Resumo da história.
- Mulheres expostas a mais DDT, agrotóxico banido dos EUA em 1972, enquanto estavam sendo gestadas, tiveram acima de 3,6 vezes mais possibilidades de desenvolver hipertensão arterial do que aquelas que tiveram menores exposições prenatal.
- Especialistas acreditam que as taxas crescentes de defeitos congênitos, asma, desordens no desenvolvimento neurológico além de outras doenças crônicas sérias tanto em crianças como em adultos nos EUA, são resultados de contaminação química precoce.
- Se alguma mulher tem planos de engravidar, é fundamental reduzir sua contaminação química e se encorajar de enfrentar uma desintoxicação antes de ficar grávida para proteger seus futuros descendentes da carga tóxica armazenada em seu corpo.
http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2013/03/27/agricultural-chemical-exposure.aspx?e_cid=20130327_DNL_art_2&utm_source=dnl&utm_medium=email&utm_content=art2&utm_campaign=20130327
By Dr. Mercola
Não há mais condições de ser negado o significativo impacto que os químicos ambientais vêm tendo sobre a saúde humana e que ele começa mesmo antes de se nascer, ainda lá no útero materno.
Nova pesquisa revelou que a exposição ao DDT, enquanto o feto está no ventre materno, agrotóxico banido em 1972 depois de quase 30 anos de uso, aumenta o risco de as mulheres terem hipertensão arterial décadas mais tarde.
A Exposição Uterina ao DDT Mais do que Triplica o Risco de Hipertensão Arterial.
Como muitos tóxicos ambientais, o DDT transpassa livremente através da placenta durante a gravidez, onde acessa diretamente ao desenvolvimento fetal. Estudos mais antigos tinham conectado o DDT à hipertensão arterial, ao decréscimo da fertilidade, parto precoce e diabetes em adultos, mas este é o primeiro estudo a revelar seus riscos sobre a saúde quando a exposição é na fase pré-natal.
Esta pesquisa revelou que mulheres expostas a mais DDT, antes do nascimento, foram de 2,5 a 3,6 vezes mais vulneráveis ao aparecimento de hipertensão arterial antes dos 50 anos do que aquelas que tiveram menores exposições pré-natal.1
Apesar do DDT ter sido banido nos EUA há décadas, ele ainda persiste no ambiente, incluindo a cadeia alimentar. E este é só um dos químicos que os bebês estão expostos antes de nascer …
Quando a ONG Environmental Working Group/EWG testou as amostras de sangue dos recém nascidos, detectou uma média de 200 tóxicos,2 incluindo:
- 180 que causam câncer em humanos ou animais;
- 217 que são tóxicos para nossos sistemas cerebral e nervoso; e
- 208 que causam defeitos congênitos ou desenvolvimento anormal em testes com animais.
“Os perigos da exposição pré ou pós-natal a esta mistura complexa de carcinogênicos, tóxicos que afetam o desenvolvimento bem como a neurotoxinas, nunca foram estudados”, escreveu a EWG. Mas como o estudo em destaque revelou, nós podemos agora estar vendo o aumento dos problemas quanto à saúde humana que principiaram lá, durante os estágios mais cruciais durante o desenvolvimento mais primário das nossas existências.
Bebês São Especialmente Vulneráveis à Exposições Tóxicas.
Ninguém sabe o que acontece quando o feto em desenvolvimento ou um pequeno nenê, há pouco nascido, são expostos a centenas de substâncias químicas. No entanto, nós provavelmente vamos descobrir, queiramos ou não, como isto está ocorrendo no nosso dia a dia.
O que é sabido, entretanto, é que as crianças experimentam maiores contaminações destes químicos, grama a grama, do que os adultos. E embora a barreira hematoencefálica esteja completamente formada no nascimento,3 sua função pode estar ainda imatura o que poderia permitir maiores exposições químicas alcançando dai seu cérebro em desenvolvimento.
As crianças também têm menores níveis de certas proteínas de conexão química, de acordo com a EWG, o que permite que mais de um produto químico atinja seus órgãos enquanto os sistemas internos da adultez de desintoxicação e excreção dos químicos não estejam completamente desenvolvidos. Estes fatores, associados com o aspecto de que esta criança poderá atingir talvez 80 anos ou mais, permitirão mais do que o prazo necessário para que os produtos químicos façam seus estragos, sinalizando maiores desafios às crianças que nascem hoje em dia.
Especialistas acreditam que a elevação das taxas de defeitos congênitos, asma, desordens do neurodesenvolvimento e outras graves doenças nas crianças dos EUA, seja resultado destas exposições precoces a estes produtos químicos modernos e que agora este aparecimento de hipertensão arterial na adultez pode também ter algumas de suas raízes na contaminação sofrida na fase pré-natal a estes químicos xenobióticos.
Exposições a Tóxicos, Na Fase Fetal, Podem Levar a Doenças em Adulto.
Um típico norte-americano entra em contato regularmente com algo em torno de 6 mil químicos e, com menos frequência, a um número incontável de substâncias potencialmente tóxicas. Há aproximadamente 75 mil substâncias químicas produzidas e importadas regularmente pelas indústrias norte-americanas. Assim, podemos ser expostos a muitos deles. Inquietantemente, a maioria nunca foi testada adequadamente para segurança para adultos, muito menos seus impactos sobre os mais vulneráveis entre nós, os nossos filhos.
Torna-se assustadoramente claro que a exposição precoce na vida, a uma enorme quantidade de químicos, está mudando a saúde da humanindade e é possivelmente o instrumental no aumento das taxas de doenças crônicas que estamos vendo nos países desenvolvidos. A ONG EWG assim explana:4
“Algumas substâncias químicas intoxicam e envenenam diretamente as crianças quando expostas. O chumbo e o mercúrio, por exemplo, prejudicam o desenvolvimento cerebral, enquanto outras substâncias induzem uma cadeia de eventos que pode culminar em um problema de saúde diagnotiscado anos mais tarde em suas vidas. As substâncias que mimetizam os hormônios como são as dioxinas e os furanos, por exemplo, podem induzir muito mais adiante cânceres em tecidos sensíveis à ação hormonal como são os de mama, de testículos e da glândula próstata.
Químicos como os PCBs ou o DDT podem reduzir as taxas de crescimento no útero, iniciando os bebês com baixo peso ao nascer, e acabam mantendo mecanismos internos de sobrevivência que levam mais tarde, em suas vidas, como um efeito cascata às doenças cardiovasculares ou diabetes.
O fato é que uma criança pode guardar marcas ao longo de sua vida, dos riscos de incontáveis moléculas de poluentes industriais que encontram seu caminho através da placenta, mergulhando pelo cordão umbilical e terminando nos corpos dos bebês. As consequências — desordens de saúde, sutis ou explícitas — podem emergir não só na infância como também na adultez. Pesquisas sustentam agora, como sendo originárias de contaminações na tenra idade, a uma supreendente gama de doenças de adulto, incluindo a doença de Alzheimer, desordens mentais, doenças cardíacas e diabetes”.
As Contaminações que Ocorrem Agora Podem Impactar Múltiplas Futuras Gerações.
O que talvez é mais chocante é que substâncias tóxicas que fomos expostos enquanto estávamos no ventre de nossa mãe, podem terminar impactando a saúde de nossos bisnetos através das mudanças hereditárias epigenéticas (nt.: um link como sugestão de esclarecimento da expressão: http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=634&categoria=22). Assim, os químicos ambientais não só colocam em risco potencial a saúde de nossos filhos como também ameaçam a saúde de múltiplas gerações futuras. O grupo EWG continua:
“ … Exposições [químicas] precoces podem conduzir a problemas de saúde não só na adultez, como também através das nossas descendências. Por exemplo, doenças de adultos conectadas ao baixo peso do recém nascido … causam efeitos adversos não só nestes bebês que nascem pequenos, mas também nas crianças que nascem com qualquer tamanho de nascimento, através das mudanças hereditárias na expressão do gene que resultam no fenômeno conhecido como “herança epigenética”. Muito diferente das mutações genéticas que são alterações físicas na estrutura do gene, a herança epigenética é, em vez disso, caracterizada pela ativação ou destivação de certos genes, mas permanentemente próximos na maneira que possam ser herdados.
Se a mutação genética fosse como a troca de uma lâmpada, comparavelmente a mudança epigenética pode envolver a gravação da lâmpada ligada ou desligada. Uma vez que os genes são responsáveis por fazer as substâncias químicas modelarem e repararem o corpo, este forçar antinatural para uma posição permanente ligada ou desligada, pode ter consequências de longo alcance. Nos seres humanos, os dois tipos de alteração genética na expressão do gene, tanto mutações como alterações epigenéticas, podem atingir o bebê em gestação no útero materno”.
Minimizar a Exposição Tóxica Antes da Gravidez é Crucial.
Enquanto se faz a mudança para remoção e redução dos químicos em toda a casa, lembrar que um dos caminhos para reduzir significativamente a carga tóxica é ter uma cuidadosa atenção naquilo que se vai comer (what you eat).
Alimento integral produzido biodinâmica e organicamente é a chave para aqui se ter sucesso, e como um bônus agregado, quando se come adequadamente, pode-se também otimizar o sistema natural de desintoxicação que auxilia na eliminar das toxinas que o organismo recebe de outras fontes. Isso é importante para a redução das contaminações químicas e fortalece a desintoxicação antes de uma mulher ficar grávida e assim proteger o futuro nenê que será encomendado, das cargas tóxicas que ela leva (your body’s toxic load). Em vez de compilar uma lista interminável do que se deve rejeitar, é longe mais fácil focar sobre o que se deve fazer para atingir um estilo de vida saudável com a mínima exposição química possível:
- Tanto quanto possível, comprar produtos orgânicos e de criações ao ar livre. Os alimentos orgânicos reduzem a exposição aos agrotóxicos e aos adubos solúveis.
- Em vez de utilizar peixes convencionais ou de criatórios que muitas vezes são contaminados com PCBs e mercúrio, usar suplementos purificados de alta qualidade de óleo de krill ou comer peixe selvagem, testado em laboratório quanto a sua pureza.
- Comer alimentos em sua maioria crus e frescos, desviando dos alimentos processados e pré-embalados de quaisquer tipos. Com isso se evitará aditivos alimentares artificiais, incluindo os perigosos adoçantes artificiais, edulcorantes alimentares e o glutamato monossódico (nt.: sigla em inglês MSG). Brotos germinados são especialmente nutritivos, destacando os de girassol e de ervilhas.
- Armazenar os alimentos e bebidas em embalagens de vidro em vez de plásticas e evitar utilizar filme plástico de PVC e alimentos enlatados (já que têm muitas vezes lâminas plásticas com BPA-e agora BPS – BPS-containing liners).
- Ter a água encanada analizada e, se contaminantes forem detectados, instalar filtros apropriados para todas as torneiras da casa (mesmo aquelas que são para banheira e chuveiro).
- Usar em casa somente produtos de limpeza naturais.
- Mudar para marcas naturais de produtos de toalete tais como xampus, pastas de dente, antiperspirantes e cosméticos. A ONG Environmental Working Group/EWG tem um grande arquivo com dados5 para auxiliar a todos a encontrarem produtos de cuidado pessoal que sejam livre de ftalatos e outros químicos potencialmente perigosos. Eu também ofereço uma linha de produtos para cuidado da pele da mais alta qualidade, além de xampus e condicionadores bem como creme para o corpo que são completamente naturais e seguros.
- Evitar o uso de purificadores de ar artificiais, secadores e amaciantes de roupas ou outras fragrâncias sintéticas.
- Repor panelas e utensílios anti-aderentes por produtos de cerâmica ou de vidro.
- Quando reformar a casa, procurar por produtos “green/verdes”, alternativas livres de toxinas em lugar de tintas convencionais ou coberturas (forros e pisos) de PVC/vinil.
- Trocar a cortina do chuveiro de PVC/vinil por outra feita de tecido ou instalar portas de vidros para o box. A maioria dos plásticos flexíveis, como a cortina do chuveiro, tem perigosos plastificantes como os ftalatos.
- Limitar o uso de medicamentos (prescritos ou de balcão) o quanto for possível. Estes produtos são também drogas químicas e podem liberar resíduos que se bioacumulam nos organismos vivos por longo tempo.
- Evitar aspergir agrotóxicos no entorno das casas ou usar repelentes de insetos que contenham DEET (nt.: é um composto químico que serve como repelente de insetos. Nome químico: N,N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dimetil-3-metilbenzamida ou Benzamida, N,N-dietil-3-metill-. É fabricado para ser aplicado diretamente na pele ou nas roupas.) sobre o corpo. Existem alternativas seguras, efetivas e naturais no mundo lá fora.
Fontes e Referências
- 1 Environmental Health Perspectives March 12, 2013
- 2 Environmental Working Group, Body Burden: The Pollution in Newborns
- 3 Nature Biotechnology 27, 804 – 805 (2009)
- 4 Environmental Working Group July 14, 2005
- 5 EWG’s Skin Deep Database
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2013.