Com manejo e vigilância, indígenas aumentam população de pirarucu no AM

Pirarucu

Pirarucu: o gigante de água doce. Pode medir de 2 a 3 metros e pesar de 100 a 200 kgs.

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Da Redação

07 de dezembro de 2021

MANAUS – O manejo possibilitou o aumento de 631% do cardume de pirarucu em terras indígenas dos Paumari, no Rio Tapauá, no sul do Amazonas, em 12 anos. Enquanto em 2009 foram contados 251 unidades, em 2021, o total foi de 1.835 – isso em apenas 16 lagos monitorados no período.

Os dados são da Opan (Operação Amazônia Nativa) que coordena o manejo sustentável com apoio do projeto Raízes do Purus, patrocinado pela Petrobras. A iniciativa busca fortalecer a gestão sustentável e a proteção da biodiversidade em seis terras indígenas no sul e sudoeste do Amazonas, contribuindo para a conservação de mais de dois milhões de hectares de floresta.

O pirarucu é muito consumidor na culinária amazonense e a espécie está ameaçada de extinção. Maior peixe de escama de água doce do mundo, o pirarucu pode atingir três metros de comprimento e pesar mais de 200 quilos.

A pesca e captura do peixe de forma comercial foi proibida pelo Ibama em 1996. Desde lá, a captura foi limitada a áreas de manejo sustentável, autorizadas pelo órgão. “Hoje, os Paumari têm uma excelente capacidade de gerir e proteger suas terras”, afirma Gustavo Silveira, coordenador técnico da Opan.

O método do manejo tem como pilares a organização comunitária, a vigilância territorial, e o monitoramento dos estoques de pirarucu. Também são controlados o período da pesca – limitada à época de seca, entre setembro e novembro –, e a quantidade e o tamanho.

A cada ano, as comunidades recebem a autorização do Ibama para pescar uma cota de 30% da população adulta de pirarucu, com no mínimo um metro e meio de comprimento. As regras garantem que, mesmo com a pesca, a espécie consiga recuperar e aumentar a sua população por meio da reprodução natural.

Com plataformas flutuantes em pontos estratégicos, os Paumari vigiam o acesso aos rios para conter a pesca predatória. O período de reprodução dos pirarucus não era respeitado, e indivíduos de todas as idades, inclusive filhotes, eram pescados indiscriminadamente. “Chegou um momento em que quase não tinha mais peixe nos lagos”, lembra Germano Paumari, professor e coordenador financeiro da Associação Indígena do Povo da Água (AIPA).

“Ficamos sem pescar nos lagos destinados ao manejo durante cinco anos. Com a vigilância, a quantidade de pirarucu foi crescendo, e a proposta foi conquistando mesmo aqueles que não acreditavam que ia dar certo no início”, relata Germano.

Atualmente a vigilância dos territórios envolve a maioria das famílias, que se alternam em turnos de uma semana nas bases flutuantes, nos períodos de maior ocorrência de invasões.

“O trabalho de proteção é importante, porque, hoje, a gente tem a nossa alimentação garantida. Sem vigilância, os invasores vão entrar, e o peixe vai acabar de novo”, destaca Francisco Paumari. Além da escala de plantão nos flutuantes, as comunidades aproveitam outros deslocamentos pelos territórios para vigiar as áreas mais vulneráveis à pesca ilegal.

Manejo e vigilância resultou em aumento da população de pirarucu em terras indígenas (Foto: Adriano Gambarini/Opan/Divulgação)

Sobre o Raízes do Purus

O projeto Raízes do Purus é uma iniciativa da Opan com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, que visa a contribuir para a conservação da biodiversidade no sudoeste e sul do Amazonas.

A iniciativa envolve as terras indígenas Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, Caititu, Paumari do Lago Manissuã, Paumari do Lago Paricá, Paumari do Cuniuá e Banawa, na bacia do Rio Purus, e Deni e Kanamari, no Rio Juruá.