Roupas sintéticas ou malhas que contém Poli (Tereftalato de Etileno), ou simplesmente PET, liberam fibras na máquina de lavar roupa, assim como qualquer outra roupa sintética. O detalhe é que o tratamento de esgoto mais comum não consegue remover estas fibras plásticas, que vão parar nos oceanos e tem grande potencial para impactar todo o ecossistema marinho (Nota do site: lastimamos que no final o autor ainda tente ‘salvar’ o valor ecológico das camisas ‘pet’!).
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A poluição dos oceanos por plásticos é altamente preocupante, no entanto, é noticiado apenas uma pequena parte dos impactos causados. O mais comum encontrar na mídia notícias de banhistas em meio a mundaréu de lixo nas praias, ou então, fotos e vídeos de tartarugas e aves marinhas que morreram por causa da ingestão acidental de plásticos. Os impactos do plástico no mar vão muito além disso e podem, inclusive, atingir o homem. Algum leitor já ouviu falar de micro fibras de plástico no mar? Dos que já ouviram falar, saberiam dizer seus impactos?
As micro fibras plásticas têm o potencial para impactar diretamente o zooplâncton, dado seu tamanho reduzido (menor que 1 mm). O zooplâncton marinho é a comunidade pequenos animais (consumidores primários) da maior teia alimentar do mundo. Estas fibras são capazes de entupir o trato digestório destes animais levando-os à morte, ou então, à complicações que inviabilizam sua reprodução. Qual o desdobramento ou importância disso? Estamos impactando a base consumidora da pirâmide alimentar dos oceanos, ou seja, todo o ecossistema responderá a esse impacto, o que inclui resposta das comunidades de peixes que já impactadas pela sobrepesca e poluição causada pelo homem.
Mark Anthony Browne concluiu em seu estudo publicado na revista Environmental Science & Technology que o efluente das máquinas de lavar são importantes fontes de fibras plásticas que acabam nos oceanos. Segundo o autor “fibras de poliéster, acrílico, polipropileno, polietileno e poliamida contaminam áreas costeiras em escala global, especialmente áreas densamente povoadas e habitats que receberam esgoto”. Outro estudo, do pesquisador Daniel Habib, publicado na revista Water, Air, and Soil Pollution afirma que as fibras encontradas em seu estudo tiveram origem no efluente de processos de lavagem de roupa e que não foram retidas pelo sistema de tratamento de esgoto. Ainda segundo Habib, o processo de ultra-filtração ao final do tratamento de esgoto poderia reter estas partículas tão pequenas do efluente tratado.
Insiram neste contexto, as já famosas camisetas e roupas fabricadas a partir de malha têxtil que incorpora material plástico (PET). Adivinhe o que acontece quando essas roupas que contém fibras plásticas são lavadas… Elas soltarão fibras, que, provavelmente, não serão retiradas do efluente no tratamento de esgoto e seguirão para rios e oceanos. As camisas de PET tem um importante caráter educativo levando o consumidor a optar, cada vez mais, por produtos que sejam ecologicamente corretos, ou menos impactante ao meio ambiente. Sabendo do impacto que essas fibras podem ter no ecossistema marinho, podemos considerar a camiseta PET como ecologicamente correta?
Este artigo não visa tirar credibilidade das camisetas e roupas de PET, e sim, alertar os consumidores sobre os impactos que estes produtos, assim como todas as vestimentas e malhas sintéticas, causam no ambiente. Pesquisas científicas na área têxtil que visem reduzir a liberação de fibras durante o processo de lavagem podem colaborar significativamente para a proteção da vida nos oceanos. Paralelamente, o incremento dos processos de tratamento de esgoto podem evitar que estas fibras cheguem aos oceanos. Fica a dica: dê preferência a roupas de algodão ou fibras naturais, todo o ecossistema marinho agradece!