Regeneração natural não é eficiente para restauração de áreas agrícolas

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Regeneração natural não é eficiente para restauração de áreas agrícolas. As vezes a agressão das práticas do extrativismo colonial ou com o manejo da moderna que não há mais nos ecossistemas.

 

 

https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9618828/regeneracao-natural-nao-e-eficiente-em-areas-de-agricultura

 

 

Gabriel Faria -                                                                                                                                                                                       Foto: Gabriel Faria

As primeiras avaliações de experimentos sobre recomposição de reserva legal nos biomas e conduzidos pela Embrapa Agrossilvipastoril e parceiros em Mato Grosso mostram que a regeneração natural não é eficiente para restauração de áreas com histórico de agricultura tecnificada. Manejo excessivo do solo e técnicas de cultivo contribuem para a redução do banco de sementes, impedindo o crescimento da vegetação.

As observações foram feitas em quatro ensaios localizados nos municípios de Canarana e Campo Novo do Parecis, no bioma Cerrado, em Sinop, região de transição entre Cerrado e a Amazônia, e Guarantã do Norte, na Amazônia. Em todos os locais, foram instalados experimentos que avaliam diferentes métodos de restauração da vegetação, como a semeadura direta, semeadura a lanço, plantio de mudas e regeneração natural.

De acordo com o pesquisador Ingo Isernhagen, em Sinop, onde a área utilizada tem um longo histórico de agricultura, a regeneração foi inexpressiva. Já nas demais áreas, com histórico de extensiva, a regeneração vem ocorrendo com a germinação e crescimento de espécies nativas oriundas do banco de sementes do solo.

“Resultados preliminares de três anos sobre Sinop, que é uma área que passou por tecnificação e era essencialmente agrícola, mostram que a regeneração natural não parece ser uma boa técnica. Embora praticamente não tenha custos para o produtor, ela também não tem qualquer resultado do ponto de vista ecológico. Nesses casos, vai ser necessário intervir”, afirma o pesquisador.

Ingo explica que a ineficiência da regeneração nas áreas de agricultura se deve ao uso intenso do solo, revolvimento das camadas superficiais, retirada de raízes, uso de herbicidas, entre outras causas que minaram o banco de sementes presente no solo. Mesmo com a presença de fragmentos de vegetação nativa próximos, como é o caso da área experimental em Sinop, a regeneração tem sido inexpressiva.

A regeneração natural é uma técnica de restauração em que é feito apenas o isolamento da área de modo a deixar que o banco de sementes presente no solo germine, restaurando a vegetação nativa. Por causa do seu baixo custo e da reduzida necessidade de intervenção, a técnica é considerada uma boa alternativa pelos produtores que precisam se adequar à legislação vigente.

 

https://www.youtube.com/watch?v=cxcppSczY60

 

Avaliação ecológica e econômica

Outras técnicas para recomposição de reserva legal são o plantio de mudas e a semeadura direta. A fim de subsidiar o produtor na escolha da melhor alternativa, a pesquisa está avaliando não só os aspectos ecológicos, mas também os financeiros. Dados sobre custos de plantio, despesas com manutenção, condução e as possíveis receitas com o manejo da área estão sendo computadas para uma avaliação geral.

À medida que os anos passem, a expectativa é fornecer aos produtores rurais dados sobre eficiência de cada técnica, orientações agronômicas e florestais, custos totais e possibilidade de renda com o manejo.

Ingo explica que, na fase de implantação, o plantio de mudas é o mais caro. Porém, ele é o que apresenta maior potencial de manejo, uma vez que é possível controlar as espécies utilizadas, plantá-las ordenadamente de modo a facilitar a colheita de frutos e sementes ou o corte da madeira e mecanizar a condução. Dessa forma, a escolha da técnica deverá se pautar pelas intenções do produtor.

Nos experimentos conduzidos pela Embrapa em Mato Grosso, estão sendo utilizadas 41 espécies nativas e algumas exóticas, como eucalipto e mogno-africano, por exemplo. Além de espécies com funções ecológicas, há aqueles que visam a geração de renda na produção de frutos, resinas, essências, sementes e produção de madeira.

Por esse motivo, a pesquisa também avalia diferentes formas de condução das árvores. O objetivo é ver o quanto as podas e desramas contribuem para o melhor desempenho das plantas e se os custos operacionais justificam os ganhos comerciais.

“Tem-se falado cada vez mais na criação de modelos econômicos de restauração. Se a gente quer  modelos econômicos, temos de investir em manejo. Não adianta fazer o que usualmente é feito:  plantar e deixar os indivíduos crescerem. Se a gente quer  retorno econômico, tem que ter  manejos adaptativos. Tem que ir conduzindo o processo de forma a ter produtos madeireiros e não madeireiros de qualidade”, explica Ingo Isernhagen, que ainda destaca a importância da escolha das espécies, definição do espaçamento entre as mudas, controle da mato-competição e de formigas.

“A restauração já é cara por natureza. Com esse tipo de manejo ela ficará ainda mais cara no começo. Mas a gente quer que, em até 20 anos, o produtor tenha um retorno. Além disso, em cinco anos já é possível retirar o eucalipto, coletar sementes e frutos”, ressalta o pesquisador.

Reserva legal

De acordo com o Brasileiro, reserva legal é uma área da propriedade rural coberta por vegetação natural, onde se pode explorar o manejo florestal sustentável de acordo com a lei para o bioma em que está inserida.

O percentual da propriedade que deve ser reservado varia de acordo com o bioma, sendo de 80% em áreas de floresta na Amazônia Legal, 35% em Cerrado na Amazônia Legal e 20% nos demais biomas.

Gabriel Faria (MTb 15.624/MG)
Embrapa Agrossilvipastoril

Telefone: (66) 3211-4227
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

 

 

 

 

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