Damian Carrington Environment editor @dpcarrington
Fri 17 May 2019 10.39 BST
O periódico britânico ‘The Guardian‘ atualizou seu estilo jornalístico (style guide) para introduzir termos que descrevam de forma mais precisa e acurada as crises ambientais que o mundo enfrenta.
Em vez de “mudanças climáticas” os termos preferidos são“emergência, crise ou pane climática” e o “aquecimento global” é favorecido sobre outras expressões mais brandas que mostram a alteração da elevação da temperatura “global”, embora os termos originais não tenham sido banidos.
“Queremos assegurar que estamos sendo cientificamente precisos e, ao mesmo tempo, enquanto também nos comunicamos claramente com os leitores sobre este fato tão relevante”, disse a editora-chefe, Katharine Viner. “A expressão – ‘mudança climática’ -, por exemplo, soa bastante passiva e suave quando o que os cientistas estão falando é de uma verdadeira catástrofe para a humanidade.”
“Cada vez mais, os cientistas e as organizações do clima, da ONU ao Met Office, estão mudando sua terminologia e usando uma linguagem mais forte para descreverem a situação em que estamos inseridos”, disse ela.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, falou de “crise climática” (talked of the ‘climate crisis’) em setembro, acrescentando: “Enfrentamos uma ameaça existencial direta.” O cientista do clima Prof. Hans Joachim Schellnhuber, antigo conselheiro de Angela Merkel, da União Europeia e do Papa , também usa “crise climática” (also uses ‘climate crisis’).
Em dezembro, o professor Richard Betts, que lidera a pesquisa climática do Met Office, disse que o “aquecimento global” (‘global heating’ was a more accurate term) foi um termo mais preciso do que a elevação da temperatura “global” para descrever as mudanças que estão ocorrendo no clima mundial. No mundo político, os deputados do Reino Unido endossaram recentemente a declaração do Partido Trabalhista de uma “emergência climática” (declaration of a ‘climate emergency’).
Em dezembro, o professor Richard Betts, que lidera a pesquisa climática do Met Office, disse que o termo “aquecimento global” foi mais preciso (‘global heating’ was a more accurate term) do que só se considerar a elevação pura e simples da temperatura “global” para descrever as mudanças que estão ocorrendo no clima mundial. No mundo político, os deputados do Reino Unido endossaram recentemente a declaração do Partido Trabalhista Inglês de tratar o tema como de uma “emergência climática” (declaration of a ‘climate emergency’).
A escala das crises climática e da vida selvagem foi desnudada por dois relatórios referenciais de cientistas do mundo. Em outubro, eles disseram que as emissões de carbono precisam ser reduzidas pela metade (carbon emissions must halve) até 2030 para se evitar riscos ainda maiores de secas, inundações, calor extremo e pobreza para centenas de milhões de pessoas. Em maio, cientistas globais disseram que a sociedade humana estava em perigo devido à acelerada aniquilação da vida selvagem e à destruição dos ecossistemas (destruction of the ecosystems) que sustentam toda a vida na Terra.
Outros termos que foram atualizados, incluindo o uso de “vida selvagem” em vez de “biodiversidade”, “populações de peixes” em vez de “estoques de peixes” e “negador da ciência climática” em vez de um “cético climático”. Em setembro, a BBC aceitou que na cobertura sobre mudança climática é “errada demais” (climate change ‘wrong too often’), dizendo à equipe: “Não há necessidade de um ‘negador’ para se equilibrar o debate”.
No início de maio, Greta Thunberg, a adolescente sueca que inspirou as greves escolares pela questão climática ao redor do mundo, disse (said): “Estamos em pleno 2019. Devemos todos dizer o que exatamente isto é: colapso climático, crise climática, emergência climática, colapso ecológico, crise ecológica e emergência ecológica?”
A atualização do guia do estilo jornalístico do The Guardian segue a elevação do nível global de dióxido de carbono às páginas de clima diárias do periódico inglês. “Os níveis de CO2 na atmosfera aumentaram tão drasticamente – inclusive uma medida disso em nosso relatório meteorológico diário é um símbolo do que a atividade humana está fazendo com nosso clima”, disse Viner em abril último (Viner in April). “As pessoas precisam lembrar que a crise climática não é mais um problema futuro – precisamos enfrentá-la agora e em todos os dias isso interessa e é importante”.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2019.