PFCs
em Animais em Todo o Mundo Depois
de cinco décadas de amplo uso em produtos de consumo, bens industriais
e processos, o PFOA foi disperso por todo o globo e agora contamina
a vida selvagem em três dos quatro continentes testados. Outros PFCs
são bem mais prevalentes. Nas
décadas recentes o PFOA transformou-se através das pesquisas químicas
de uma matéria prima primordial na produção de produtos de consumo
a um poluente de amplitude global. O PFOA foi encontrado na vida selvagem
da Itália, dos EUA, do Japão, da Rússia, da Bélgica e do Canadá e
ainda de lugares remotos como em Midway Atoll no Sand
Island Wildlife Refuge. Os cientistas detectaram o PFOA na gema
de ovos do cormorão de dupla crista do lago Winnipeg, em Manitoba
no Canadá; no sangue da foca do Mar Cáspio russo; e no golfinho de
focinho curto da costa da Flórida (Tabela 1). Tabela 1. PFOA em vida selvagem.
O PFC como contaminante global. Apesar do PFOA contaminar completamente a
vida selvagem, outros PFCs são muito mais prevalentes. Em razão do
PFOA e outros PFCs parecerem ser tóxicos por mecanismos comuns e atingem
órgãos e sistemas comuns em animais, a influência combinada de múltiplos
PFCs leva riscos de saúde à vida selvagem. Como
o DDT, os PCBs e o Dieldrin nos anos setenta, o PFOS, o PFOA e outros
compostos perfluorados e polifluorados distribuíram-se por todo o
planeta. Eles foram detectados em animais que vivem nos ambientes
mais primevos e locais extremamente remotos. Mesmo
as análises terem sido limitados com relação à presença dos PFCs no
ambiente, eles foram detectados em 76 de 98 espécies testadas, de
14 países e em 3 de 4 continentes nos quais os espécimens foram coletados.
O PFOS, usado pela 3M nos produtos Scotchgard até 2000, é o que mais
amplamente foi detectado: "O
PFOS foi detectado em todas as espécies analisadas da vida selvagem."
– afirmaram Giesy e colaboradores quanto aos resultados de seu estudo
de 175 amostras de fígado e sangue de mamíferos marinhos, peixes e
pássaros das costas dos Mares Báltico e Mediterrâneo. [10] A evidência constatada pela 3M sobre a contaminação
global nos anos oitenta.
Através de estudos conduzidos no final dos anos oitenta, a 3M constatou
que o produto de degradação final de muitos PFCs - PFOA e PFOS, por
exemplo – não se degradarão no ambiente. Estes estudos de laboratório
cobriram todos os mecanismos básicos pelos quais se sabe que os químicos
se degradam – pela ação da luz do sol ou através de reações químicas
na atmosfera (fotólise), pela ação de bactérias (biodegradação) e
pela reação química com a água (hidrólise). A 3M constatou que os
PFCs terminais são completamente resistentes a todos estes processos.
[16-20] Através
de outros estudos que definiam parâmetros como pressão do vapor e
a constante de Henry, a 3M pode aprender que alguns PFCs têm potencial
para migrarem a longas distâncias pela atmosfera. Estes estudos, combinados
com os dados da degradação, apontaram para a possibilidade de que
os PFCs têm migrado por décadas em direção às área remotas muito distantes
das fábricas de origem e dos centros urbanos. Mesmo
que todos os dados básicos estejam a indicar um problema global, foi
somente no final dos anos noventa que a 3M testou a teoria da contaminação
global. Em 1997 seus laboratórios identificavam a contaminação do
sangue com o PFOS em suprimentos de bancos de sangue que vinham sendo
utilizados como amostras controle no confronto com o sangue contaminado
de trabalhadores. Estudos de sangue posteriores apontaram para a possibilidade
de uma contaminação indiscriminada do sangue humano. Durante estes
estudos, a equipe da 3M adquiriu e testou 60 fígados de pássaros do
National Wildlife Health Center
(nt.: Centro Nacional de
Saúde da Vida Selvagem) em Madison, Wisconsin, como um primeiro
passo para definir a abrangência da contaminação da vida selvagem. Os estudos definitivos da 3M sobre a vida
selvagem, no final dos anos noventa.
O laboratório da 3M detectou os PFCs em mais do que três quartos das
amostras de fígado dos pássaros coletados através de toda área continental
dos EUA [5]. O laboratório
constatou os PFCs em todas as amostras de fígado desde o pelicano
branco, ao cormorão de dupla crista e a grande garça azul e em todos
os outros e numa amostra de pelicano marrom – num total de 44 detecções
de 45 amostras de fígado de pássaros da Califórnia, Louisiana, Flórida
e Nevada. Os químicos que os cientistas detectaram incluíram o PFOS,
o produto com que se fabricava o Scotchgard, um precursor do PFOS
chamado PFOSA e o PFHS esta uma substância de 6-carbonos, irmã química
do PFOS. “Está por toda a parte” – Website mundial do TEFLON Em
contraste, o laboratório encontrou PFCs em 20% (3) das análises de
15 fígados da grande garça azul das dunas, amostras vindas de Nebraska,
Arizona e Novo México. E foi exatamente numa destas amostras que os
PFCs estavam em níveis alto suficiente para identificá-la: o fígado
da grande garça azul das dunas de Nebraska [5]. Os diferentes perfis do PFC entre as espécies de pássaros
correlacionam-se com suas dietas. O estudo mostrou que os pássaros
que subsistem se alimentando de peixes estão mais contaminados com
os PFCs, indicando que, assim como com os PCBs e o DDT, estes químicos
concentram-se em peixes gerando um potencial de se imiscuírem na cadeia
alimentar. Num
período que foi além de quatro dias, começando em 15 de março de 1999,
o laboratório ambiental da 3M conduziu testes adicionais de tecido
de animais da vida selvagem propondo-se a encontrar globalmente os
limites externos da contaminação de PFC.
Os cientistas da 3M testaram, para o PFOS e os PFCs próximos,
em sangue de filhote de águia coletado de áreas remotas dos EUA. Se
esse sangue fosse livre dos PFCs, os cientistas poderiam trabalhar
retrospectivamente para determinar quão longe a contaminação se espalhou
de áreas urbanas onde o Scotchgard e outros produtos com PFC foram
empregados. A
3M encontrou PFCs em todas os cinco filhotes de águia testados [14].
Filhotes de águia que nunca haviam antes voado já eram contaminados
com PFOS, em níveis que giravam de 30 a 77 ppb no sangue. Uma provável
fonte de exposição era o peixe trazido por suas mães. Vinham das águas
das vizinhanças do Lago Devil, das cachoeiras do rio Slate, do canal
Pickerel e do riacho Caulkins nas cabeceiras do Lago Michigan e das
planícies baixas das Penínsulas, além da ilha de Steve e no remoto
Parque Nacional dos Viajantes de Minnesota. Testes subseqüentes mostraram
que mesmo a gema de ovos de pássaros silvestres estão contaminados
com os PFCs [5]. Estes testes, combinados
ao mesmo tempo com os feitos com sangue humano pela 3M, forneceram
o referendum final de que os PFCs contaminam tanto a população humana
como a da vida selvagem, em nível global. No
início de 2000 os cientistas da Universidade do Estado de Michigan
completaram análises de 247 fígados, rins e amostras de sangue de
15 espécies de mamíferos marinhos – incluindo-se ursos polares, leões
marinhos e baleias coletadas do Ártico, da ilha Sable no Canadá, bem
como das águas da costa do Alasca, Flórida e Califórnia. O PFOA foi
detectado em 17% das amostras testadas. No entanto, as descobertas
do PFOS apontaram para a quase completa penetração da contaminação
do PFC. Os autores de um novo estudo de mamíferos marinhos concluíram
que: "A ocorrência de PFOS em mamíferos marinhos das águas do
Ártico sugerem sua ampla distribuição global, incluindo locais extremamente
remotos". [9]. Todos
os estudos da vida selvagem conduzem a uma conclusão indicando que
dos PFCs testados, a substância química do Scotchgard da 3M, chamado
PFOS, alcançou a maior distribuição e concentração na vida selvagem.
Os cientistas detectaram o PFOS na vida selvagem em concentrações
acima daquelas detectadas nos trabalhadores da fábrica. Em ovos de
cagarro (nt.: Calonectris diomedea borealis) do Cáspio as análises de laboratório em
Michigan mostraram uma concentração, no ovo inteiro, de 2.605 ppb[5]. Já em testes em nove martas (nt.: Martes martes, também conhecida entre nós por seu nome em
inglês: mink) da Carolina do Sul, detectou-se uma média de concentração
no fígado de 2.085 ppb[4]. Estes níveis são
mais altos do que os detectados no sangue, integral, de cinco operadores
de uma das fábricas de PFC da 3M em Decatur, Alabama, cuja média é
1.970 ppb[21]. O
PFOS foi detectado nas espécies mais protegidas e nos ambientes mais
primitivos da Terra. Foi constatado em ursos polares do Alasca (em
17 dos 17 ursos testados, com uma média de concentração no fígado
de 350 ppb)[10], filhotes de águia careca
do meio-oeste mais jovens do que 70 dias (em 33 filhotes, todos abaixo
de 70 dias, com uma média de concentração no plasma sanguíneo de 330
ppb)[5], numa garça real do Swan Lake National Wildlife Refuge em Sumner, Missouri (concentração
no fígado de 171 ppb)[5], em golfinhos nariz
de garrafa do Mar Adriático ao longo da costa de Riccione, Itália
(detectado em 4 de 4 golfinhos nariz de garrafa, com uma média de
concentração no sangue de 143 ppb)[7], e albatrozes
de Laysan da ilha Sand, um refúgio da vida selvagem no Atol Midway
(detectado em 6 de 6 albatrozes, com uma média de concentração no
sangue de 16 ppb)[5]. O
PFOSA, um precursor químico do PFOS, foi detectado em níveis significativos
em espécies ao redor do globo. Ao largo da costa italiana, o PFOSA
(também conhecido como FOSA) tem sido detectado em espécies de golfinho
(concentração do fígado era de 878 ppb)[7]
, e em peixe-espada (detectado em todos os 7, a média da concentração
no sangue era de 7 ppb)[7]. Referências: [1] Giesy, JP and Kannan, K. 2001. Global
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about risks
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