Bacia amazônica está virando emissora de carbono, alerta estudo na revista Nature.

A bacia amazônica, tradicionalmente considerada uma proteção contra o aquecimento global, pode estar se tornando um contribuinte-chave de emissões de dióxido de carbono (CO2) como resultado do desmatamento, alertaram cientistas em artigo [The Amazon basin in transition] publicado nesta quarta-feira.

 

http://www.ecodebate.com.br/2012/01/20/bacia-amazonica-esta-virando-emissora-de-carbono-alerta-estudo-na-revista-nature/
Publicado em janeiro 20, 2012

 

Em um resumo divulgado na revista Nature, cientistas chefiados por Eric Davidson, do Centro de Pesquisas Woods Hole (WHRC), em Massachusetts, a está “em transição” em consequência das atividades humanas. Matéria da France Presse.

Ao longo de 50 anos, a população na região aumentou de 6 para 25 milhões de habitantes, levando a uma limpeza maciça de terreno para a exploração de madeira de corte e a agricultura, afirmaram.

O balanço de carbono da Amazônia – quantidade de dióxido de carbono que é liberada ou retirada da atmosfera – está mudando, embora seja difícil estimar com precisão, acrescentaram.

“O desmatamento alterou o balanço líquido da bacia de um possível sumidouro de carbono, no final do século XX, para uma fonte líquida”, afirmaram os cientistas no artigo.

Florestas maduras, como a amazônica, são fatores importantes na equação do aquecimento legal.

Suas árvores sugam CO2 da atmosfera, através da fotossíntese. Mas quando apodrecem ou são queimadas ou a área de florestas é desmatada, o carbono volta para o ar, incrementando o efeito estufa.

O artigo calcula que a biomassa da Amazônia contenha colossais 100 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a mais de 10 anos de emissões globais de combustíveis fósseis.

Desencadeador de mudanças no clima, o aquecimento global pode liberar parte deste estoque, alertaram.

“Grande parte da floresta amazônica é resiliente à seca sazonal e moderada, mas esta resiliência pode ser e foi exacerbada com secas severas experimentais e naturais, indicando um risco de perda de carbono se a seca aumentar com as mudanças no clima”, acrescentaram.

No artigo, os cientistas também destacaram que tem sido registradas secas extremas e cheias nas bacias do Tocantins e do Araguaia, cujos rios drenam a região do Cerrado, fortemente desmatada.

“Onde o desmatamento é extenso em escalas local e regional, a duração da estação seca está se alongando e a descarga da estação úmida está se intensificando”, destacou.

The Amazon basin in transition
Nature 481, 321-328 doi:10.1038/nature10717

Matéria da France Presse.