PFAS: Rápidos níveis crescentes dos ‘químicos eternos’ de TFA, alarma os especialistas

Great Blue Heron Inspecting An Irrigation Canal For A Meal.

https://www.theguardian.com/environment/2024/may/01/rapidly-rising-levels-of-tfa-forever-chemical-alarm-experts

Leana Hosea Rachel Salvidge

02 de maio de 2024

[NOTA DO WEBSITE: É simplesmente chocante que com todas as conclusões e declarações dos técnicos consultados por essa matéria, ainda se persista não só usando, mas liberando novas quantidades desses químicos sintéticos definidos como ‘forever chemicals/químicos eternos’. Parece que a ‘ciência’ só tem valor ‘científico’ para essa ala da sociedade tecnocrática que vivemos, quando e só quando lhes interessa. E o mais incrível é que os que defendem os ‘forever chemicals’ são tidas como seres humanas. Como? Enfim, esse é o mundo global que estamos vivendo e se está vigindo é porque aceitamos, passiva ou ativamente. Já está mais do que provado que os elementos halogênios, CLORO, BROMO E FLÚOR, interferem na produção materna dos hormônios da tiroide indispensávei para a formação básica dos cérebros fetais. Por isso vivemos numa sociedade onde o QI está descrecendo vertiginosamente. A média do QI dos brasileiros está em 83 quando deveríamos estar lá pelo 100! Assim, manter essa loucura da química sintética somente reforça a opção suicida e autofágica do atual momento da sociedade tecnofeudal planetária].

Acredita-se que o ácido trifluoroacético/TFA encontrado na água potável e na chuva prejudique a fertilidade e o infantil.

Níveis rapidamente crescentes de TFA, uma classe de “químicos eternos/forever chemicals” que se acredita prejudicar a fertilidade e o desenvolvimento infantil (nt.: ver o link), estão sendo encontrados na água potável, no sangue e na chuva, causando alarme entre os especialistas.

TFA, ou ácido trifluoroacético, é um tipo de substância per e polifluoroalquil (PFAS), um grupo de produtos químicos produzidos pelo homem amplamente utilizados em produtos de consumo que não se decompõem por milhares de anos. Muitas das substâncias têm sido associadas a efeitos negativos na saúde humana.

Estudos de todo o mundo relatam aumentos acentuados nos TFA. Uma fonte importante são os gases fluorados, que foram introduzidos para substituir os CFCs (nt.: os famigerados clorofuorcarbono que criminosamente foram substuidos por outro gás da mesma famíla, o HCFC, ou seja, seis por meia dúzia!!) que destroem a camada de ozônio na refrigeração, no ar condicionado, nos sprays de aerossol e nas bombas de calor. Agrotóxicos (nt.: também permitidos no Brasil, um deles é o tiafenacil), corantes e produtos farmacêuticos também podem ser fontes.

“Para onde quer que você olhe, está aumentando. Não há estudo em que a concentração de TFA não tenha aumentado”, disse David Behringer, um consultor ambiental que estudou TFA na chuva para o governo alemão.

“Se você está bebendo água, você está bebendo muito TFA, onde quer que você esteja no mundo… A China teve um aumento de 17 vezes no TFA em águas superficiais em uma década, os EUA tiveram um aumento de seis vezes em 23 anos.” Foi descoberto que o TFA na água da chuva na Alemanha aumentou cinco vezes em duas décadas.

“Estou preocupado com isso porque nunca vimos na história recente um produto químico que está se acumulando em tantos meios em uma taxa tão alta”, disse Hans Peter Arp do Instituto Geotécnico Norueguês e da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. “Ele está se acumulando em nossa água da torneira, na comida que estamos comendo, nas plantas, nas árvores, no mar e em tudo nas últimas décadas.”

Ele acrescentou: “Todos nós temos experimentado concentrações crescentes de TFA em nosso sangue desde que o protocolo de Montreal [que baniu os CFCs], foi assinado por quase todas as nações. As gerações futuras terão concentrações crescentes em seu sangue até que algum tipo de ação global seja tomada. A acumulação [no ambiente] é essencialmente irreversível e temo que o impacto sobre os humanos e o ambiente não será reconhecido pelos cientistas até que seja tarde demais.”

No mês passado, o regulador químico alemão informou à Agência Europeia de Produtos Químicos que queria que o TFA fosse classificado como tóxico para a reprodução, o que significa que pode prejudicar a função reprodutiva humana, a fertilidade e o desenvolvimento fetal.

Dinamarca e Alemanha estabeleceram limites para TFA na água potável, mas o Reino Unido não. As empresas de água da Inglaterra foram solicitadas a avaliar suas fontes de água potável para 47 tipos de PFAS, mas o TFA não está na lista.

O Executivo de Saúde e Segurança da Grã-Bretanha identificou o TFA como “uma substância preocupante, pois há indícios de que pode causar toxicidade no desenvolvimento fetal” e a Agência Ambiental diz que está planejando um programa direcionado para testar o TFA em águas superficiais e subterrâneas.

Um porta-voz do Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais disse que continuaria a “avaliar os níveis de PFAS que ocorrem no meio ambiente, suas fontes, riscos potenciais e a informar abordagens políticas e regulatórias.

“Regulamentos exigem que a água potável não contenha nenhuma substância em um nível que constitua um perigo potencial à saúde humana. Se TFA for detectado na água potável, esperaríamos que as empresas reagissem da mesma forma que para outros compostos PFAS.”

Mas o TFA é incrivelmente difícil de remover da água. “Não há como retirar o TFA”, disse Behringer. “A osmose reversa é extremamente cara e não escalável, então o caminho lógico é interromper a entrada.”

O Comitê Técnico Europeu de Fluorocarbonos, representando a indústria de gases Flúor e produtos químicos, diz que o TFA ocorre naturalmente em grandes quantidades no meio ambiente. Ele diz que o uso industrial do TFA é limitado e as liberações ambientais são muito baixas. Ele não respondeu a uma solicitação do The Guardian para comentários (nt.: observa-se a postura dos que fazem parte desse Comitê ‘Ténico’ se não é venal e irresponsável, sempre defendendo os interesses econônicos dos criminosos e nunca a população).

Mas essas afirmações foram contestadas. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA afirma que os TFA são um produto da degradação dos gases fluorados. Além disso, estudos sobre núcleos de gelo do Ártico mostram que os níveis de TFA têm aumentado acentuadamente desde que os gases fluorados substituíram os CFC na década de 1990.

“Sempre que a indústria diz que é natural, cita determinados artigos científicos”, diz a professora Shira Joudan, química analítica ambiental da Universidade de Alberta. Ela disse que estudou estes artigos de décadas atrás e descobriu que eles apenas sugeriam que era possível que o TFA ocorresse naturalmente devido à falta de conhecimento das suas origens na altura dos estudos.

“Nenhuma das evidências diz que é natural”, disse Joudan. “Quando a indústria diz que é natural, é um perigo, porque então ninguém assume a responsabilidade pela poluição.”

Ariana Spentzos, da ONG Política de Ciência Verde, disse: “Estamos seguindo o conhecido manual do PFAS, permitindo a contaminação ambiental imprudente e só descobrindo depois do fato o rastro de danos deixado para trás. Estamos apenas começando a compreender os riscos à saúde associados ao TFA.”

Grupos ambientais estão pedindo ao governo do Reino Unido que tome mais medidas para lidar com substâncias PFAS. “PFAS apresenta uma crise global de poluição química que requer ação urgente”, disse Hannah Evans, do grupo de campanha Fidra. “Estamos pedindo ao governo do Reino Unido que evite emissões de PFAS na fonte, o que inclui revisar as regulamentações de gases de Flúor e agrotóxicos para se eliminar gradualmente os PFAS.”

A Agência Ambiental Alemã recomenda o uso de gases refrigerantes naturais. Seu presidente, Dirk Messner, disse: “O TFA é encontrado em todos os lugares – na água, no solo, nos alimentos e no corpo humano. Ele não se decompõe e dificilmente pode ser removido da água potável. No entanto, os produtos químicos formadores de TFA são numerosos e estão aumentando. Substâncias persistentes de várias fontes, como o TFA, passam pelas brechas regulatórias. Para reduzir a liberação de TFA no meio ambiente, precisamos de regulamentação consistente e preventiva, minimização intersetorial e uma substituição por alternativas sem TFA sempre que possível.“

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2024