18-06-2024
[NOTA DO WEBSITE: O mais chocante desta matéria do professor é quando diz, expressamente: “Se eu tivesse uma varinha mágica, afirma, tocaria “a mente e o coração das pessoas para que recusassem o plástico descartável em suas vidas”. “Não sou a favor da proibição, sou a favor de que as pessoas optem por proteger a saúde de suas famílias, melhorar a sua economia com alimentos a granel, próximos delas, e eliminar os resíduos de suas vidas. Isto todos nós podemos fazer amanhã mesmo, não é necessário esperar que os legisladores em Bruxelas ou na comunidade autônoma tomem decisões. É algo gradual”. É algo que nos entristece porque há mais de 30 anos, estamos também, não nossa pequenez pessoal, trazendo a mesma percepção que tomamos contato em 1989 quando nos chega um texto sobre os efeitos dos chamados aditivos, melhor definido como ‘plastificantes’ sobre a saúde de todos os fetos machos, de todos os seres vivos, que ainda nem haviam nascido. O efeito era constatado então sobre os nossos espermatozoides que acontece deste os nossas primeiras semanas de vida uterina. Hoje, esta realidade vai muito além. Afeta todos os organismos naquilo que temos de mais rico em nosso processo humano de evolução: sobre nossos cérebros! Mas como afirma o professor, ainda há esperanças!].
O professor de Economia Circular e Regenerativa da Harvard (Estados Unidos), Manuel Maqueda, considera que “uma civilização inteligente não colocaria o seu alimento e bebida em plásticos”, um material que pode ser fabricado, sob sigilo industrial, com 10.000 aditivos tóxicos diferentes e que já é “um problema para a saúde humana”.
“Os plásticos estão em nossos tecidos, em nosso sangue, nos fetos, nas placentas… não é apenas um problema ambiental, é um problema de saúde humana”, afirma este especialista em plásticos.
Neste final de semana, Maqueda falará sobre como estes materiais se infiltram nos menus para mais de 70 chefs de todo o mundo (que somam 80 estrelas Michelin), reunidos em Cádiz, convidados pelo ‘chef do mar’, Ángel León, no evento Despesques 2024.
O plástico que ingerimos
Ao tomar uma xícara de chá (com saquinhos de “seda” fabricados com polietileno), uma pessoa ingere 14,7 bilhões de micro e nanoplásticos. Vão se somar a muitos outros que come, bebe e respira e que fazem, em média, com que ingira [por semana] de 3 a 5 gramas (o peso de um cartão de banco), com rotinas tão habituais como guardar um alimento em um recipiente de plástico.
“O plástico em contato com os alimentos é um vetor de contaminação. A acidez, a gordura e a temperatura aumentam o risco”, explica, dando um exemplo que mostra que o plástico de uma vasilha interage com os alimentos. Quando se guarda o molho de tomate ou caril, os recipientes ficam tingidos de vermelho ou amarelo porque há uma “interação química”.
Maqueda explica que a toxicidade do plástico está no fato de que “a metade de seu peso são aditivos”, materiais tóxicos que são adicionados para lhe conferir diversas propriedades. Portanto, “se você coloca o seu alimento e bebida em plásticos, está jogando roleta russa com a sua saúde, e isso acontece na cozinha de qualquer casa e na de um restaurante com três estrelas Michelin. Nestes talvez ainda mais, porque há muitas técnicas culinárias que utilizam plástico, como a cozedura a vácuo”, detalha.
Alterações celulares
O especialista afirma que a ingestão de aditivos do plástico provoca desregulação endócrina, pois “se comportam no corpo como hormônios que em doses muito baixas produzem alterações celulares”. “Isso tem ligação com praticamente todos os tipos de câncer. Também está associado a doenças como Parkinson, diabetes, demência, doenças cardiovasculares, obesidade, puberdade precoce e síndrome do déficit de atenção, basicamente todas elas epidemias de nossa era”.
Considera que “é muito difícil especificar” na saúde o impacto dos aditivos dos plásticos na desregulação endócrina, já considerada pela Organização Mundial de Saúde uma ameaça global, porque existem “múltiplos vetores de contaminação”, argumenta.
Outros, que começam a ser descobertos e que são “um veneno como nenhum outro”, são os micro e nanoplásticos, porque este material “vai se fragmentando em partículas tão pequenas e leves que estão até mesmo no ar e na chuva”. “Foram descobertos em 100% das placentas e penetram no cérebro porque são capazes de romper a barreira hematoencefálica, um recinto sagrado para proteger o cérebro”, afirma.
“Equipe de chefs voluntários”
Maqueda propõe, neste fim de semana, que os chefs criem “uma espécie de equipe de chefs voluntários” para começar a eliminar os plásticos de seus menus, porque medidas como a proibição de plásticos descartáveis, como os canudinhos, não estão dando resultados: “A produção segue aumentando”.
“Se eu tivesse uma varinha mágica, afirma, tocaria “a mente e o coração das pessoas para que recusassem o plástico descartável em suas vidas”. “Não sou a favor da proibição, sou a favor de que as pessoas optem por proteger a saúde de suas famílias, melhorar a sua economia com alimentos a granel, próximos delas, e eliminar os resíduos de suas vidas. Isto todos nós podemos fazer amanhã mesmo, não é necessário esperar que os legisladores em Bruxelas ou na comunidade autônoma tomem decisões. É algo gradual”, detalha.
“Enlouquecemos”, diz, ao lembrar, por exemplo, que o preço do café em cápsulas pode chegar aos 100 euros e o da água engarrafada ser “mil vezes superior ao da torneira”. Argumenta, além disso, que “por trás das embalagens sempre se esconde um modelo de negócio que rouba os produtores e os clientes finais” e que gera “resíduos desnecessários”.
Otimismo ambiental
Em suas palestras e aulas, Maqueda também tenta romper “mitos” da sustentabilidade, como a reciclagem – “o resíduo é uma falha de design, afirma” –, e a descarbonização: “Metade das emissões vem da fabricação de coisas”, não importa se você fabrica carros elétricos ou a diesel, painéis solares ou moinhos de vento, está fixado em fabricar de forma linear e temos de agir de forma circular, para que os carros de hoje sejam feitos com os materiais dos carros de ontem”.
Além disso, Maqueda abre espaço para o otimismo ambiental: “As mudanças são inevitáveis. No longo prazo, sou otimista, no curto e médio prazo, nem tanto”. Acredita que a “transformação” terá de acontecer “quando se perder a segurança climática, que já começa a ser sofrida porque já existem 20 milhões de refugiados climáticos”.
Para ele, essa transformação chegou há décadas, quando visitou, no Atol de Midway, uma ilha no meio do Pacífico Norte, separada dos continentes por uma imensidão de oceano. Lá, tão longe da civilização, viu como os albatrozes confundem o plástico com o alimento e o regurgitam para os seus filhotes. “Vi o espelho da nossa civilização, nós estamos nos alimentando com lixo”, finaliza.
Muito bom, grato por compartilhar.
Grato, meu querido amigo… nossa jornada recém começou… abraços, Jacques.