OMM: Número de desastres climáticos está subindo rapidamente.

Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou nesta segunda-feira (14) o Atlas de Mortalidade e Perdas Econômicas do Tempo, Clima e Extremos Hídricos 1970-2012 (Atlas of Mortality and Economic Losses from Weather, Climate and Water Extremes 1970-2012), que serve como um choque de realidade para todos nós.

 

 

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A reportagem é de Fabiano Ávila, publicada por CarbonoBrasil, 14-07-2014.

De acordo com o documento, desde 1970 aconteceram 8.835 desastres climáticos, com 1,94 milhão de mortes e US$ 2,4 trilhão em prejuízos.

O Atlas mostra como a cada década o número de eventos extremos foi aumentando. Entre 1971 e 1980 foram 753, entre 1981 e 1990, 1.534, entre 1991 e 2000, 2.386, e entre 2001-2010, 3.496.

“Desastres causados pelo clima e relacionados com a água estão aumentando por todo o mundo. Tanto países industrializados quanto não industrializados estão sofrendo com cheias repetidas, secas, temperaturas extremas e tempestades (…) As variabilidades naturais estão agora exacerbadas pelas induzidas pela humanidade”, afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM.

Tempestades e enchentes somam 79% do total de desastres relacionados ao clima, e causaram 55% das perdas de vidas e 86% dos prejuízos entre 1970 e 2012. Por sua vez, as secas provocaram 35% das mortes.

Os eventos com mais fatalidades foram a seca na Etiópia em 1983 e o ciclone Bhola em Bangladesh em 1970, com 300 mil mortes cada um.

Já o furacão Katrina nos Estados Unidos em 2005 foi o que trouxe mais prejuízos, US$ 146 bilhões. Os norte-americanos também sofreram com o segundo maior evento em perdas econômicas, a super tempestade Sandy, em 2012, US$ 50 bilhões.

Na América do Sul ocorreram 696 eventos extremos entre 1970 e 2012, resultando nas mortes de 54 mil pessoas e em US$ 71,8 bilhões em perdas. O pior desastre foi a enchente em 1999 na Venezuela, que tirou 30 mil vidas.

No Brasil, a enchente e os deslizamentos de terra em 2011 no Rio de Janeiro, com 900 mortes, foram o evento mais letal. O que trouxe mais prejuízo foi a seca de 1978, resultando em perdas de US$ 8,1 bilhões.

OMM estima que os números reais devem ser bem piores, já que pelo menos 50% das informações sobre um determinado evento se perdem antes de serem coletadas.

Assim, o Atlas salienta a importância do monitoramento e da coleta de dados, que servem para direcionar recursos de forma mais eficiente para as regiões mais necessitadas.

“Coletar dados globais é um grande desafio. Agências climáticas e meteorológicas estão trabalhando com pesquisadores para superar essa dificuldade. Essa parceria produz análises que ajudam na tomada de decisões que reduzem as perdas de vidas, como o investimento de sistemas de alerta nas comunidades mais vulneráveis”, afirmou Debarati Sapir, diretora do Centro de Pesquisas de Desastres da Universidade de Louvain, que trabalhou na elaboração do Atlas.

OMM pede ainda que a comunidade internacional invista cada vez mais na prevenção de desastres, na gestão de riscos e na transferência de tecnologias para os países mais pobres.

“Melhores sistemas de alerta e gestão estão ajudando a prevenir perdas de vidas. Mas os impactos socioeconômicos dos desastres estão aumentando por causa da sua maior frequência e intensidade e pela crescente vulnerabilidade das sociedades humanas”, concluiu Jarraud.