Até 88% da superfície dos oceanos do mundo está contaminada com lixo plástico, elevando a preocupação com os efeitos sobre a vida marinha e a cadeia alimentar, afirmaram cientistas nesta segunda-feira (30/06/14). Os produtos plásticos produzidos em massa para brinquedos, sacolas, embalagens de alimentos e utensílios chegam aos mares arrastados pela água da chuva, um problema que deve piorar nas próximas décadas.
http://www.portaldomeioambiente.org.br/lixo-e-reciclagem/8863-estudo-encontra-poluicao-de-plastico-em-88-da-superficie-dos-mares
Foto de 2008 mostra detritos na Baía de Hanauma, no Havaí (Foto: AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center)
Expedição feita em 2010 coletou mais de 3 mil amostras oceânicas. Estima-se que oceano tenha entre 10 mil e 40 mil toneladas de plástico.
Da AFP
As descobertas, publicadas no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences” (“PNAS”), se baseiam em mais de 3 mil amostras oceânicas, coletadas ao redor do mundo por uma expedição científica em 2010.
“As correntes oceânicas carregam objetos plásticos, que se partem em fragmentos menores, devido à radiação solar”, disse o diretor das pesquisas, Andrés Cozar, da Universidade de Cádiz, na Espanha.
“Estes pequenos pedaços de plástico, conhecidos como microplásticos, podem durar centenas de anos e foram detectados em 88% da superfície oceânica analisada durante a Expedição Malaspina 2010”, acrescentou.
Os cientistas avaliaram que a quantidade total de plástico nos oceanos do mundo – entre 10 mil e 40 mil toneladas – atualmente é menor do que as estimativas anteriores. No entanto, levantaram novas preocupações sobre o destino de tanto plástico, particularmente os pedaços menores.
O estudo revelou que os fragmentos de plástico, “entre alguns mícrons e alguns milímetros de tamanho, são sub-representados em amostras da superfície do mar”.
Mais pesquisas são necessárias para descobrir aonde estas partículas vão e quais os efeitos que têm na vida marinha.
“Estes microplásticos têm influência no comportamento e na cadeia alimentar de organismos marinhos”, disse Cozar. “Mas provavelmente, a maioria dos impactos relacionada à poluição do plástico nos oceanos não é conhecida”, concluiu.
Contaminação por plástico atinge 88% de três mil amostras de águas oceânicas
http://envolverde.com.br/noticias/contaminacao-por-plastico-atinge-88-de-tres-mil-amostras-de-aguas-oceanicas/
por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil
Um estudo publicado na última semana por cientistas espanhóis no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences afirma que os oceanos estão lentamente se tornando uma espécie de sopa cheia de partículas plásticas microscópicas, passando pelas cadeias alimentares de todo o mundo.
De acordo com a pesquisa, que avaliou 3070 amostras, o problema já atingiu uma escala global, e os principais resíduos encontrados no oceano são polietileno e polipropileno, polímeros usados na fabricação de produtos como sacolas plásticas, embalagens de alimentos e bebidas, utensílios de cozinha e brinquedos, entre outros.
“As correntes oceânicas carregam objetos plásticos que se quebram em fragmentos cada vez menores devido à radiação solar. Esses pedaços pequenos, conhecidos como microplásticos, podem durar centenas de anos e foram detectados em 88% da superfície oceânica analisada”, comentou Andrés Cózar, pesquisador da Universidade de Cádiz.
“Esses microplásticos têm uma influência no comportamento e na cadeia alimentar dos organismos marinhos. Por um lado, os pequenos fragmentos muitas vezes acumulam contaminantes que, se engolidos, podem ser passados aos organismos durante a digestão; sem esquecer das obstruções gastrointestinais, que são outro dos problemas mais comuns desse tipo de resíduo”, explicou Cózar.
“Por outro lado, a abundância de fragmentos plásticos flutuantes permite que muitos organismos menores naveguem neles e colonizem lugares que não teriam acesso. Mas provavelmente, a maioria dos impactos que está ocorrendo devido à poluição plástica nos oceanos ainda não é conhecida”, concluiu o cientista.
Alguns países engajados em acabar com a proliferação dos resíduos plásticos estão começando pelas sacolinhas. Nos Estados Unidos, em muitos estados elas nem são mais utilizadas, sendo substituídas por sacolas reutilizáveis, biodegradáveis e de papel.
Nações insulares, como o estado de Yap, na Micronésia, que têm grande parte da sua economia baseada no turismo do mergulho e sofrem com a poluição causada pelo plástico, foram mais longe e resolveram banir o seu uso. Os comerciantes que distribuírem as famigeradas sacolas terão que pagar multas de US$ 100 por violação.
A União Europa também pretende tomar medidas duras. Novas regras preveem uma redução de 80% no uso de sacolas plásticas até 2019. Na França, um projeto de lei em discussão visa acabar com elas já em 2016, sendo que o país já tem uma taxa de 6 centavos de euro para cada sacola utilizada pelos consumidores.
Campanha
Três de julho é o Dia Internacional Sem Sacolas Plásticas, e a campanha Bag Free World, lançada neste ano para celebrar a data, ressalta o perigo que trazem à biodiversidade e ao meio ambiente.
A campanha conta com a participação de políticos e celebridades, como Joachim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e Jereny Irons, ator britânico.
“Há zero justificativas para ainda fabricá-las [as sacolas plásticas], em qualquer lugar”, declarou Steiner no website da Bag Free World.
Já Irons afirmou que “as pessoas ainda não estão conscientes da seriedade do problema do uso de sacolas plásticas. Espero que o filme Trashed [de 2012, produzido e estrelado pelo ator] permita que as pessoas tenham uma visão desse problema bastante curável, mas global. [O problema] não será resolvido sem a vontade comum e política para fazê-lo.”
No site da campanha, estão disponibilizadas diversas informações sobre a utilização das sacolas plásticas e seu impacto nos ecossistemas. Por exemplo, embora em média elas sejam usadas por apenas 25 minutos, levam entre 100 e 500 anos para se desintegrarem, dependendo do tipo de plástico.
Elas também prejudicam a biodiversidade, principalmente oceânica, já que muitos animais frequentemente ingerem pedaços de sacolas plásticas descartadas, o que os faz sufocarem e morrerem. Segundo o PNUMA, entre 50% e 80% das tartarugas marinhas encontradas mortas apresentam em seus estômagos fragmentos de sacolas plásticas.
* Este texto foi corrigido às 11h. O texto original fazia menção a 200 mil amostras de águas, quando na realidade foram três mil. A gravidade do problema segue sendo a mesma, claro.
** Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
Fonte: G1 Natureza.