Eliminar o Google de Nossa Vida

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Google

Símbolo do que há de mais emblemático na vida virtual planetária entre o século XX e o século XXI

 

https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2018/01/24/eliminate-google-from-your-life.aspx

 

 

Resumo da história

  • Como um dos maiores monopólios que já existiu, o Google representa uma ameaça única para qualquer pessoa preocupada com a saúde, alimentos, suplementos e sua capacidade de obter informações verdadeiras sobre essas e outras questões;
  • Embora não seja a única ameaça à privacidade, o Google é uma das maiores. Pega todas as coisas que você faz on-line quando usa um recurso baseado nele e cria perfis de personalidade poderosos de todos os usuários;
  • A coleta de dados de seus usuários é tido principalmente para fins de marketing, mas os perfis podem ser usados com facilidade para fins mais nefastos e contra a liberdade;
  • Além de monopolizar a internet, o Google também tem uma forte presença na educação infantil, nos cuidados de saúde e até mesmo na indústria de alimentos, dedicando-se a atividades de engenharia social, bem como a inteligência artificial e aplicações militares;
  • Monopólios como o Google representam uma séria ameaça à e às liberdades básicas. Retiremos seu controle, boicotando os serviços baseados no Google, incluindo o Gmail, seus mecanismos de busca, o Google Docs além do Chrome.

 

 

By Dr. Mercola

Google, longe um dos maiores monopólios que jamais existiu, representa uma ameaça única para qualquer pessoa preocupada com a saúde, suplementos, alimentos e sua capacidade de obter informações verdadeiras sobre essas e outras questões. E, embora não seja a única ameaça à privacidade, o Google é definitivamente uma das maiores. Ao longo do tempo, o Google posicionou-se de tal forma que se tornou profundamente invasivo, enredando-se na nossa vida cotidiana.

É importante perceber que o Google captura cada coisa mais simples que fazemos on-line, caso estivermos empregando um de seus recursos, e que estes dados estão sendo usados para montar perfis de pessoas poderosas. Como foi relatado, há algum tempo, por Gawker:1

“Cada palavra de cada email enviado através do Gmail e todos os cliques feitos em um navegador Chrome são monitorados pela empresa. “Nós não precisamos que você digite tudo”, disse uma vez [o primeiro co-fundador do Google Eric] Schmidt. ‘Nós sabemos onde você está. Nós sabemos onde você esteve. Podemos saber mais ou menos sobre o que você está pensando'.”

Como esses perfis — com capacidades semelhantes à telepatia — estão sendo, em última instância, utilizados, está nas raias da imaginação. O objetivo principal desta coleta de dados é que se destina a fins de marketing, permitindo que as empresas atinjam usuários com interesse conhecido em certas atividades ou produtos. Isso é, sem dúvida, terrível, no entanto o perfil de cada usuário pode ser usado com facilidade para fins mais nefastos e contra a liberdade, send que já vemos algumas evidências de que isso está acontecendo.

É importante entendermos que eles são também a maior companhia global de inteligência artificial/IA (nt.: em inglês – artificial intelligence/AI), tendo comprado a empresa Deep Mind, há alguns anos atrás, por 400 bilhões de dólares. Ela emprega hoje, mais de 700 pesquisadores de AI, a maior plêiade de profissionais de qualquer outro lugar no mundo.

Eles foram responsáveis por derrotar um ser humano no campeonato ‘Go‘, no último ano, que de longe excede a complexidade de derrotar um campeão humano de xadrez. Com este nível alcançado em AI não é nada difícil para eles classificarem todos os nossos dados com estes algoritmos de captação profunda e detectarem que padrões podem explorar.

Um artigo de 2013, “What Surveillance Valley Knows About You2 (nt.: numa tradução livre – O que a Vigilância do Vale Sabe sobre Tua Pessoa) — material para se ler com toda a atenção que pode ser bem precioso para nosso tempo —descreve perfeitamente o quão grosseira é esta ação invasiva de coletar estes dados e distribui-los além de quão perigoso pode ser acabarmos em certas listas.

A coleta de dados do Google é particularmente preocupante face suas conexões militares,3 além da empresa ter sido repetidamente flagrada infringindo direitos de privacidade e deturpando o tipo e a quantidade de dados que coleta e compartilha de seus usuários. Não se deve cometer nenhum erro sobre isso: capturar dados dos usuários é o principal negócio do Google 4. O fato de fornecer serviços práticos, ao fazê-lo, apenas serve como uma distração conveniente para nos despistar do fato de que as violações da privacidade estão ocorrendo.

 

O Google Domina Muitos Meios e Não Somente Um

O monopólio da internet pelo Google (Google's internet monopoly), que se centra em torno do rastreamento e do compartilhamento das informações pessoais, é somente o começo. O gigante da tecnologia também está envolvido em:

Educação infantil, astutamente desenvolve lealdade à marca e uma futura base entre as crianças, através da colocação de seus produtos nas salas de aula.5 Muitas escolas não usam há tempos, livros de nenhuma ordem. Todas as atividades de classe são dadas em ‘tablets‘ ou computadores equipados com software com base no Google tais como Google Classroom, Google Docs e Gmail. Como observado em artigo recente do New York Times6

“Num espaço de apenas cinco anos, o Google ajudou a aumentar os métodos de vendas que as empresas usam para colocar seus produtos nas salas de aula. Ele pediu a professores e administradores para promoverem seus produtos… Acessou diretamente aos educadores para que testassem seus produtos – ignorou efetivamente os funcionários responsáveis pelo ensino no distrito correspondente. E superou a Apple e a Microsoft com uma poderosa combinação de laptops de baixo custo, chamados Chromebooks e aplicativos gratuitos em sala de aula

Hoje, mais da metade dos estudantes das escolas primária e secundária do país — mais de 30 milhões de crianças — usam aplicativos tipo Gmail e Docs do Google… e Chromebooks, laptops com suporte da Google… são agora uma potência dentro das escolas norte americanas. Atualmente eles são presença em mais da metade dos equipamentos móveis enviada para as escolas.”

Uma vez que as crianças estejam fora da escola, eles são encorajados a converterem suas contas escolares em contas pessoais – uma jogada que permite que o Google crie perfis de personalidade e marketing incrivelmente poderosos de cada um destes indivíduos desde a mais tenra idade.

Engenharia social. O Google está controlando ativamente a narrativa pública — também conhecida como engenharia social — ao censurar discretamente certos tipos de informações. Como um exemplo característico, a mídia alternativa Activist Post recentemente revelou como o Youtube censurou o conservador Ron Paul (how YouTube has been censoring Ron Paul), ex-congressista norte americano e candidato à presidência em 2011, por promover a paz.7

Como consta no artigo, “[O] que estamos testemunhando tanto no YouTube como Facebook exatamente agora é que estão num movimento de silenciar a oposição pacífica… [E]sta repressão também é coincidente com o forte impulso feito pela mídia convencional para pressionar a divisão entre as pessoas… para criar uma atmosfera tão fragmentada que nunca as pessoas irão pesquisar quem as controla.”

O Google também se atribuiu, a si mesmo, a função de ser árbitro das “fake news” (nt.: notícias falsas, muito atual depois da eleição do Trump nos ), censurando informações de acordo com seus próprios critérios do que é verdadeiro e do que é falso. Nem é necessário dizer que isso torna muito fácil para o Google realmente censurar a informação que não seja de seu mais alto interesse.8

Assistência à saúde, com o foco sobre a promoção de medicamentos. Por exemplo, o Google recentemente fez uma parceria com a Aliança Nacional sobre Saúde Mental (nt,: em inglês – National Alliance on Mental Illness) e promoveu um questionário de auto avaliação sobre depressão (depression) — uma avaliação que, sem surpresa, canalizou para os parceiros para soluções quanto a medicamentos.9,10

Indústria de alimentos, liderando a forma de padronizar os substitutos da carne (meat substitutes).11,12

AI (nt.: inteligência artificial). Ultimamente, o objetivo é criar AIs de auto aprendizagem capazes de imitar os processos humanos de pensamento. Como observado no website da Google dedicado à AI, 13 a “nossa missão é organizar o mundo da informação e fazer isso de maneira universalmente acessível e útil… resolvendo os problemas para nossos usuários, nossos consumidores e o mundo… a AI … [está] trazendo-nos novas formas de encarar velhos problemas e auxiliando-nos a transformar como trabalhamos e vivemos além de imaginarmos o grande impacto que gerará quando todos puderem acessá-la.”

Enquanto isso, Elon Musk está criando uma “cruzada de bilhões de dólares” para evitar o apocalipse da IA, exigindo regulamentos sobre a tecnologia “antes que seja tarde demais”. Segundo Musk, as AIs estão se aprimorando a um ritmo muito maior do que a maioria das pessoas percebe, e, na verdade, não há como dizer o que elas podem ser usados em última instância. 14  No vídeo abaixo, Demis Hassabis, fundador da Deep Mind, discute alguns dos projetos em que esta corporação de AI, agora de propriedade da Google, está envolvida.

 

‘Não Seja Mau'

Em um toque irônico, o Google tornou-se exatamente o oposto do seu slogan inicial: “Não seja mau”. Quando o Google tornou-se Alphabet, adotou um lema mais abrangente, que começa com o fazer o “bem – seguir a lei, agir honrosamente e tratar o outro com respeito.” 15 No entanto, a empresa luta poderosamente para alcançar também este novo lema. Raramente parece ser capaz de distinguir o certo do errado – pelo menos no que diz respeito aos seus usuários – tendo agido repetidamente como se estivesse acima de qualquer lei da Terra.

No ano passado, o Google foi considerado culpado de violar as regras antitruste da União Européia (UE) quando deu preferência às suas próprias subsidiárias de compras sobre os concorrentes em seus resultados de pesquisa e foi multada em US $ 2,7 bilhões de dólares.

Quando a equipe do Open Markets da New America — um Think Tank  (grupo de reflexão) que recebeu mais de $ 21 milhões de dólares do Google no decorrer dos anos — elogiou a decisão da União Europeia e convocou a Comissão Federal de Negócios dos EUA (nt.: em inglês – U.S. Federal Trade Commission), o Departamento de (nt.: Department of Justice/DOJ) e os procuradores da Procuradoria Federal a aplicarem a lei norte americana sobre monopólios aos negócios do Google nos EUA, a New America dispensou toda a equipe do Open Markets do think tank.16

Zephyr Teachout, professora associada de direito junto à Fordham University, escreve em artigo para o Washington Post, “o Google está começando a perseguir os críticos na Academia e no Jornalismo. É tempo de impedi-los”: 17

“O excesso imperial do Google na tentativa de encerrar um grupo de cinco pesquisadores, prova o ponto que a ação inicial de informação do Open Markets estava tentando fazer: quando as empresas obtêm muito poder, elas se tornam uma ameaça à liberdade de expressão democrática e à liberdade  dos cidadãos em geral … O Google está se tornando um governo em si mesmo, parecendo ser incapaz de até mesmo ver os seus próprios excessos de autoritarismo.”

O Google está se encaminhando claramente para ser um monopólio. O fato de os EUA não terem encravado a organização em taxas antitruste semelhantes às levantadas na UE é uma bandeira vermelha gigante de que algo não não está lá muito certo. Conforme observado pela Music Technology Policy 18 no ano passado, parece que o Google conseguiu contornar a lei dos EUA simplesmente instalando um dos seus advogados na divisão antitruste do Departamento de Justiça dos EUA. Este é um exemplo clássico de por que a porta giratória entre governo e a indústria não podem ser descuidadas nunca.

 

Por que Devemos Ter Cuidado com Monopólios Como o do Google

Infelizmente, muitos ainda não conseguem ver a dimensão do problema que o Google representa. Seus serviços são úteis e práticos, facilitando a vida de muitas maneiras e sendo divertida em outras. Essa é a isca e muitos a engolem, e caem como um patinho. Não pensam no preço final pago por tais conveniências ou simplesmente subestimam a ameaça que toda essa captação de dados pessoais representa.

Se nos encaixamos nesta categoria, está na hora de darmos atenção a este fato, porque os monopólios ameaçam o nosso próprio modo de vida e de mais de uma maneira. Como explanado pelo jornalista de negócios e ex-diretor da Open Markets, Barry Lynn: 19

“[M]onopólios são uma ameaça à nossa democracia e às nossas liberdades básicas bem como às nossas comunidades. A monopolização, essa concentração de riqueza e poder, é uma ameaça para tudo o que representa a América do Norte … A nação tem hoje um problema de monopólio. Estamos vendo efetivamente uma segunda onda de consolidação e monopolização por causa da revolução digital

O primeiro passo é a proteção ao consumidor e também dos danos potenciais. Nós criamos leis antitruste primeiramente para protegerem nossas liberdades, muitas vezes como produtores de coisas… em minha liberdade de trazer o trigo, minhas ideias, o produto do meu trabalho etc. Isso é liberdade.

O segundo propósito foi proteger nossa democracia de imensas concentrações de riqueza e poder. Proteger nossas instituições democráticas. E como terceiro [foi] proteger nossas comunidades. Se eu estiver vivendo numa cidade como Peoria, quero que seja administrada por um par de corporações de Wall Street ou pelos cidadãos de nossa comunidade?”

Como Eliminar o Google De Nossa Vida

Alphabet, companhia mãe reformulada que abriga o Google e suas várias divisões, tornou-se um super estrutura como um polvo com seus tentáculos alcançando desde o governo, a produção de alimentos, assistência à saúde, educação, usos militares e a criação da Inteligência Artificial que pode se alastrar mais ou menos independentemente.

Um componente-chave de muitos desses empreendimentos estão dados – ou seja, nossos dados de uso pessoal; o rastreamento de cada página da web que já visitamos bem como cada pensamento que tivermos escrito em um dispositivo habilitado pelo Google, juntamente com o rastreamento geográfico de todos os nossos movimentos.

Em última análise, o que pode ser feito com esse tipo de informação, além de publicidade personalizada? Como pode ser usada em combinação com robôs militares equipados com IA? Como pode ser usada para influenciar suas decisões de cuidados de saúde? Como pode ser usada para influenciar suas decisões de estilo de vida? Como poderia (ou é) usar para moldar a política e a sociedade em geral?

Hoje, ser um consumidor consciente inclui tomar decisões sensatas e fundamentadas sobre tecnologia. Qualquer pessoa que gastou até mesmo uma pequena quantidade de tempo refletindo sobre as ramificações do monopólio cada vez maior do Google sobre nossas vidas cotidianas, é susceptível de estremecer com estas possibilidades e concordar que não podemos permitir que isso continue. Este ano, prometa que irá reprimir um dos maiores vazamentos de dados pessoais em sua vida, boicotando todas as coisas do Google. Aqui está um resumo das medidas de ação que você pode tomar agora, começando hoje. Para maiores informações, ver Goopocalypse.com's boycott Google page.

1.Assinar a petição “Não seja mau” (“Don't be evil” petition) criado pelos Citizens Against Monopoly.

2.Evitar algum ou todos os produtos do Google:

a.Parar de usar os mecanismos de pesquisa do Google. Até agora, um dos melhores que o autor deste artigo encontrou foi: DuckDuckGo20

b.Desinstalar o Google Chrome e usar o Opera browser, em vez dele, disponível para todos os computadores e equipamentos móveis.21 Sob  perspectiva de segurança, o Opera é muito superior ao Chrome e oferece um VPN service (virtual private network) livre para posterior preservação de nossa privacidade;

c.Se tivermos uma conta no Gmail, fechar e abrir uma conta em um serviço de email que não seja filiado ao Google, podendo ser ProtonMail,22 que é um serviço de email criptografado com base na Suíça;

d.Parar de usar o Google docs. O periódico Digital Trends publicou artigo sugerindo várias alternativas; 23

e.Se for estudante não converter as contas criadas para o Google como estudante em contas pessoais.

 

Fontes e Referências

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2018.

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