O teólogo Leonardo Boff estava na manhã do último dia 27 no Fórum Social Temático 2011 ao lado de jovens com pouco mais de 20 anos para discutir o tema “Democracia Real”. Para Boff a Democracia Real é a Democracia Ecológico Social.
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01/02/2012
por Letícia Leite, especial para Envolverde
Ele traduziu o conceito lembrando do dia em que a ONU elegeu, em 1999, numa sessão solene, o dia 12 de abril como o dia da Mãe Terra. “Terra a gente pode comprar e vender, mas mãe a gente cuida. Precisamos nos sentir como os filhos e filhas da Mãe Terra. A palavra homem vem de humus, terra. O homem é a terra que anda, pensa e sente, esta é a democracia real”, explicou o teólogo.
Os jovens que estavam ao lado de Boff no FST são representantes das ocupações de ruas dos EUA, Palestina, Chile, Espanha e Inglaterra. Também participou da mesa o paulista Pedro Markum, integrante do movimento Transparência Hacker e um dos passageiros do Ônibus Hacker. Com um exemplo inovador Pedro ganhou a atenção dos participantes e a equipe da Envolverde foi conferir a próxima parada do Ônibus em um bairro da zona sul de Porto Alegre.
Em frente ao Ônibus, um diálogo entre uma adolescente moradora de uma das regiões mais violentas de Porto Alegre e um universitário alemão de classe média ajuda a entender a história do Ônibus Hacker na ótica da Democracia Real: Você é alemão da Alemanha? Você sabe onde você esta? indaga a menina de doze anos a um visitante do seu bairro. Sim, no bairro Restinga, responde com sotaque, o intercambista e estudante de ciência da computação da UFRGS Rafael (que prefere não revelar o sobrenome).
O movimento Transparência Hacker recebe este nome porque a transparência pública faz parte da filosofia de discussão do grupo. Rafael não veio de São Paulo, ele participava do Fórum e resolveu embarcar no Ônibus para participar da experiência numa viagem mais curta. Ele e mais 14 “passageiros” foram ao bairro Restinga na tarde de sexta-feira a convite da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, que promoveu e acompanhou toda a ação do grupo.
“Decidimos levar o Ônibus para a Restinga porque acreditamos na ideia de transparência dos dados públicos. Quando a polícia fala abertamente sobre os dados da segurança pública a comunidade denuncia de forma transparente seus problemas, assim nos aproximamos juntos para a redução da violência”, explica Major Linc- chefe da divisão de estatística da SESP do Rio Grande do Sul. A Restinga é uma região que abriga mais de 150 mil pessoas e carrega a estatística de mais de quatro mortes violentas por semana, a maioria vítimas jovens que possuem envolvimento com o tráfico de drogas.
O Ônibus foi comprado através do Catarse – site de apoio coletivo a projetos – Mais 26 participantes do projeto viajaram de São Paulo a Porto Alegre a bordo desta embarcação até o FST. Na embarcação, simples poltronas se transformaram em um “Hacklounge”: um espaço de trabalho, com internet, computadores, bancos a menos no fundo para criar espaço de debates sobre política, educação, cultura e tecnologia. A cada parada os viajantes compartilham seus conhecimentos com pessoas do local escolhido pelo grupo. Antes de chegar ao Fórum o Ônibus Hacker já passou pelo Rio de Janeiro e pela região da cracolândia, em São Paulo.
Os passageiros do ônibus levam oficinas de programação, audiovisual, produção de informação, elaboração de projetos de lei e uma diversidade de temas que podem e devem acontecer de acordo com a realidade encontrada em cada parada.
Fórum é o nome dado pelos Romanos à praça principal da cidade, o centro político, religioso, econômico e social. O Ônibus Hacker consegue dar mobilidade à praça, leva a democracia no banco e, ainda, compartilha a curiosidade com quem não está acostumado a freqüentar espaços políticos. Esses viajantes não definem, mas embarcam na Democracia Real. O destino do Ônibus na tarde do dia do encontro do jovem Pedro Markun e o experiente Leonardo Boff conta por si só o tema da palestra. O homem é a terra que anda, já disse o teólogo.
Para saber mais sobre o ônibus hacker acesse: onibushacker.org.