Apresentação feita pelo organizador do site sobre este material “técnico” que tenta trazer mais uma alternativa, extremamente tecnocrática, que demanda muito capital, é altamente poluente e que vem se agregar a mais uma ação do lobby (aqui no Brasil a Plastivida) das indústrias de plástico no planeta: a busca de “soluções tecnológicas” que “escondam” ou “eliminem” aquilo que o plástico tem mostrado ser, um grande problema para o ambiente global. Lembrem-se que a outra “solução inteligente” é o plástico “oxibiodegradável” (ver: https://nossofuturoroubado.com.br/aditivos-plastificantes/sacolas-plasticas-opiniao-do-professor-jose-carlos-pinto-coppeufrj). Não podemos, como sociedade em geral, nos deixar ludibriar por estas magias. Temos que nos convencer, de maneira definitiva, de que o plástico é originário de moléculas artificiais e por isso absolutamente contrários à Vida. Chegou o tempo dos seres humanos terem a responsabilidade de reconhecer, por terem sido seus criadores como pequenos aprendizes de feiticeiro, que criaram este triste e indestrutível legado para o futuro. E que a solução tecnológica do terceiro mundo passa obrigatoriamente pela inclusão dos catadores como os grandes parceiros de recolocação destes materiais no ciclo produtivo. Em vez de altos investimentos em máquinas e tecnocracia, estas sociedade devem investir na qualificação cidadã, empresarial e humana desta faixa da nossa sociedade no sentido que seu trabalho tenha tanta qualidade profissional, coletiva e social como qualquer empresário ou industrial que é recebido com tapete vermelho pelas estruturas governamentais e administrativas. Só desta forma, a sociedade como um todo, irá impedir que estes materiais se transformem em fumaça ou micropartículas imperceptíveis a olho nu, e assim ao se refazer o ciclo fechado e permanente de consumo destes plásticos, estaremos limitando e dando um basta à permanente produção de mais e mais matérias primas originais nos polos petroquímicos que por sua vez gerarão mais e mais plásticos, mais e mais poluição, mais e mais contaminação.
http://www.ecodebate.com.br/2012/12/07/caderno-informativo-sobre-a-recuperacao-energetica-de-residuos-solidos-
[EcoDebate] A Abrelpe e Plastivida lançaram informativo sobre a recuperação energética de resíduos sólidos urbanos através da incineração, disponível em: http://www.abrelpe.org.br/_download/informativo_recuperacao_energetica.pdf
A publicação aborda os tópicos: política nacional de resíduos sólidos, panorama dos resíduos sólidos no Brasil, desafios atuais da gestão de resíduos, conceitos sobre a recuperação energética, visão geral do processo de Mass Burning, evolução da destinação de resíduos e complementariedade das soluções, dioxinas e furanos, e recuperação energética e mudanças climáticas.
O relatório foi elaborado pelo Comitê de Valorização Energética, grupo técnico multilateral criado pelo acordo de cooperação entre a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) e o Instituto Sócioambiental dos Plásticos (Plastivida) dentro dos preceitos do novo PNRS.
Em 2011 cada brasileiro descartou, em média, mais de 1 kilograma de resíduos ao dia. O Brasil gerou cerca de 62 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), onde cerca de 42% ainda receberam destinação inadequada: aterros precários ou lixões (ABRELPE, 2011).
Segundo o relatório (p.11), o Mass Burning é a rota tecnológica mais difundida e empregada mundialmente para tratar os RSU e reaproveitar o seu conteúdo energético. Nela ”os RSU são descarregados em um fosso de armazenamento sem necessidade de qualquer pré-tratamento e através de garras são dosados no sistema de alimentação das caldeiras ou fornos para serem incinerados, com excesso de oxigênio, gerando gases quentes que trocam calor, em uma caldeira, com as paredes dos tubos produzindo vapor em alta pressão e temperatura, para uso térmico ou em conjuntos turbinas e geradores para geração de energia elétrica”.
No tópico recuperação energética e mudanças climáticas o estudo procura mostrar as vantagens da utilização de tecnologias de recuperação energética como redutoras em emissões de gases de efeito estufa e contrapor-se às duas principais resistências ao uso da incineração energética no Brasil: a emissão atmosférica de poluentes e a concorrência com a reciclagem.
No primeiro caso deixa claro que as emissões deverão satisfazer as resoluções do CONAMA e as resoluções estaduais, quando mais restritivas. Esclarece que “as unidades de tratamento térmico de resíduos possuem métodos e equipamentos sofisticados para filtrar e abater as emissões atmosféricas nos níveis exigidos pela rigorosa legislação ambiental europeia. No caso do Estado de São Paulo, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente estabeleceu, na Resolução SMA 079/2009, exigências e parâmetros ambientais para o licenciamento e funcionamento seguro de unidades desse tipo. Além disso, essas unidades contam com equipamentos de monitoramento ambiental contínuo, em tempo real, e alarmes de interrupção, caso aconteça alguma ultrapassagem de emissões, garantindo a segurança da comunidade e do meio ambiente”.
No segundo, destaca a hierarquia determinada pela PNRS, que privilegia a reciclagem, considerando a reciclagem e a recuperação energética como tecnologias complementares e não concorrentes: “..considerando a realidade dos sistemas de coleta, é evidente que os resíduos secos, separados e coletados na fonte, são aptos para reciclagem e devem ter seu encaminhamento nesse sentido.
Para os demais resíduos, coleta dos misturados e contaminados com as frações orgânicas, a forma mais eficiente de destinação é a recuperação energética. Além disso, também o rejeito do processo de triagem e reciclagem pode ser destinado às usinas de recuperação energética”.
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2011.
______. Resíduos Sólidos Urbanos: Recuperação energética. Caderno informativo. ABRELPE/PLASTIVIDA.
Marcos Godecke é *Doutorando em Qualidade Ambiental – FEEVALE (RS) – [email protected]