A Araucária (Araucaria angustifolia), popularmente conhecida como pinheiro-do-paraná, é a espécie mais conhecida da Floresta com Araucárias, ecossistema associado ao Bioma Mata Atlântica. Apesar de ser símbolo do Paraná, onde já ocupou 40% do território, a Floresta com Araucárias ocorre predominantemente em áreas de altitude elevada nos três estados do Sul brasileiro, onde ocorria em cerca de 200 mil km2.
http://www.ecodebate.com.br/2015/05/19/5-fatos-sobre-a-floresta-com-araucarias/
O pinheiro-do-Paraná não é exclusivo desse estado
Os pinheiros de aparência sublime também são encontrados em maciços descontínuos no Sudeste: sul de Minas Gerais, noroeste do Rio de Janeiro e sudeste de São Paulo, sempre em partes mais elevadas de serras dessas regiões.
Pinhão não é fruta, é consumido pela fauna silvestre e é considerado alimento funcional
O pinhão que consumimos é a semente da Araucária, espécie de árvores pertencente ao grupo das gimnospermas, que não dá frutos. Ele é bastante consumido durante os meses de inverno, especialmente em festas juninas e principalmente no Sul do país. Além de saborosa, sua amêndoa é rica em reservas energéticas e também apresenta propriedades medicinais, sendo indicada para o combate à azia, à anemia e a outras debilidades do organismo. A indicação foi apurada pelo Araucária+, iniciativa desenvolvida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com a Fundação CERTI (SC), para investir em novos e responsáveis usos do pinhão e da erva-mate, com o objetivo de conservar o ecossistema onde ocorrem, a Floresta com Araucárias. Vale lembrar que o pinhão também é consumido por diversas espécies que ocorrem nessas áreas, como o papagaio-charão, a gralha-azul, a cutia, além de outras aves, roedores e pequenos e grandes mamíferos.
Chimarrão gaúcho e chá de mate são produzidos graças ao ecossistema
A maior parte das pessoas desconhece, mas a erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma árvore nativa da Floresta com Araucárias. Dessa planta, são extraídas as folhas a partir das quais se produz o chá de mate, uma das bebidas de infusão mais consumidas do Brasil; e também o tradicional chimarrão gaúcho, bastante comum nos estados do Sul brasileiro.
Floresta é utilizada para produção sombreada
A conservação de remanescentes de Floresta com Araucárias pode representar uma alternativa viável para a própria produção sombreada da erva-mate. “Nativa desse ecossistema, estudos indicam que a planta se desenvolve melhor em seu ambiente natural, no interior da floresta, crescendo com folhas maiores que implicam em melhor aproveitamento e gosto mais suave do chá extraído”, conforme explica Guilherme Karam, coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Além disso, a floresta oferece condições ideais para a manutenção da qualidade da planta, como menor suscetibilidade a doenças e pragas e baixíssima necessidade de artificialização no processo de produção: a área natural disponibiliza solo rico em nutrientes, o que dispensa o uso de fertilizantes; além de água em quantidade adequada, evitando a necessidade de irrigação. Com grandes benefícios, a chamada ‘produção sombreada’ da erva-mate é o método predominante nos três maiores estados produtores no Brasil: Paraná, seguindo de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Guilherme ressalta que esse método de produção possui baixo impacto para a biodiversidade.
Fama da gralha-azul é parcialmente verdadeira
Lendas indígenas e o imaginário popular contribuíram para responsabilizar a gralha-azul, ave-símbolo do Paraná, como a única e grande responsável pelo ‘replantio’ de pinheiros. O trabalho ‘árduo e solitário’ seria fruto de um descuido: ao esconder os pinhões na terra para consumi-los posteriormente, a ave contribui para a geração de novas araucárias, pois acabava perdendo a localização de muitos deles. Na verdade, o trabalho de regeneração é coletivo: “diversas espécies alimentam-se de pinhões, não apenas a gralha-azul. Na verdade, a cutia, um roedor de pequeno porte, é uma das mais fundamentais para a manutenção do ecossistema, pois tem como hábito enterrar as sementes para consumi-las mais tarde, permitindo que muitas delas germinem e formem novas plantas”, esclarece Emerson Oliveira, coordenador de Ciência e Informação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que apoia iniciativas para a conservação da Floresta com Araucárias.
Colaboração de Maria Luiza Campos.