Campanha pretende limpar os oceanos transformando plástico em moda.

Episódios em que animais marinhos são encontrados mortos em praias estão se tornando cada vez mais comuns, e a causa dessas cenas lamentáveis muitas vezes é a mesma: a ingestão de plástico.

 

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por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

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Projeto Vortex promete recolher resíduos e reutilizá-los na criação de fios que possam ser aproveitados na confecção de roupas.

Por exemplo, em março de 2013, uma baleia cachalote de dez metros de comprimento apareceu morta na costa sul da Espanha. Ela havia engolido 59 diferentes itens de plástico, totalizando 17 quilos.

Com o intuito de limpar os das milhares de toneladas de lixo que a humanidade gera todos os dias, a ONG Sea Shepherd lançou durante o final de semana passado o Projeto Vortex.

Durante uma coletiva de imprensa no Museu Americano de História Natural em Nova Iorque, sob uma réplica de uma baleia azul que se destaca em uma das dezenas de exposições do Museu, a ONG e seus parceiros norte-americanos lançaram a campanha para limpar o lixo plástico dos oceanos e transformá-lo em moda.

A primeira empreitada do projeto teve início durante a Semana de Moda de Nova Iorque. Em conjunto com a fabricante de ecomateriais Bionic Yarn (cujo proprietário é o cantor Pharrell Williams) e com a marca G-Star RAW, a Sea Shepherd pretende transformar plástico em jeans. A primeira coleção feita com o plástico reciclado dos oceanos deve estar nas lojas em agosto de 2014.

O Vortex faz parte de uma iniciativa chamada “Parley for the Oceans”, composta por artistas, ativistas, músicos, designers, jornalistas, empreendedores e inovadores para lidar e resolver o problema da poluição por plástico nos oceanos. A Sea Shepherd é parceira oficial do Parley for the Oceans.

O Projeto Vortex recolhe resíduos dos oceanos e zonas costeiras, recicla, aprimora e reusa para criar tecidos, fios e outros elementos que compõe os bens de consumo. Os parceiros da Parley usarão os resíduos para criar produtos exclusivos.

Outro compromisso é que eles busquem fechar o ciclo de vida dos produtos e reciclem novamente para que não tornem a ser poluição.

Durante o lançamento do Projeto Vortex, o fotógrafo David LaChapelle, conselheiro do Parley, Pharrel Williams e Paul Watson, fundador da Sea Shepherd, marcaram presença junto a mais de 300 pessoas.

A ONG, renomada internacionalmente pela luta incansável pela preservação das baleias, golfinhos, tubarões e demais componentes da biodiversidade marinha, será a responsável pela coordenação da coleta, inovação cientifica e conscientização.

“O plástico está engasgando nossos oceanos e a preciosa vida marinha em uma taxa sem precedentes. Canudos, sacolas descartáveis e outros estão ludibriando os animais marinhos ou bloqueando seus sistemas digestivos, matando essas criaturas magníficas”, alertou Watson.

Oceano de plástico

O nome do projeto vem do triste fato de que os cinco giros, ou Vortex, criados pela correntes oceânicas ao redor do mundo – inclusive no Atlântico – estão tomados por plástico.

Estudos recentes indicam que pelo menos 18 milhões de quilogramas de plástico acumularam e estão flutuando apenas no Oceano Pacífico norte. Com a luz do sol, o plástico é degradado em pequenos fragmentos, e confundido pelos animais marinhos e pelas aves com comida.

Em um relatório de 2012, a Sociedade Mundial para a Proteção dos Animais (WSPA) estima que entre 57 mil e 135 mil baleias sejam emaranhadas por plásticos a cada ano.

Um filme realizado nas Ilhas Midway, no meio do Pacífico, a mais de três mil quilômetros do continente mais perto, mostra uma tragédia ambiental extremamente simbólica. Mesmo sendo uma das ilhas mais remotas do planeta, dezenas de filhotes de albatrozes morrem com seus corpos atulhados de plástico.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.