Foto de Testalize.me no Unsplash
https://www.thenewlede.org/2023/10/PFAS-chemicals-linked-to-thyroid-cancer-human-data-suggests
26.10.23
[NOTA DO WEBSITE: Agora mais um dado que mostra como os ‘forever chemicals‘ são perigosos. Câncer da tireoide, nada menos do que da glândula que define muito da saúde do corpo, pelo equilíbrio harmônico dos hormônios].
A exposição a algumas substâncias per e polifluoroalquil (PFAS)(nt.: também conhecidas como perfluorados e principalmente ‘forever chemicals/químicos para sempre’) pode aumentar o risco de câncer de tireoide, de acordo com um estudo publicado o dia 24 de outubro pp.
A análise, que comparou amostras de sangue de 88 pessoas que desenvolveram câncer da tireoide com amostras de pessoas que não o fizeram, é a primeira a documentar uma associação entre PFAS e câncer da tireoide, que tinha sido anteriormente levantada como hipótese. Pesquisas anteriores relacionaram esses produtos químicos disruptores endócrinos a doenças da tireoide, uma condição na qual a glândula produz muitos ou poucos hormônios. A nova investigação se agrega a uma lista crescente de problemas de saúde ligados ao PFAS, incluindo câncer renal, testicular, colite ulcerosa, colesterol elevado e hipertensão durante a gravidez.
O estudo, que analisou oito tipos diferentes dos chamados “químicos eternos/forever chemicals”, descobriu que níveis duplamente elevados de ácido perfluorooctanossulfônico (PFOS) no sangue correspondiam a um risco 56% maior de diagnóstico de câncer de tireoide. Os produtos químicos PFAS ácido perfluorononanóico (PFNA), ácido perfluorooctilfosfônico (PFOPA) e ácido perfluorohexanossulfônico (PFHxS) também foram associados a esse câncer.
“Embora preliminar, este é um estudo importante que destaca o risco de câncer da tireoide derivado da contaminação da água e do solo por PFAS”, disse Luca Chiavato, professor de endocrinologia da Universidade de Pavia, em Itália, que não esteve envolvido no estudo.
Existem mais de 12.000 tipos de produtos químicos PFAS, que têm sido utilizados na fabricação de muitos bens de consumo populares, bem como em processos industriais. Os produtos químicos não se decompõem naturalmente e podem infiltrar-se na água potável de instalações industriais, estações de tratamento de esgoto, aterros sanitários ou certas espumas de combate a incêndios. Uma análise de 2022 encontrou níveis detectáveis de PFAS em cerca de 83% das vias navegáveis dos EUA, com preocupações sobre a contaminação generalizada que levou a Agência de Proteção Ambiental (EPA) a propor padrões nacionais de água potável para seis tipos de PFAS na primavera passada.
Os gigantes químicos 3M, DuPont e outros concordaram em estabelecerem acordos nos meses de junho e julho últimos, para fornecerem às comunidades afetadas bilhões de dólares para testarem esses produtos químicos tóxicos e removê-los da sua água potável. As empresas de abastecimento de água de todo o país decidirão nos próximos três meses se aderirão aos termos dos acordos. Enquanto isso, os residentes de Connecticut entraram recentemente com uma ação coletiva contra dois dos fornecedores de água do estado por causa do PFAS em sua água potável, enquanto os produtores de PFAS estão contestando uma ação coletiva em Ohio que pode incluir até 11,8 milhões de residentes.
A EPA anunciou em 20 de outubro que fechou uma lacuna que permitia à indústria deixar de reportar pequenas quantidades de PFAS libertadas durante a produção, mineração e outras atividades.
Dirigindo câncer de tireoide?
Os diagnósticos de câncer da tiroide em todo o mundo aumentaram acentuadamente nos últimos anos, com um aumento de 20% entre 1990 e 2013. Mas embora os cientistas tenham suspeitado anteriormente que a exposição ao PFAS está a contribuir para a tendência, tem havido falta de estudos em populações humanas.
“A singularidade do estudo que fizemos é que pudemos usar essas amostras de sangue que foram coletadas antes dos participantes deste biorrepositório que temos no Hospital Mount Sinai, serem diagnosticados com câncer”, disse Maaike van Gerwen, diretor de pesquisa no Departamento de otorrinolaringologia do hospital com sede em Nova York.
Van Gerwen e colegas compararam amostras de sangue de 88 pessoas que mais tarde foram diagnosticadas com câncer da tireoide com amostras de pessoas saudáveis, comparadas por idade, sexo, índice de massa corporal, raça e, quando possível, se fumavam ou não. Os pesquisadores também realizaram uma análise separada com amostras de 31 pessoas que tiveram suas amostras de sangue colhidas pelo menos um ano antes de serem diagnosticadas com câncer, permitindo-lhes contabilizar melhor o tempo entre o momento em que os participantes foram expostos ao PFAS e o momento em que desenvolveram câncer, disse van Gerwen.
“Estávamos limitados ao número de pacientes com câncer de tireoide no [biobanco]”, disse ela. “É um estudo relativamente pequeno. No artigo, definitivamente recomendamos se persistir neste trabalho com uma população maior.”
Embora o ácido perfluorooctanóico (PFOA) seja o único produto químico PFAS classificado como “possivelmente cancerígeno para os seres humanos” pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, não foi encontrado associação significativa com o câncer de tireoide no novo estudo, disse van Gerwen.
“Isso é definitivamente algo para reavaliar”, disse ela. Van Gerwen acrescentou que ela também estaria interessada em saber se alguns dos produtos químicos PFAS introduzidos mais recentemente estão associados ao câncer de tireoide, o que, segundo ela, exigiria um tamanho de amostra maior.
Em seguida, van Gerwen e colegas planejam replicar o seu estudo utilizando uma coleção maior, em toda a Europa, de amostras de sangue de pacientes com câncer da tireoide. Os pesquisadores também esperam colaborar com hospitais de veteranos para estudarem ligações entre a exposição ao PFAS e o câncer de tireoide em militares. Mais de 700 instalações militares nos EUA podem estar contaminadas com produtos químicos tóxicos, colocando os militares e as suas famílias em risco elevado.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2023.