orgânica pode, sim, ser mais produtiva que a convencional”, explicita André de Carvalho, professor da Fundação Getúlio Vargas.
Esse resultado começou a ser construído em 1986, com a criação do Projeto Cana Verde, conta Leontino Balbo Júnior, engenheiro agrônomo e diretor-agrícola da Usina São Francisco. Na sua visão, a terra não podia ser apenas um suporte para adubos químicos, quebrado, moldado e misturado como mera argila. Tudo que se fazia em cana era baseado em técnicas que vieram da Europa e de países temperados. “Lá tem a neve, o desgelo e o solo fica gelado. É preciso revolver a terra, inverter a leiva, tornando-se necessário a ação do sol para ativar os micro-organismos para que eles possam atacar a matéria orgânica e mineralizar os nutrientes. Na Europa é preciso aquecer a terra para ativar a vida. Aqui, é um país tropical, ao arar e revirar a terra o solo fica exposto, chega a uma temperatura de 70 graus, com isso, as minhocas desapareceram. Esterilizou-se o solo.”
Assim, independente das questões sociais, agrárias e do tipo de produto agrícola final, a implantação deste projeto mostra que sim, é possível se fazer cultura no campo, ou seja, se fazer agricultura num outro tipo de relação humana com a terra e seus parceiros não humanos.
E a pergunta que não se cala é: por que então o ‘agronegócio’ necessariamente vem sendo social, nutricional e ambientalmente destrutivo e devastador? A resposta parece estar fundada de que a produção agrícola se transformou simplesmente num grande negócio, onde tudo vale, em vez de ser gerador de cultura e integração do ser humano na dinâmica viva da Terra.
Abaixo a explanação do diretor da Usina São Francisco, num encontro patrocinado pela Natura e Itaú, ocorrido no primeiro semestre de 2018 e publicado no Youtube em abril deste mesmo ano.
O website agradece ao professor da USP, José Eli da Veiga, a indicação deste conteúdo.