O artista ambiental Phil Allard criou uma escultura com 70.000 garrafas plásticas de água descartadas por clientes no Eaton Center de Montreal, exibida em 5 de novembro de 2007. Michel PONOMAREFF / PONOPRESSE / Gamma-Rapho via Getty Images
https://www.ecowatch.com/bottled-water-environmental-health-impacts.html
25 de setembro de 2024
[NOTA DO WEBSITE: Mais um alerta para se abandonar o emprego de água engarrafada em recipientes plásticos com todos os danos que este tipo de embalagem traz a todos. Quando iremos seguir este alerta e ter uma atitude mais amorosa com todos os seres vivos?].
Garrafas plásticas contendo água supostamente limpa e saudável de uma nascente na montanha, de uma torneira municipal ou de outras fontes se tornaram parte da paisagem moderna — e dos aterros sanitários.
Um novo comentário publicado por especialistas em saúde populacional no BMJ Global Health/Britsh Medical Journal alerta que o enorme e crescente impacto da água engarrafada na saúde dos seres humanos e do planeta justifica repensar seu uso.
A cada minuto, um milhão de garrafas de água são compradas em todo o mundo, disse um press release do BMJ Group. Os especialistas dizem que esse número continuará a aumentar conforme a demanda aumenta.
“O uso generalizado de água engarrafada contribui significativamente para a poluição; expõe as pessoas a contaminantes potencialmente prejudiciais e também contribui para as emissões de gases de efeito estufa”, disse Amit Abraham, autor principal e professor assistente de ciências clínicas de saúde populacional na Weill Cornell Medicine–Qatar (WCM-Q), à Newsweek.
Aproximadamente dois bilhões de pessoas no mundo dependem de água engarrafada porque têm acesso limitado ou nenhum acesso seguro à água potável, disse o BMJ Group. A maioria dos outros a consome por conveniência e porque ela foi comercializada como uma escolha mais segura e frequentemente mais saudável do que a água da torneira.
Mas os autores do WCM-Q dizem que a saúde e a segurança da água engarrafada são um mito.
Os autores explicaram que a água engarrafada geralmente não é submetida aos mesmos padrões rigorosos de segurança e qualidade da água da torneira. Ela também pode trazer o risco de produtos químicos tóxicos que vazam do plástico, particularmente se as garrafas forem mantidas armazenadas por um longo período de tempo ou expostas a altas temperaturas e luz solar.
Estima-se que 10 a 78 por cento das amostras coletadas de água engarrafada continham contaminantes, incluindo ftalatos, bisfenol A (BPA) e microplásticos, que geralmente são classificados como disruptores hormonais ou endócrinos.
A contaminação por microplásticos tem sido associada à disrupção do sistema imunológico, estresse oxidativo e mudanças nos níveis de gordura no sangue. Os autores disseram que a exposição ao BPA tem sido associada à pressão alta, doenças cardíacas, diabetes e obesidade (nt.: e em textos anteriores ao aumento do autismo entre meninos).
“Embora existam limites de segurança de curto prazo, os efeitos de longo prazo desses contaminantes permanecem em grande parte desconhecidos”, disse Abraham, acrescentando que os microplásticos também podem entrar na cadeia alimentar.
A água da torneira é mais ecológica do que a água engarrafada. As garrafas plásticas são o segundo poluente mais comum no oceano, compondo 12 por cento de seus resíduos plásticos. Apenas nove por cento das garrafas são recicladas, com a maioria acabando em aterros sanitários ou incineradores, ou sendo “’exportadas’ para países com rendas baixas e médias, o que os autores disseram que levanta a questão da justiça social.
Os autores acrescentaram que a extração das matérias-primas necessárias para fazer garrafas plásticas, bem como o processo de fabricação delas, contribui significativamente para as emissões globais de gases de efeito estufa.
“Coletivamente, as evidências acumuladas ressaltam o papel crítico das intervenções governamentais e campanhas educacionais na mudança da percepção e do comportamento público. Essas campanhas devem destacar a administração ambiental e os benefícios à saúde da escolha da água da torneira, efetivamente impulsionando uma mudança cultural em direção a práticas de consumo mais sustentáveis”, disseram os autores.
Embora algumas medidas tenham sido tomadas para controlar o uso de plásticos de uso único e facilitar o consumo de água potável em espaços públicos e restaurantes, os autores disseram que muito mais precisa ser feito.
“A dependência de [água engarrafada] acarreta custos significativos de saúde, financeiros e ambientais, exigindo uma reavaliação urgente de seu uso generalizado”, disseram os autores. “Ao priorizar o consumo de água da torneira, podemos abordar coletivamente os desafios multifacetados impostos pela [água engarrafada] e adotar a água da torneira como uma pedra angular da responsabilidade ambiental e da saúde pública.”
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, setembro de 2024