Estudo com participação brasileira divulgado nesta terça-feira (10) pela revista da Academia Americana de Ciências afirma que a expansão agropecuária no estado de Mato Grosso, com foco no plantio da soja, não influenciou diretamente o desmatamento da floresta amazônica entre 2006 e 2010.
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2012/01/11/78878-estudo-diz-que-por-5-anos-soja-nao-afetou-desmate-da-amazonia-em-mt.html
11/01/2012
Segundo o artigo, a implantação do pacto da Moratória da Soja, o reforço na fiscalização ambiental e utilização do sensoriamento remoto em tempo real (Deter) para conter o avanço do desmate, além de investimentos para a mecanização da agricultura foram decisivos para combater a derrubada ilegal de árvores no bioma.
Neste período, “a média histórica do desmate diminuiu, enquanto que a produção agrícola atingiu índices nunca vistos”, segundo o artigo, elaborado por pesquisadores da Universidade Columbia, da Agência Espacial Americana (Nasa), ambas dos Estados Unidos, além do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), os dois últimos do Brasil.
Outra influência apontada como responsável pela redução do desmate foi a desvalorização da soja entre 2006 e 2007, devido a um desaquecimento da demanda mundial. Com isso, não houve necessidade de expansão para novas áreas.
“Tentamos entender como houve redução do desmate e, ao mesmo tempo, crescimento das áreas de plantio e pecuária. O que percebemos é que houve um melhor planejamento no uso de terras já disponíveis (áreas que já haviam sido desmatadas e que foram preparadas para a agricultura e pastagem”, disse Yosio Shimabukuro, pesquisador-titular da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, de São José dos Campos (SP).
Fronteira agrícola – Mato Grosso, que está situado dentro da fronteira agrícola do Centro Oeste, é líder na produção de soja (31% de toda a safra brasileira) e de carne (em 2009, 13% de todo o rebanho bovino estava lá).
Segundo dados do Prodes, utilizado pelo governo federal para criação de políticas de proteção na Amazônia Legal, 76.571 km² da cobertura vegetal do bioma foram derrubados entre 1996 e 2005 (média anual de 7.657,1 km²). Já entre 2006 e 2010, o total de cobertura vegetal derrubado foi de 12.189 km² (média anual de 2437 km²).
“Houve investimentos para melhorar a qualidade da terra. Investimentos em tecnologias de plantio aumentaram a produtividade sem afetar áreas de floresta. Isso mostra que existe terra suficiente para plantio sem a necessidade de desmatar”, explicou Shimabukuro.
Ainda segundo o pesquisador, é necessário planejar melhor as técnicas de agricultura, mas, principalmente, a pecuária, considerado pelo estudo como o principal responsável pela derrubada de áreas de floresta na região.
“Tem que melhorar as formas de pastagem e investir na qualidade do que é plantado para o gado. Com isso, as áreas voltadas para esta finalidade suportariam mais cabeças (de gado)”, comenta o pesquisador.
(Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)