“Estamos entrando numa era na qual a gente não tem uma consciência mais ampla dos direitos dos povos indígenas. Não existe futuro para o nosso planeta se não se envolverem as populações indígenas”. É quanto afirmou o bispoMark MacDonald, presidente do World Council of Church (CEC) para a América do Norte e presidente dos bispos indígenas da Comunhão Anglicana no Canadá. “No decurso dos últimos sete anos – explicou – constatei que ospovos indígenas no Canadá e, de fato em todo o mundo andaram para a autodeterminação e a atualização dos principais valores dos antepassados. O que é de vital importância é a consciência pública coletiva que os povos indígenas devem atingir com sua autodeterminação. Isto – acrescentou o bispo anglicano – é o aspecto mais importante: aconteça o que acontecer”.
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A nota foi publicada pelo jornal L’ Osservatore Romano, 26-06-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Refletindo sobre o pensamento do teólogo católico Robert Schreiter, que dedicou os seus estudos ao tema da reconciliação, MacDonald sublinhou que “reconciliar-se” significa reapropriar-se da identidade indígena. A reconciliação não ocorre quando um opressor reclama a própria humanidade. A identidade de uma pessoa indígena é com frequência ligada à terra. No mundo atual, há um assalto à terra e um comportamento agressivo na nossa relação com ela e com as criaturas que ali vivem. Este assalto é vivenciado de modo muito doloroso pelos povos indígenas. Muitas pessoas olham com dor para os eventos históricos a seguir dos quais os povos indígenas foramexpropriados das suas terras.
Mas agora “a mudança climática levou a uma contínua expropriação das terras”. Segundo o presidente do WCC para a América do Norte, nos últimos anos se está assistindo a uma aceleração constante de tal depauperamento, que de tantos modos ameaça os povos indígenas e “as pessoas menos responsáveis são as mais atingidas”. O bispo anglicano recorda quando, durante a cúpula inter-religiosa sobre a mudança climática, de setembro de 2014 emNova York, “trinta responsáveis religiosos, pertencentes a nova crenças diversas, lançaram um acurado apelo aos líderes políticos do mundo, afim de que respondessem de modo eficaz ao desafio da mudança climática. Muitos relatores falaram de justiça climática. Pois bem, segundo meu modo de ver – concluiu MacDonald – não há futuro para o nosso planeta que não envolva as populações indígenas”.
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