PFAS: Químicos eternos/forever chemicals afetam a placenta e podem aumentar os riscos da gravidez.

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https://www.newsweek.com/forever-chemicals-disrupt-placenta-may-add-risk-pregnancies-PFAS-11162149

Daniella Gray

05 dez 2025

[Nota do Website: Mais e mais comprovações de que os perfluorados atuam em todas as fases da vida dos seres vivos, aparecem na mídia convencional. Se a ciência que o mundo ocidental tanto usa para fabricar e dispersar essas moléculas artificiais, está demonstrando e cada vez mais confirmando que essas moléculas são deletérias, como elas continuam não só sendo fabricadas como empregadas em tantos e tantos produtos de uso cotidiano? Quem está determinando a prática desse crime? Como a ciência moderna e ocidental não é ouvida nem respeitada?].

Seis substâncias químicas comuns, conhecidas como “substâncias químicas eternas”, podem perturbar o desenvolvimento inicial da placenta e colocar em risco a saúde da gravidez antes mesmo que a maioria das mulheres saiba que está grávida, de acordo com um novo estudo. 

Conhecidos formalmente como substâncias per e polifluoroalquiladas (PFAS), esses produtos químicos são comumente encontrados em água potável contaminada, embalagens de alimentos, panelas antiaderentes e tecidos.

Durante os primeiros 90 dias de gravidez, o feto começa a formar seus órgãos e a placenta se estabelece como a ligação vital entre a mãe e o bebê, regulando nutrientes, oxigênio e resíduos metabólicos.  

Embora a placenta possua suas próprias barreiras protetoras, os PFAS são excepcionalmente persistentes: acumulam-se no organismo ao longo do tempo, podem atravessar o tecido placentário e têm sido associados a complicações que variam desde o comprometimento do crescimento fetal até, em casos graves, o aborto espontâneo. 

“Para uma avaliação de risco precisa, é importante documentar a exposição a PFAS com mais exatidão, especialmente durante o primeiro trimestre da gravidez”, afirmou a Dra. Violeta Stojanovska, cientista da área de reprodução do UFZ/Leipzig/Alemanha e principal investigadora do estudo, em comunicado.  

Até agora, a maioria das pesquisas se baseou na detecção de PFAS no final da gravidez ou em modelos celulares simplificados que testam os compostos PFAS individualmente — abordagens que não refletem a exposição no mundo real. 

Em colaboração com o Hospital Municipal de Dessau, um hospital universitário da Escola de Medicina de Brandemburgo, a equipe do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental analisou tecido placentário do primeiro trimestre de gestação de 31 mulheres. 

A partir dessas amostras, eles identificaram seis compostos PFAS detectados em altas concentrações: ácido perfluorononanoico, ácido perfluorooctanossulfônico, ácido perfluorobutanoico, ácido perfluorooctanoico, ácido perfluorohexanossulfônico e ácido perfluorodecanoico. 

“Esses PFAS foram relevantes para nossas investigações porque os detectamos em altas concentrações na placenta e havia indícios na literatura de que eles poderiam desencadear complicações na gravidez”, disse a autora do artigo, Yu Xia, em um comunicado. 

Os pesquisadores combinaram os seis produtos químicos em uma mistura de PFAS relevante para a placenta e a expuseram a um modelo de trofoblasto 3D — um sistema avançado que imita a arquitetura celular esférica do tecido placentário inicial com muito mais precisão do que as culturas planas tradicionais. 

Os trofoblastos, células placentárias que invadem o tecido materno e se conectam à corrente sanguínea da mãe, dependem de uma coreografia celular precisa durante o início da gravidez. Mas, quando expostos à mistura de PFAS, os modelos 3D apresentaram claros sinais de ruptura. 

A capacidade invasiva das células — crucial para garantir nutrientes e o crescimento fetal ideal — estava comprometida. A análise da expressão gênica revelou distúrbios tanto na apoptose (morte celular programada) quanto na proliferação (crescimento celular saudável).  

“Os dois processos são mantidos em equilíbrio natural durante o desenvolvimento da placenta”, explicou Stojanovska. “No entanto, esse equilíbrio é perturbado quando a placenta é exposta a altas concentrações de PFAS.” 

A mistura de PFAS também reduziu a produção de β-hCG, o primeiro hormônio da placenta e um dos primeiros reguladores da gravidez.  

A β-hCG desempenha um papel fundamental na produção de progesterona, na manutenção do revestimento uterino e na prevenção da rejeição do feto pelo sistema imunológico materno. Uma queda nesse hormônio, alertou a equipe, pode ser um sinal precoce de uma disfunção endócrina mais ampla. 

“O estudo enfatiza os efeitos nocivos da mistura PFAS na função do trofoblasto e, portanto, os riscos potenciais para a saúde da placenta e o resultado da gravidez”, disse a professora Ana Zenclussen, chefe do departamento de imunologia ambiental da UFZ, em um comunicado. 

Embora a placenta possa atuar como protetora do feto, até mesmo ela apresenta vulnerabilidades — e o estudo sugeriu que os PFAS podem se aproveitar delas. 

Referência

Xia, Y., Fu, Q., Voss, H., Fest, S., Arnold, S., Bauer, M., Fink, B., Zenclussen, A. C., & Stojanovska, V. (2025). Real-life per- and polyfluoroalkyl substances mixture impairs placental function: Insights from a trophoblast spheroid model. Environmental Research287https://doi.org/10.1016/j.envres.2025.123037

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2025

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