‘Economia verde’ requer mudança no modelo de produção e comportamento do consumidor.

A construção de uma verde só será possível quando houver mudança no modelo de produção adotado pela maioria das nações e no comportamento do consumidor de classe média. Essa foi a conclusão tirada da quarta edição do Fórum Global de Crescimento Sustentável (3GF), que reuniu cerca de 300 líderes de seis países, nos dias 20 e 21/10, em Copenhague, na Dinamarca.

 

 

http://www.ecodebate.com.br/2014/10/22/economia-verde-requer-mudanca-no-modelo-de-producao-e-comportamento-do-consumidor/

 

 

Fórum Global de Crescimento Sustentável

Fórum Global de Crescimento Sustentável Divulgação MRE da Dinamarca

 
 

No último dia de evento, a primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning Schmidt, disse que “a construção de economias verdes não é uma tarefa fácil, e que as nações precisam trabalhar juntas”. Garantir essa conexão, disse ela, é o que o fórum buscou fazer.

Governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, empresários, instituições financeiras e organizações da sociedade civil se debruçaram sobre os principais desafios para a construção de uma economia verde. Copenhague, a cidade mais sustentável do mundo, serviu de inspiração para dois dias de debates, plenárias, rodadas de conversa e negociação, que resultaram em onze parcerias a serem aplicadas em diversas partes do mundo.

O ex-presidente do México e atual chefe da Comissão Global de Economia e Clima, Felipe Calderón

O ex-presidente do México e atual chefe da Comissão Global de Economia e Clima, Felipe Calderón Divulgação MRE da Dinamarca

 
 

Na última plenária do evento, houve consenso de que o modelo econômico atual, centrado na produtividade a todo custo, precisa ser mudado. O ex-presidente do México e atual chefe da Comissão Global de Economia e Clima, Felipe Calderón, disse que quatro medidas precisam ser adotadas com urgência pelas nações: a redução na emissão de gases de efeito estufa, a busca de eficiência energética na indústria, o controle da urbanização e a proteção dos recursos naturais. “Não é uma alternativa, é algo que precisa ser feito imediatamente”, disse. A boa notícia, segundo ele, é que é possível garantir crescimento econômico e, ao mesmo tempo, frear as mudanças climáticas, mas “para isso, grandes mudanças precisam ser feitas”.

O comportamento do consumidor, especialmente o de classe média, foi alvo de preocupação no fórum. A ministra de Meio Ambiente do Quênia, Alice Kaudia, enfatizou que o crescimento da classe média e o aumento do consumo são tendências preocupantes. Ela disse que, “se o comportamento das pessoas não mudar, se elas não começarem a pensar em reaproveitamento, em uso racional e em reciclagem, em pouco tempo não vai haver recursos suficientes para todos”. O presidente do Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, Peter Bakker, ressaltou que, se quiserem garantir um mundo melhor para as futuras gerações, as pessoas terão que reconsiderar alguns hábitos comuns. “Ter um carro é mesmo a melhor opção? Ou dividir um carro é um modelo melhor? Os conceitos de propriedade, de compartilhamento, de viver bem, de felicidade, todos terão que ser reconsiderados”, ressaltou.

Criado em 2011, o Fórum Global de Crescimento Sustentável conta com a parceria de seis governos: Dinamarca, China, México, Etiópia, Quênia e Catar. Grandes empresas multinacionais, como Hyundai, Samsung e Siemens também são parceiras, além de organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em inglês), o Pacto Global das Nações Unidas e a Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial (IFC, da sigla em inglês).

Com o encerramento do fórum, as atenções se voltam para o Conselho da União Europeia, que deve aprovar, na próxima quinta-feira (23), um pacote de medidas sobre clima e energia para os próximos 15 anos, com amplos efeitos sobre os governos dos 28 países-membros e sobre a indústria. Entre as metas estão a redução em 40% na emissão de gases de efeito estufa e o aumento da eficiência energética das empresas em no mínimo 30%.

Por Giselle Garcia, da Agência Brasil/EBC.