Celulares: um novo perigo ambiental que pode ser reduzido.

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É possível os telefones serem prejudiciais? Quando ouvi pela primeira vez esta possibilidade, eu a rejeitei. Afinal de contas, é fisicamente impossível uma radiação fraca não-ionizante destes aparelhos romperem as ligações que efetivamente prendem nossas células. Mesmo que o celular utilize a mesma frequência de radiação dos micro-ondas, ainda a empregam com menos poder do que acima de duas mil vezes.

 

http://www.psr.org/environment-and-health/environmental-health-policy-institute/responses/cell-phones-a-new-environmental-hazard-that-can-be-reduced.html

 

By Devra Davis, PhD MPH

Este ensaio vem em resposta a: Qual o perigo ambiental que deve ser o próximo na agenda política (What emerging environmental hazard should be next on the policy agenda) ?

O perigo mais óbvio do uso dos celulares surge dos sérios acidentes de trânsito que ocorrem em razão da direção distraída e dos comportamentos rudes que crescentemente eles estimulam nas mesas de jantar, restaurantes e nos bares. Mas dificilmente estes seriam os únicos perigos destes aparelhos agora universais dos quais quase todos os adultos e os adolescentes dependem. Fracos, os sinais que pulsam dos celulares não são inócuos, mas induzem a uma gama de sérias respostas biológicas. A radiação diária dos celulares originários dos ‘smartphones' podem danificar o DNA, reduzir a contagem de espermatozoides tanto em animais irracionais como no ser humano, aumentando a produção de marcadores sanguíneos prejudiciais ligados a maiores riscos de cânceres e ao enfraquecimento da barreira que protege os cérebro de exposições danosas. Na concepção de políticas apropriadas sobre químicos tóxicos devemos é claro reduzir as exposição, mas também precisamos diminuir a radiação dos celulares para alcançarmos este objetivo em razão de que tal radiação exacerba a absorção de todos os químicos tóxicos.

Meu novo livro Disconnect explana a ciência e os documentos por trás de tudo isso, que estão num padrão sofisticado e oculto tanto de engano como de negação, implementados pela indústria dos celulares—muito semelhante de como as indústrias do tabaco e do amianto/asbesto fizeram. Na verdade a ciência e a engenharia dos celulares são complicadas e não completamente entendidas pela maioria dos médicos e dos cientistas. Esta complexidade tem propiciado facilmente com que se tornem confusas para as pessoas quanto aos seus riscos. Toda a vez que os estudos emergem indicando que a radiação dos celulares pode ser danosa, eles têm sido tratados como verdades inconvenientes para serem desconsiderados sem resistência, por estarem sendo considerados que atacam tanto a ciência como os cientistas. Tem sido fácil recrutar céticos para realizarem pesquisas que se parecem com replicações, mas realmente não são. Esta estratégia vinha funcionado até agora, até que duas coisas importantes mudaram. Os governos que, ao acompanhar o avanço da ciência, estão exarando regras exigindo etiquetas de advertência além de proibir publicidade para crianças, e a indústria lançou seus próprios avisos com ‘letrinhas miúdas'.

Em países, cidades e estados ao redor do mundo–desde a Finlândia, Israel, França e Canadá até San Francisco, Jackson, Wyoming e Luxemburgo–regulamentações e proclamações vêm avançado a partir deles a forte evidência de que a radiação do telefone celular tem uma série de impactos biológicos. Padrões para os telefones foram estabelecidos há mais de duas décadas atrás, com base no sentido de se evitar impactos agudos para um forte recruta militar masculino pesando mais 90 quilos. Dos quatro bilhões de telefones do mundo, números crescentes estão sendo usados por crianças, cujos cérebros e corpos não são apenas menor do que esse baita personagem padrão, mas e principalmente diferentes. É por isso que as empresas vêm emitir advertências impressas em ‘letras miúdas' para que as pessoas possam ler depois de comprarem os telefones. E é por isso San Francisco passou direto ao conhecimento da legislação.

Não importa quem está no comando de um governo democrático, a se baseia no consentimento dado livremente pelos governados. As pessoas têm o direito básico de saber que os telefones celulares são pequenos aparelhos de micro-ondas que transmitem e recebem radiações que podem ser usados com segurança apenas quando não estiverem tocando a cabeça ou no corpo. E todos os usuários devem ter o direito de saber disso antes de sua decisão se compram ou não este dispositivo. É um insulto à inteligência do público consumidor, embalar telefones celulares com avisos de que eles não podem ser usados com segurança no bolso ou com a distâncias de 15 mm (ou 0,98 polegadas) do corpo.

Em outubro de 2010, em sua coluna ‘Skeptic‘ do periódico Scientific American, Michael Shermer argumenta corretamente que aos celulares falta poder para quebrarem diretamente as ligações iônicas que unem conjuntamente a complexa estrutura do DNA. Mas, ele erra completamente quando afirma que a radiação dos celulares não pode causar danos ao DNA através de outros meios ou de que o surge somente após a ocorrência de tais danos.

O professor Frank Barnes, membro da National Academy of Engineering, reporta que a de radiofrequência pode gerar disfunções nos processos metabólicos ou causar outras alterações biológicas tais como a mudança na direção dos neutrófilos (nt.: células sanguíneas que atuam no sistema imunológico) que podem levar a uma série de outras alterações. Recentemente o biólogo da Universidade de Tufts de Boston, Michael Levin, detectou que propriedades elétricas de um tipo de célula pode induz outras, distantes, a alterarem seus comportamentos e podem ser “o interruptor que arbitra a distinção entre célula-tronco e célula de câncer”.

De fato, os celulares são pequenos rádios de micro-ondas de duas vias que conta com relativamente pouca energia tanto para receber como para enviar sinais. A natureza de seu sinal digital pulsado pode explicar porque sua radiação induz dano ao DNA e também prejudica a morfologia dos espermatozoides, sua motilidade e contagem. Doze diferentes laboratórios europeus trabalhando como parte do projeto apoiado pela União Europeia, REFLEX, detectaram evidências significativas do dano ao DNA vindos dos sinais dos modernos telefones 3G. Dividir amostras de espermatozoides humanos estudados em seis diferentes laboratórios nacionais, indicaram morfologia e motilidade mais pobres além do aumento da patologia em amostras expostas a celulares.

Michael Shermer alega de que os últimos estudos epidemiológicos da OMS/WHOWorld Health Organization deste problema confirmam que não há um aumento do risco em geral quanto ao câncer de cérebro conectado com o uso dos celulares. No entanto, de fato, este projeto tem continuidade porque os seus responsáveis entendem a necessidade paa continuar vigilantes. (Um usuário neste estudo foi definido como alguém que fez uma chamada de celular por semana por seis meses. Nenhum norte americano foi incluído nesta análise.) Shermer pode não estar ciente que aqueles que utilizaram o celular por dez anos, meia hora por dia—como a maioria de nós faz hoje em dia—tiveram um aumento significativo no risco de tumores cerebrais malignos. Na verdade, a maioria dos estudos de usuários de celulares não tem seguido pessoas que vem usando o aparelho por mais do que poucos anos. Todo o estudo com usuários contumazes de celulares que permanece por mais do que alguns anos, detecta que eles têm um aumento significativo do risco de cânceres cerebrais uma década mais tarde. Estudos na Suécia verificaram que aqueles que começaram a usar os celulares como adolescentes tiveram cinco vezes mais cânceres de cérebro quando adultos. (Os atuais responsáveis por este trabalho na OMS/WHO, Joachim Schutz e o reconhecido epidemiologista norte americano Jonathan Samet, não compartilham com a convicção de Shermer, observando que mais estudos são necessários um período mais longo de tempo antes de chegar a qualquer conclusão definitiva baseada somente em evidência humana).

Será que não aprendemos realmente nada das histórias tanto do tabaco e do amianto/asbesto? Estudos destes agentes não detectaram aumento do risco de câncer dez anos antes das pessoas começarem a usar estes conhecidos carcinogênicos. Os cânceres se mostraram de vinte a trinta anos depois. Na verdade, as formas que usamos os celulares e as pessoas que os usam hoje em dia mudaram radicalmente desde que os celulares foram introduzidos pela primeira vez.

Sem grandes pesquisas e programas de formação estão em andamento em bio eletro magnéticos nesta nação e nem grandes estudos estão previstos sobre os impactos sobre os humanos destes dispositivos agora onipresentes. A última pesquisa nacional de exposição ao micro-ondas e outros tipos de radiação eletromagnética ocorreu em 1980. Se os celulares são, de fato, seguros por que todos os principais fabricantes de smartphones colocaram advertências em letras miúdas informando que os aparelhos não podem ser usado junto à cabeça ou ao corpo sem violar as normas FCC (nt.: The Federal Communications Commission/Comissão Federal de Comunicações – regulamenta todos os meios de comunicações nos )? Como também por que as seguradoras já não fornecem cobertura para danos relacionados com a saúde a partir de celulares?

Por uma questão de política pública, devemos perguntar – devemos confiar exclusivamente nos estudos epidemiológicos limitadas deste dispositivo moderno agora onipresente e ignorar o crescente corpo de descobertas experimentais? Quando deveríamos ter agido contra o tabaco e o amianto? Os governos francês, finlandês e britânico analisaram toda a informação sobre os impactos dos celulares e emitiram alertas para o uso de fones de ouvido e viva-voz. Na França, é agora ilegal vender um celular sem fone de ouvido ou advertências sobre o uso seguro bem como a publicidade de celulares para crianças ser proibida.

Michael Shermer tem o aspecto sobre física correto, mas quanto à biologia está completamente errado. Tomar precauções agora nas formas como usamos estes rádios de micro-ondas bidirecionais, mostra uma grande dose de bom senso e poderá poupar nossos netos um tremendo problema de saúde.

Devra Davis, PhD MPH

Indicada como finalista para o prêmio nacional de literatura por seu livro ‘When Smoke Ran Like Water‘ (2002, Basic Books), Devra Davis fundou a ONG Environmental Health Trust (nt.: http://ehtrust.org/) em 2007 em Teton County, Wyoming, para providenciar pesquisa básica e processos educativos sobre questões de saúde ambiental local, nacional e internacionalmente.  

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2014. 

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