Mudanças climáticas: Terras áridas já cobrem 45% da superfície terrestre global

Foto: EBC/ABr

https://www.ecodebate.com.br/2024/09/06/terras-aridas-ja-cobrem-45-da-superficie-terrestre-global/

Redação

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[NOTA DO WEBSITE: É um dado estarrecedor. Com quase metade do planeta classificada como terras áridas, como ainda desperdiçamos, como no Brasil, tanto no sul como no sudeste, amplas terras que poderiam estar verdejantes e produtivas, assoladas por galpões de ‘logs’ e mais ‘logs’ para ‘mercadorias’ inúteis, obsolescentes e descartáveis? Como somos displicentes, fúteis e irresponsáveis!].

Quase metade da superfície terrestre do mundo agora é classificada como terras áridas, e essas áreas estão acelerando sua própria proliferação, de acordo com uma nova pesquisa.

As descobertas, publicadas na revista Science, mostram que cerca de 45% da superfície terrestre global é composta por desertos, regiões arbustivas, pastagens e savanas. Uma característica principal dessas regiões é a escassez de água, que afeta significativamente os ecossistemas naturais e as paisagens geridas pelo homem, incluindo a agricultura, silvicultura e produções pecuárias.

Embora seja sabido há muito tempo que as mudanças climáticas e as práticas de manejo da terra contribuem para a expansão das terras áridas, os resultados revelaram um fator surpreendente: as próprias terras áridas estão acelerando sua expansão.

Cientistas climáticos da Universidade de Bristol colaboraram no estudo, liderado pela Universidade de Ghent, na Bélgica, com especialistas da Universidade de Cardiff e ETH Zurich.

A coautora Katerina Michaelides, Professora de Hidrologia de Terras Áridas, disse: “As terras áridas ocupam mais de 40% da superfície terrestre global e são caracterizadas pela escassez de água resultante de baixa precipitação e alta demanda atmosférica por água.

“No entanto, as mudanças climáticas estão exacerbando o secamento atmosférico nessas regiões, levando a uma maior perda de água terrestre por evaporação e impulsionando a expansão global das terras áridas, transformando regiões úmidas em ambientes mais áridos.”

Neste estudo inovador, os pesquisadores quantificaram o processo de auto expansão das terras áridas ao analisar as fontes de precipitação e calor sobre as novas áreas áridas expandidas. Ao rastrear os movimentos do ar sobre essas regiões nos últimos 40 anos, a equipe foi capaz de calcular, pela primeira vez, quanto dos déficits de precipitação e do aumento da demanda atmosférica por água que contribuem para a expansão das terras áridas podem ser atribuídos às terras áridas já existentes.

“Dos aproximadamente 5,2 milhões de quilômetros quadrados de terras úmidas que se transformaram em terras áridas nas últimas quatro décadas, mais de 40% da mudança foi devido à auto expansão das terras áridas,” disse o autor principal Dr. Akash Koppa, Pesquisador de Pós-Doutorado no Laboratório de Extremos Hidro-Climáticos (H-CEL), da Universidade de Ghent.

O estudo descobriu que os solos secos nas terras áridas existentes liberam menos umidade e mais calor na atmosfera, levando à redução da precipitação e ao aumento da demanda atmosférica por água nas regiões úmidas a sotavento. Com o tempo, esse processo pode fazer com que essas áreas úmidas gradualmente se tornem terras áridas.

Em regiões como a Austrália e a Eurásia, a auto expansão foi identificada como o principal motor da disseminação das terras áridas.

Dr. Koppa acrescentou: “À medida que continuamos a nos mover em direção a um futuro mais quente e potencialmente mais seco, o fenômeno da auto propagação das terras áridas pode acelerar, representando riscos significativos para os meios de subsistência humanos, ecossistemas e a estabilidade socioeconômica global.”

O estudo também destaca as regiões mais vulneráveis à expansão das terras áridas e sublinha a necessidade urgente de mitigação das mudanças climáticas e práticas sustentáveis de manejo da terra.

Ao quantificar o impacto das respostas vegetacionais distantes na expansão das terras áridas, a pesquisa enfatiza a importância dos esforços coordenados de conservação de ecossistemas nas terras áridas existentes.

Referência:

‘Global dryland self-expansion enabled by land–atmosphere feedbacks’ by A. Koppa, J. Keune, D.L. Schumacher, K. Michaelides, M. Singer, S.I. Seneviratne and D.G. Miralles
Science. 2024 Aug 30;385(6712):967-972. doi: 10.1126/science.adn6833. Epub 2024 Aug 29