Sofrendo com seca histórica, Califórnia propõe ampliação do corte de emissões.

O estado norte-americano da Califórnia está passando por uma severa estiagem: 2013 foi classificado como o ano mais seco desde que começaram as medições, em 1849, e 2014 parece seguir essa mesma linha. De acordo com Lynn Ingram, paleoclimatologista da Universidade de Berkeley, a análise dos anéis nos troncos de árvores revela que a seca atual é a pior dos últimos 500 anos.

 

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por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

drought 300x200 Sofrendo com seca histórica, Califórnia propõe ampliação do corte de emissões

O governador Jerry Brown, que já solicitou aos moradores e empresas que reduzam o consumo de água de forma voluntária em 20%, afirmou que, se a crise se prolongar, medidas mais drásticas, como o racionamento compulsório e a contratação de carros-pipa, serão postas em prática.

“Não podemos fazer chover, mas podemos nos preparar para as terríveis consequências que enfrentaremos caso a seca persista. Declarei estado de emergência, e estou pedindo para os californianos pouparem água de todas as maneiras possíveis”, afirmou Brown.

Redução das emissões

Em meio a essa situação, o Air Resources Board (ARB), órgão ambiental do estado da Califórnia, divulgou nesta segunda-feira (11) uma proposta de atualização ao plano que guia o desenvolvimento e a implementação dos programas de corte nas emissões de gases do efeito estufa (GEEs), estendendo a sua duração para além de 2020.

A revisão, a segunda desde que a legislação de (Assembly Bill 32) foi aprovada na Califórnia, em 2006, também amplia os setores sujeitos ao corte de emissões e os programas já em execução, incluindo a redução de microparticulados.

Uma reunião será realizada em 20 de fevereiro para que o público possa novamente apresentar sugestões sobre o documento. Uma minuta já havia sido aberta anteriormente para consultas. O ARB também está recebendo comentários virtualmente, e a versão final da revisão deve ser divulgada no final da primavera (Hemisfério Norte).

“A atualização de 2013 determina a base tecnológica e científica para garantir reduções sustentáveis nas emissões em médio e longo prazos, assim como as metas de saúde pública e econômicas”, anunciou o ARB.

Oito setores de ação são identificados pelo documento: energia; transporte, combustíveis, uso da terra e infraestrutura; agricultura; água; gestão de resíduos; áreas naturais; poluentes climáticos de vida curta (como metano e carbono negro); e construções verdes.

A geração de energia contribui com cerca da metade das emissões do estado. Assim, o ARB sugere maiores incentivos para as fontes eólica e solar.

O documento “incorpora o consenso científico mais recente, que indica a necessidade de reduções de emissão aceleradas nas próximas décadas para alcançar a estabilização climática”, justifica o ARB.

Seguindo o caminho da União Europeia, que está discutindo metas para 2030, o ARB solicita metas específicas de médio prazo para cada um dos setores indicados, visando guiar o estado em direção à redução de 80% nas emissões até 2050 (com base no nível de 1990).

“Entre 2020 e 2050, as emissões terão que cair em uma taxa mais de duas vezes maior do que a que é necessária para alcançar o limite de emissões para 2020 no estado”, afirmou o ARB.

Erica Morehouse, advogada da ONG Environmental Defense Fund, disse ao jornal Los Angeles Times que o documento é ambicioso e que “uma meta para 2030 fortalecerá os incentivos para cortes imediatos na poluição”.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.