Emergência climática: Cobertura de água no Brasil diminuiu 6,3 milhões de hectares nas últimas quatro décadas

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Cobertura hídrica natural está encolhendo no Brasil. Foto: Fundação SOS Mata Atlântica/Divulgação

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CRISTIANE PRIZIBISCZKI · 

26 de junho de 2024

[NOTA DO WEBSITE: Pode ser que algum dos leitores ache que somos cargosos e que não temos ‘consideração’ pelo agornegócio e seus crentes. Mas vendo uma notícia como esta, como podemos ficar senão, no mínimo, indignados e revoltados com o que esses ‘brasileiros’, como os portuguêds do século XV, fazem com nossos biomas e sua gente, humana ou não-humana. Estados que têm em seu próprio nome, a identificação com a floresta e suas riquezas endêmicas, hoje definham e secam. Mas como supremacistas e com sua arrogância e despreparo, através do arrasam com tudo e com todos. E agora, como será o futuro de nossos filhos e todas as descendências que virão depois de nós? Simplesmente por dinheiro, que só os supremacistas brancos eurocêntricos ficam, todo o patrimônio que é de todos os nascidos no Brasil e no Planeta, está sendo literalmente devastado. Assim, ao tratá-los como criminosos, são os fatos que os define como tal e não nós!].

Em 2023, metade das bacias hidrográficas do país estiveram abaixo da média histórica. MS e MT perderam, juntos, 537 mil ha de superfície de água.

Os corpos hídricos naturais do Brasil estão encolhendo. Quando comparada a superfície do território brasileiro coberta por água em 2023, em relação a 1985, a redução foi de 6,3 milhões de hectares, uma queda de 30,8%. Os dados, publicados nesta quarta-feira(26), são da nova coleção do MapBiomas Água.

Segundo a organização, os biomas estão sofrendo com a perda da superfície de água desde 2000, com a década de 2010 sendo a mais crítica. Em 2023, a água cobriu 18,2 milhões de hectares do país, o que representa uma queda de 1,5% em relação à média histórica. O último registro de retração da superfície hídrica no Brasil havia sido em 2021, quando houve uma redução de 7%.

O MapBiomas alerta que essa retração está se dando nos corpos hídricos naturais, como rios e lagos. As outras superfícies cobertas por água, como reservatórios, hidrelétricas e aquiculturas, por exemplo, estão crescendo. Somente os grandes reservatórios cresceram 26% em 2023, em relação a 1985.

Em 2023, metade das bacias hidrográficas do país estiveram abaixo da média histórica. Os casos mais severos aconteceram nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, com perda de superfície de água de 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente. 

Quando o recorte é para os municípios, a situação de retração se mantém. De acordo com o MapBiomas, 53% dos municípios – ou 2.925 – apresentaram superfícies cobertas por água abaixo da média histórica.

O município de Corumbá (MS) foi o que mais perdeu superfície de água em 2023, em relação à média histórica: 261 mil hectares, ou -53%. Corumbá também é a cidade do bioma Pantanal com maior área perdida para o fogo. Somente este ano. 348 mil hectares de vegetação nativa neste município foram destruídos pelo fogo.

Entre os biomas, a Amazônia foi o que perdeu maior extensão de áreas cobertas por água. Neste bioma, a perda em 2023 foi de 3,3 milhões de hectares, quando comparada com a superfície coberta no ano anterior.

Em termos de porcentagem, o Pantanal foi o bioma que mais secou desde 1985. Ao longo das últimas décadas, houve redução de área alagada e do tempo de permanência da água. Em 2023, a queda foi de 61%, em relação à média histórica. 

“Enquanto o Cerrado e Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água.