Plástico: “Plastic People” — Um documentário que mudou minha visão sobre eles

Cartaz referente ao documentário. Abaixo trechos do documentário.

https://www.ehn.org/plastic-people-documentary-2667625301.html

Amanda Vanjaarsveld

29 de março de 2024

[NOTA DO WEBSITE: É triste que somente agora quando a situação parece absolutamente impossível de se resgatar todo o plástico que viemos lançando no ambiente planetário há somente uns 60 ou 70 anos, é que nos damos conta do que fizemos para todo o futuro. E esse tema só por nós, pessoalmente, já viemos clamando sobre seus efeitos maléficos há uns 30 anos. Bem, agora muitos do mundo deram-se conta do terror que são essas moléculas e o todo o que lhes envolve, trouxeram ao mundo. Ótimo! Mas o que fazer para tirá-las todas de nossas vidas e de todos os seres? Ninguém além de não ter a mínima noção, as criminosas corporações petroagroquímicas permanecem na sua sanha cruel de, por dinheiro, nem imaginarem parar com esse . E a sociedade como um todo, com todas as estruturas públicas que existem e sustenta e que lhe deveriam preservar e cuidar, o que estão fazendo no aqui e agora? E nós os consumidores, estamos fazendo algo?].

A crise do plástico evoluiu de uma preocupação ambiental para um problema crítico de saúde humana.

AUSTIN, TX — Num novo documentário destacou os efeitos nocivos dos plásticos na saúde humana e abriu meus olhos para esta crise generalizada.

Ao chegar na estreia de Plastic People, me sentia bem informada sobre plásticos. No entanto, ao longo do filme descobri novos conhecimentos, incluindo o processo de produção, os impactos no corpo humano dos produtos químicos nocivos presentes nos plásticos (nt.: para conhecer melhor que químicos seriam estes, ir ao interior de nosso site e procurar por ‘plastificantes’ e/ou ‘disruptores endócrinos’) e soluções potenciais. Fiquei cativada.

Aqui estão os cinco pontos-chave que tirei do filme.

1. Não há como evitar a exposição ao plástico

O plástico tornou-se tão importante na nossa vida quotidiana que evitá-lo completamente é um enorme desafio, se não impossível. Está em todo o lado – desde as montanhas mais altas até às partes mais profundas dos nossos oceanos. Se você olhar mais de perto seus produtos favoritos, provavelmente notará que muitos deles contêm plástico. Todos nós carregamos vestígios de plástico em nossos corpos, independentemente dos esforços para minimizarmos a exposição.

2. Os plásticos nunca desaparecem, apenas se decompõem em partículas menores (nt.: tese que viemos, em nosso website, defendendo há mais de vinte anos. E estendemos a todas as moléculas artificiais, o mesmo princípio. Podem ‘desaparecer’… simplesmente porque se tornaram seus metabólitos, também sintéticos… e assim vai, até quando?)

Os plásticos, uma vez criados, tornam-se uma presença permanente no nosso ambiente. Isto deve-se aos microplásticos, que são pequenas partículas que se formam quando os plásticos se fragmentam, em vez de se decomporem e desaparecerem. Esses fragmentos chegam aos nossos alimentos, água, plantas, colheitas, oceanos e outros lugares. Muitas vezes ouvimos que a reciclagem é a resposta, mas, na realidade, a reciclagem nada mais é do que uma solução band-aid (nt.: ou seja, falaciosa e conhecida como greenwashing). A única solução real é parar de produzir estes produtos nocivos.

3. A investigação dos efeitos dos microplásticos no corpo humano é limitada

Fiquei surpreso ao saber que estamos apenas começando a estudar os efeitos que os plásticos têm na saúde humana. Alguns dos produtos químicos presentes nos plásticos com os quais estamos familiarizados – retardadores de chama, PFASBPA, ftalatos e outros – e já sabemos que são prejudiciais. Estas substâncias estão associadas a problemas de saúde como obesidade, infertilidade, câncer, doenças cardíacas e muito mais. O fundador e cientista-chefe da Environmental Health Sciences, Pete Myers (nt.: co-autor do livro de Theo Colborn ‘OUR STOLEN FUTURE’ que co-traduzimos para o português e editado em 1997, pela editora L&PM, como ‘O Futuro Roubado’. Vem daí o título de nosso website, honrando esses grandes cientistas abnegados) – que aparece no filme – também observou como os plásticos impactam negativamente a contagem de espermatozóides e que, em 2045, muitos homens não serão capazes de se reproduzir tão facilmente. É ainda mais assustador imaginar os efeitos potenciais que os produtos químicos desconhecidos nos plásticos podem ter na nossa saúde.

4. A produção de plástico está diretamente ligada às empresas de petróleo e gás

Já ouvi muitas vezes falar da ligação entre os produtos químicos ambientais e as grandes corporações. Esta estreita relação significa que a procura de plástico tem um impacto direto na procura de combustíveis fósseis. Um morador do filme destacou como uma usina petroquímica próxima estava poluindo sua cidade com altos níveis de benzeno, apesar do nível seguro de benzeno ser zero. As fábricas petroquímicas — que transformam combustíveis fósseis em produtos químicos — nos Estados Unidos estão contaminando comunidades próximas e a maioria dos plásticos é derivada de produtos petroquímicos. Estas empresas pretendem triplicar o seu consumo de plástico até 2060. É alarmante pensar que as grandes empresas estão considerando aumentar o consumo de plástico quando já estamos lutando para lidar com os atuais níveis de produção.

5. A solução não depende de nós. A única saída é reduzir a quantidade que produzimos 

Não pude deixar de me perguntar “O que devemos fazer sobre isso?” As gerações anteriores encontraram desafios de poluição e enfrentaram-nos. Por que não estamos fazendo o mesmo? Podemos trabalhar individualmente para reduzirmos os plásticos nas nossas casas e na vida quotidiana, mas isso não resolverá totalmente o problema. Precisamos redesenhar estes produtos e os produtos químicos perigosos que contêm.

Para aqueles que não estão totalmente informados sobre os impactos dos plásticos na saúde, este documentário serve como uma grande revelação. Pode ser frustrante descobrirmos que os produtos que confiávamos de serem “seguros” e aos quais estamos expostos na nossa vida diária estão, na verdade, nos prejudicando. Este documentário ilumina a questão, promove a conscientização e, esperançosamente, impulsionará mudanças.

Para saber mais sobre o filme Plastic People, visite o site aqui.

Plastic People é um documentário marcante que narra a relação tensa da humanidade com o plástico e a missão de uma mulher de expor novas revelações chocantes sobre o impacto dos microplásticos na saúde humana.

Sinopse de ‘Plastic People’


O documentário inovador Plastic People investiga nosso vício em plástico e a crescente ameaça dos microplásticos à saúde humana. Quase todo pedaço de plástico já produzido se fragmenta em “microplásticos” (nt.: já estamos constatando que ewtão chegando a nanoplásticos, ou seja, 9 zeros depois da vírgula = 0,000000001 ou partes por bilhão/ppb). Essas partículas microscópicas flutuam no ar, flutuam em todos os corpos d’água e se misturam ao solo, tornando-se parte permanente do meio ambiente.

Agora, os principais cientistas estão encontrando essas partículas em nossos corpos: órgãos, sangue, tecido cerebral e até mesmo nas placentas de novas mães. Qual é o impacto desses invasores invisíveis na nossa saúde? Há algo pode ser feito a respeito?

A aclamada autora e jornalista científica Ziya Tong adota uma abordagem pessoal visitando cientistas renomados ao redor do mundo e realizando experimentos em sua casa, em sua comida e em seu corpo, enquanto colabora com o premiado diretor Ben Addelman (Discordia, Bombay Calling, Nollywood Babylon, Kivalina v. Exxon) num apelo urgente à ação para que todos nós repensemos a nossa relação com o plástico.

Director: Ben Addelman; Co-Director & Science Journalist: Ziya Tong; Producers: Vanessa Dylyn and Stephen Pannicia; Executive Producers: Peter Raymont, Rick Smith and Steve Ord.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, março de 2024.