Conglomerados econômicos compram vastas áreas de terra apta para a agricultura.

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Recentemente, o portal de notícias internacionais New Eastern Outlook publicou um relatório no qual ressalta o envolvimento de grandes conglomerados econômicos, com a à frente, na compra de enormes extensões de terra em todo o mundo.

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/542560-conglomerados-economicos-compram-vastas-areas-de-terra-apta-para-a-agricultura

 

A reportagem é de Giorgio Trucchi e publicada por Rel-UITA, 12-05-2015. A tradução é de André Langer.

Fonte: http://bit.ly/1PiT5y6

De acordo com vários especialistas internacionais – assinala o portal – a compra de terra representa um “investimento econômico altamente lucrativo”, tanto para países desenvolvidos como para suas empresas .

Neste sentido, para países como China, Coreia do Sul, Japão, Índia, os países do Golfo Pérsico e os Estados Unidos, entre outros, a compra de terras agrícolas fora de suas fronteiras nacionais converteu-se em uma “política de Estado”.

Se há alguns anos, o continente africano era o território mais atraente para adquirir enormes extensões de terra a baixo custo, a crise econômica e financeira da Ucrânia colocou este país no topo das preferências.

De acordo com dados relatados pelo New Eastern Outlook, o fenômeno da estrangeirização das terras na África afeta a mais de 60 milhões de hectares, ou seja, duas vezes a superfície do Reino Unido.

Países à venda. e agrocombustíveis em toda parte

Na Etiópia, explica o portal, o preço do arrendamento anual de um terreno não passa do 1,20 dólar por hectare, ao passo que o preço da venda mantém-se entre 20 e 30 dólares.

Nos últimos anos, os países que mais investiram na compra de terra neste continente são a Alemanha e os Estados Unidos.

“As empresas destes países cultivam preferencialmente trigo e óleo de palma geneticamente modificados para a produção de agrocombustíveis. A Monsanto, empresa líder na produção de alimentos transgênicos, foi muito ativa neste sentido”, explica o New Eastern Outlook.

O portal assinala também o envolvimento de várias universidades norte-americanas na compra de terra na África, entre outras, a Harvard University e a Vanderbilt University, que estão comprando através do mediador inglês Emergent Aset Management.

Também a Universidade de Iowa, em colaboração com a AgriSol, iniciou um projeto na Tanzânia avaliado em mais de 700 milhões de dólares, que prevê o deslocamento das comunidades de Katoomba e Misham, onde vivem mais de 160 mil pessoas.

Frequentemente – assinala a mesma fonte informativa –, estes novos “fazendeiros” são cidadãos norte-americanos que aproveitam seu cargo institucional para estes fins.

“O então embaixador dos Estados Unidos no Sudão, Howard Eugene Douglas, fundou a Kinyeti Development Company, com sede legal no Texas, convertendo-se em proprietário de cerca de 600 mil hectares de terra.

“Não deixa de surpreender o fato de que, na hora de iniciar sua atividade no setor imobiliário, Douglas desempenhava o cargo de coordenador para os refugiados no Sudão, muitos deles expulsos por sua própria companhia”, recorda o New Eastern Outlook.

Ucrânia: de celeiro da Europa a dispensador de venenos

Muitas vezes, a compra de terras realiza-se de maneira semi-oculta, tratando de driblar as legislações nacionais que proíbem a venda a estrangeiros. O portal internacional explica que, nestes casos, criam-se joint ventures.

“Afinal, a aquisição de terras revela o seu verdadeiro objetivo: o . Se no passado, para criar uma colônia era preciso ocupar um território à força, agora basta comprá-lo, e os novos proprietários são aqueles que mandam”, analisa a publicação.

No caso da Ucrânia, destaca-se o processo acelerado de estrangeirização da terra.

A Ucrânia é o terceiro maior exportador mundial de milho e o quinto maior de trigo. Tem 32 milhões de hectares de terras de cultivo, ou seja, um terço da terra produtiva total de toda a União Europeia.

De acordo com dados da instância governamental que controla o uso das terras neste país, 75% das terras aráveis – cerca de 32 milhões de hectares – já estão nas mãos de privados, entre eles diferentes corporações agroindustriais europeias e norte-americanas.

“Estas empresas são atraídas pelo baixo custo e pela fertilidade da terra preta da Ucrânia, neste momento o melhor lugar do mundo para cultivar alimentos geneticamente modificados e milho para agrocombustíveis. A já anunciou um investimento milionário no setor agrícola ucraniano, e o mesmo farão outras empresas como Cargill e DuPont”, adverte o New Eastern Outlook.

Em suma, trata-se de uma verdadeira escalada ao setor agrícola ucraniano.

A Cargill, por exemplo, já controla mais de 5% da Ucraina UkrLandFarming, uma das maiores empresas agrícolas do país, ao mesmo tempo que comercializa de maneira massiva agrotóxicos, sementes transgênicas e fertilizantes.

O portal internacional também chama a atenção para a presença na Ucrânia de cerca de 40 empresas agrícolas alemãs, que operam em fazendas de entre 2.000 e 3.000 hectares.

E como se isso fosse pouco, o fundo de pensões estadunidense NCH Capital já arrendou cerca de 450 mil hectares e entrou na produção de .

O resultado desta política, que tem fortes repercussões geoestratégicas, promovida e fomentada pela União Europeia, Estados Unidos e os grandes organismos financeiros internacionais, é que, atualmente, cerca de 1,7 milhão de hectares de terras agrícolas da Ucrânia estão em mãos de estrangeiros.

Alerta glifosato. Autoridades mudas, cegas e surdas

No dia 03 de maio passado, mais de 30 mil médicos e especialistas em saúde de toda a América Latina exigiram que os produtos da Monsanto fossem proibidos. Um dos principais argumentos é a recente confirmação por parte da Organização Mundial da Saúde de que o glifosato é cancerígeno.

A Monsanto desenvolveu e patenteou este de amplo espectro em 1974 e, embora sua patente tenha expirado em 2000, segue sendo o princípio ativo do herbicida Roundup, que está associado à maioria de seus transgênicos.

“Lamentavelmente, a estrangeirização das terras e a expansão de cultivos transgênicos parecem não preocupar as autoridades ucranianas, que mostraram um total desinteresse diante dos perigos que correm tanto seus cidadãos como o resto da população europeia”, concluiu o New Eastern Outlook.

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