Os métodos modernos de produção de alimentos têm aberto imensas avenidas para a exposição a carcinogênicos ambientais e compostos disruptores endócrinos (endocrine-disrupting compounds). Agrotóxicos espargidos sobre os cultivos, antibióticos empregados na avicultura e hormônios dados aos bovinos, expõem os consumidores involuntariamente a contaminantes que acabam se tornando parte integrante de seus organismos. Algumas destas exposições podem aumentar o risco ao câncer de mama.
http://www.breastcancerfund.org/clear-science/environmental-breast-cancer-links/food/
De certa maneira, os nossos antepassados tinham o alimento de forma mais simples. Isso em razão de não ser seu alimento quimicamente tratado ou seus utensílios domésticos também não terem sido quimicamente melhorados. Em razão disso suas dietas e práticas de cozimento expunham-os a poucas substâncias químicas tóxicas perigosas.
A seguir temos algumas das substâncias químicas prejudiciais comumente encontradas em nossos alimentos e embalagens de comidas, juntamente com uma descrição do que são, onde se encontram e porque são negativas. Além disso, cheque nossas dicas de prevenção (Tips for Prevention) para saber como evitá-las.
Embalagem de Alimentos
Hoje em dia, não é somente o alimento em si mesmo que nós devemos averiguar, mas as embalagens da mesma forma onde está estocado/guardado já que delas podem lixiviar substâncias químicas tóxicas como o Bisfenol A (BPA), o estireno/isopor (styrene) e o PVC/Vinil (vinyl chloride). Não só eles são nada apetitosos, como na verdade muito perigosos para os seres vivos.
Bisfenol A (nt.: em inglês é Bisphenol A e a sigla -BPA)
O bisfenol A (Bisphenol A/BPA) pode ser detectado em embalagens plásticas de alimentos reutilizáveis além de estar na lâmina interna das latas de alimentos enlatados e das latas de bebidas em geral. Pesquisa mostra que a exposição ao BPA está conectada ao câncer de mama e tem demonstrado interferir com o tratamento quimioterápico contra o câncer.
Ftalatos (nt.: em inglês – Phthalates)
Os ftalatos (phthalates) podem ser encontrados em algumas embalagens plásticas e são considerados disruptores endócrinos (endocrine disruptors). A exposição aos ftalatos vem sendo conectada à puberdade precoce (early puberty) em meninas, um fator de risco para o câncer de mama mais tarde em suas vidas. Alguns ftalatos também atuam como estrogênios (estrogens) fracos nos sistemas de cultura celular.
Estireno/Isopor/EPS (nt.: em inglês – Styrene)
O monômero estireno (styrene) pode lixiviar do polímero poliestireno (nt.: ver os links e as posições da Anvisa – https://nossofuturoroubado.com.br/o-perigo-do-cafezinho/) – a resina básica das bandejinhas de alimentos feitas de Isopor ou, em inglês, Styrofoam, caixas de isopor de ovos, copos descartáveis tanto os leitosos como os de isopor e mesmo as embalagens para as ‘quentinhas’ e as de levar comida pronta dos supermercados – quando aquecido, manuseado ou sob pressão. O estireno é um carcinogênico para animais mamíferos e é possivelmente carcinogênico para os seres humanos (nt.: ver – https://nossofuturoroubado.com.br/a-resina-estireno-tida-como-sendo-imparcialmente-um-carcinogenico-humano/).
PVC/Polivil Cloreto/Vinil (nt.: em inglês -Vinyl Chloride)
O polímero (nt.: só para conhecimento os polímeros são formados por milhões de monômeros, ou seja uma-mono-parte forma milhões-poli-de partes) polivinil cloreto (PVC) é usado para produzir embalagens para alimentos (nt.: são os conhecidos ‘filmes plásticos’ que se embala, atualmente, todos os produtos gordurosos dos supermercados!!! e é flexível pela alta presença, além disso do plastificante ftalato, abaixo descrito). Quando o PVC é sintetizado, o monômero vinil cloreto, ou MVC, (vinyl chloride) pode ser liberado tanto para o ar como para as águas servidas em direção aos esgotos. Foi um dos primeiros químicos identificados como conhecidos carcinogênicos humanos e está sendo conectado com o aumento de mortalidade pelos cânceres de mama e de fígado entre os trabalhadores envolvidos com sua fabricação. Depois de descartado, o polímero PVC/Vinil pode se deteriorar e se for incinerado ou pegar fogo (nt.: ou seja, quantas vezes, ‘queimamos’ um cano de PVC para amolecê-lo e com isso ‘colarmos’ num outro!!), pode-se formar dioxinas (nt.: esta é a substância mais violentamente venenosa jamais criada pela mão humana) (dioxins).
Agrotóxicos (nt.: chamados os EUA de pesticides)
Alguns agrotóxicos (pesticides) usados nos cultivos que servem de alimentos que nós ingerimos vêm sendo identificados como carcinogênicos humano ou animal e muitos são também detectados em suprimentos d’água, na atmosfera e mesmo nas poeiras. A exposição ao agrotóxico é de particular preocupação para os trabalhadores rurais (agricultural workers). Estudos têm mostrado que alguns agrotóxicos (inseticidas e herbicidas) estimulam o crescimento de células de câncer de mama ou causam câncer mamário em ratas.
Atrazina
Mais do que 34 mil toneladas (atrazine) são aplicadas anualmente em milho, sorgo e outros cultivos para controlar ervas nativas de folha larga. Ele lidera os altos níveis ds herbicida nas águas profundas e na água potável a cada primavera e verão nas áreas onde se planta estes cultivos. A atrazina gera desfunção nos sistemas hormonais dos organismos em uma série de vias e tem sido conectado a várias alterações reprodutivas na vida selvagem. Estudos experimentais sugerem que ele pode gerar desfunções no desenvolvimento da glândula mamária (nt.: para se saber mais sobre a atrazina ver o trabalho do professor Tyrone Hayes pelo link-https://nossofuturoroubado.com.br/sapos-feminizados-no-entanto-os-efeitos-da-atrazina-em-humanos-ainda-e-incerto/).
2,4-D, Clordane e Malation
Estes três agrotóxicos (three pesticides) foram associados com aumentado risco de câncer de mama num estudo de mulheres latinas recentemente diagnosticadas com a doença. Os riscos foram maiores com mulheres jovens e com aquelas diagnosticadas com câncer de mama cedo em suas vidas.
2,4,5-TP
Crianças pequenas de trabalhadores rurais onde o agrotóxico é empregado, têm altos níveis de 2,4,5-TP em suas urinas logo após a aplicação do agrotóxico. Além disso, um grande estudo com mulheres agricultoras nos estados de Iowa e North Carolina, detectou elevadas taxas de câncer de mama em mulheres expostas ao 2,4,5-TP.
DDT
Enquanto o DDT foi amplamente banido para uso agrícola ao redor do mundo, em alguns países ainda é empregado para o controle da malária, continuando presente nos organismos de seres humanos e dos animais mesmo onde foi banido seu uso há muitas décadas. Evidências continuam a aumentar quanto aos efeitos do DDT sobre a saúde, incluindo evidências de que exposições mais cedo a este químico podem afetar os riscos de câncer de mama décadas depois. A história deste veneno tem servido como um princípio de precaução quanto ao nosso uso de outros agrotóxicos sem todos os dados de segurança.
Dieldrin & Aldrin
Estes agrotóxicos organoclorados usados muitíssimo no início da agricultura química moderna dos anos 40, 50 e 60, Dieldrin e Aldrin, são outros dois venenos banidos que persistem no ambiente. O dieldrin está conectado ao câncer de mama em mulheres expostas ao agrotóxico e ambos têm efeitos de disruptores endócrinos (nt.: para quem desconhece o que são estas substâncias ver o link – https://nossofuturoroubado.com.br/old/disruptorestexto.htm).
Heptacloro
O agrotóxico Heptachlor foi usado em grandes quantidades sobre cultivos de abacaxi no Hawaii, levando à contaminação dos cultivos e dos suprimentos de produtos lácteos local. Pesquisas são necessárias para se ver se esta exposição está associada com o dramático aumento da incidência de câncer de mama no Hawaii.
Hormônios Naturais e Sintéticos.
Algumas plantas e fungos produzem compostos que mimetizam o estrogênio ou alteram naturalmente hormônios que ocorrem por outros meios. Além disso, alguns hormônios sintéticos são dados aos animais nos criatórios para aumentar a produção de leite ou estimular o crescimento animal.
Zearalenona
A micotoxina Zearalenone é um composto químico tóxico que ocorre naturalmente, sendo produzido por fungos que crescem em grãos como o milho. Estudos têm detectado altos níveis de zearalenona em pessoas que consomem frequentemente pipoca. A versão sintética desta micotoxina é chamada de zeranol. É fornecida aos bovinos como promotor de crescimento. Ambos os compostos mimetizam estrogênio e estudos in vitro mostram que eles podem estimular o crescimento de células de mama.
Zeranol
As indústrias de carne de bovinos adultos, vitela e cordeiro dos EUA e do Canadá têm usado hormônios sintéticos de crescimento desde os anos 50 para acelerarem o engorde dos animais. O hormônio sintético Zeranol é um dos químicos mais largamente usado na indústria de carnes dos EUA. Ele gera especial preocupação já que imita o hormônio feminino estradiol. Cientistas recentemente expuseram células de câncer à carne tratada com o zeranol e os resultados mostraram aumentos significativos no câncer. Preocupações econômicas e de saúde têm levado a União Européia a banir o uso destes hormônios em seus sistemas próprios de produção de carne bem como repudiar a carne importada e tratada com hormônio, incluindo carne dos EUA, desde 1989 (Hanrahan, 2000).
rBGH/rBST
Desde sua introdução em 1993, o hormônio do crescimento bovino recombinante (bovine growth hormone/rBGH/rBST) provou ser controvertido por causa de seus efeitos potenciais de ser carcinogênico. Muitos estudos têm mostrado uma associação entre consumo de produtos lácteos e câncer de mama em mulheres na fase pré-menstrual. O hormônio rBGH também tem mostrado um aumento dos níveis de crescimento do fator tipo insulina no organismo, associado com o aumento do risco de câncer de mama.
Fitoestrogênios
Os fitoestrogênios (Phytoestrogens) são compostos estrogênicos detectados em muitas plantas e produtos vegetais, incluindo produtos alimentícios feitos de soja. Apesar da evidência científica sugerir que estrogênios originários de plantas oferecerem benefícios nutricionais, os dados são mais conflitantes quando se trata do risco de câncer de mama. Alguns estudos sugerem que consumir fitoestrogênios durante a adolescência pode auxiliar a redução do risco tardio do câncer de mama, já outros sugerem que eles podem causar danos oxidativos no DNA e interferirem com os medicamentos de câncer de mama.
Post Script
You are what you eat, so make safe choices in the kitchen.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2014.