Fraude Alimentar: O Que Será que Estamos Comendo?

Food Label

Resumo da história.

  • O Banco de Dados da Fraude Alimentar da U.S. Pharmacopeial Convention/USP (nt.: Convenção da Farmacopeia dos EUA) contêm mais de 1300 arquivos de publicações com fraudes alimentares de 1980 a 2010;
  • Uma recente atualização que agregou fatos de 2011 e 2012, aumentou o número dos arquivos em 60% ou quase 800 novas informações, incluindo alguns alimentos que pode se estar consumindo diariamente como azeite de oliva, mel, peixe e suco de laranja;
  • A fraude alimentar, na qual alimentos são intencionalmente diluídos com outros ingredientes ou adulterados na rotulagem, dá-se comumente em leite, temperos, sucos de frutas, frutos do mar e azeites;  e
  • Alimentos integrais ou não processados idealmente vendidos pelo produtor local, feiras de agricultores e cooperativas de alimentos – são aqueles que farão melhor à saúde do comprador tanto quanto é menos propenso a fraudes.

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2013/05/04/food-fraud.aspx?e_cid=20130504_DNL_art_2&utm_source=dnl&utm_medium=email&utm_content=art2&utm_campaign=20130504

 

By Dr. Mercola

Quando solicitamos um sushi no nosso restaurante favorito ou pegamos um quilo de café de nosso supermercado local, assumimos o que compramos e estamos recebendo o peixe pargo ou o feijão colombiano como estão indicados no menu ou no rótulo.

Mas vamos com calma. Um número crescente de casos de “fraude alimentar” está ocorrendo nos EUA, tirando a nossa capacidade de podermos constatar o que estamos realmente comendo se somente examinarmos o rótulo.

Pior ainda é que a maioria destes casos não estão sendo noticiados como incidentes como foi com o recente escândalo na Inglaterra onde os supermercados estavam vendendo ‘beef burgers‘ de carne vacum, mas na verdade tinha carne de cavalo e porco. Em vez disso, estão surgindo casos de deturpação fragorosa inacreditavelmente entre alguns alimentos bem corriqueiros.

O que É Fraude Alimentar?

Fraude alimentar é definida como uma “substituição, adição, falsificação e adulteração, deliberadas, de alimentos em si, seus componentes ou no embalamento bem como afirmativas falsas ou enganosas feitas sobre determinado produtos com o fim de ganhos econômicos”1. Este é o foco do Banco de Dados da U.S. Pharmacopeial Convention/USP Food Fraud Database,2 que já dispõe de mais de 1.300 arquivos com fraudes alimentares publicadas entre 1980 e 2010.

Em recente atualização, foram acrescentados os dados de 2011 e 2012, aumentando o número de arquivos em mais ou menos 60%, ou quase 800 novos arquivos, incluindo alguns alimentos que se consome diariamente como azeite de oliva, mel, frutos do mar e suco de laranja.

Em alguns casos, os alimentos foram diluídos com ingredientes não listados no rótulo. Em outros, a alimento era totalmente diferente daquele proclamava ser.

Outros ainda continham “agentes obscuros” ocultos, incluindo o plastificante gerador de câncer e de danos ao sistema reprodutivo, o Di(2-etilhexil) ftalato/DEHP, que foi adicionado aos sucos de frutas para que fazê-los parecer que tinham sido feito há pouco tempo. A Convenção da Farmacopeia detectou que 877 produtos alimentares de 315 companhias diferentes continham agentes obscuros falsos.

Em cada caso, a fraude alimentar revelou que o que estávamos pensando que estivéssemos comendo podia estar muito longe da realidade e a manipulação dos alimentos e dos ingredientes alimentares podem estar muito mais dispersos do que qualquer um imagina. O Dr. Jeffrey Moore, cientista sênior de ligação para a Convenção, explica:3

“Mesmo que a fraude venha sendo feita por séculos, com muitos casos notórios muito bem documentados, suspeitamos que o que sabemos sobre este tema é somente a ponta do iceberg.”

Os 10 Alimentos Fraudados Mais Comuns.

1. Azeite de Oliva.

Mesmo o azeite de oliva “extra virgem” é muitas vezes diluído com outros óleos menos dispendiosos, incluindo de avelã, soja, milho, girassol, palma/dendê, de uva, gergelim e noz.

2. Leite.

Foi detectado em leite a presença de óleo vegetal, soro de leite, soda cáustica, sacarose, detergente e mesmo compostos tóxicos como melamina e formaldeido.

3. Mel.

O mel não é muitas vezes “mel”, mas em vez dele, uma mistura de xarope de milho com alta concentração de frutose, xarope de sacarose, açúcar invertido de beterraba, água e óleos essenciais.

4. Açafrão.

É a especiaria mais cara do mundo, mas muitas vezes contém glicerina, poeira de sândalo, tartrazina (colorante amarelo), sulfato de bário, borax, flores de tagetes e mesmo cabelo de milho colorido.

5. Suco de laranja.

Suco de limão, água açucarada, extrato de páprica, extrato de flores de tagetes e uma mistura de açúcar/ácido sintética, podem estar escondidos em seu suco de laranja favorito.

6. Café.

Café, tanto em pó como instantâneo, é possivelmente fonte de “ingredientes” ocultos como milho torrado, casca do café, cevada, ramos de café, flores de batata, malte, chicória e caramelo.

7. Suco de maçã.

Este suco favorito da infância pode conter xarope de milho, adoçante de uva passa, ácido málico, açúcar de beterraba e outros sucos como uva, abacaxi, pera e figo.

8. Chá.

Escondido no nosso sachet de chá pode estar areia, poeira, amido, argila, folhas usadas de chá e corantes. Alguns sachets, enquanto isso,  são feitos com plástico como náilon, termoplásticos, PVC ou polipropileno. Enquanto estes plásticos têm alto ponto de fusão, a temperatura na qual as moléculas no polímero começam a se decompor, aqui sempre é menor deste ponto, permitindo que o sachet libere compostos com riscos desconhecidos para a saúde em nosso chá quando o sachet é mergulhado em água fervente.

Mesmo os sacos de chá de papel frequentemente são tratados com epicloridrina (nt.: esta é a molécula que reage com o Bisfenol A e produz a resina epóxi que contamina todos os produtos enlatados), que hidrolisa em 3-MCPD (nt.: molécula extremamente perigosa conforme link: http://www.bv.fapesp.br/pt/auxilios/45190/esteres-3-monocloropropano-1-2/), quando ocorre o contato com a água. O 3-MCPD é um cancerígeno associado a alimentos processados, também apresentando impactos sobre a fertilidade e suprimindo as funções do sistema imunológico.

9. Peixe.

A fraude com os frutos do mar (nt.: http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2013/03/23/seafood-fraud.aspx) está, na verdade, muito ampliada. De acordo com o grupo de proteção oceânica, sem fins lucrativos, Oceana,4 perto de 60% dos peixes rotulados como sendo “atum” nos EUA não são de fato atuns. O chocante percentual de 84% do “atum branco” vendido nos locais de sushi é na verdade o ‘escolar’, um peixe associado com efeitos digestivos, agudos e sérios,  se ingerido em maiores quantidades.

Um terço das amostras de peixes testados pelos EUA foram rotulados erroneamente, substituídos por mais baratos, menos saborosos e/ou por variedades de peixes mais disponíveis. Por exemplo, 87% do peixe vendido como caranho era de verdade algum outro tipo de peixe e a Convenção da Farmacopeia dos EUA detectou que o peixe sapo (nt.: tamboril em Portugal e monkfish nos EUA) era verdadeiramente o peixe bola (nt.: em inglês é puffer fish) que pode também causar envenenamentos.

10. Pimenta do reino.

Este condimento é muitas vezes adulterado com junípero, sementes de mamão, amido, farinha de trigo sarraceno e sementes de sorgo. Outros alimentos que frequentemente aparecem nos bancos de dados de alimentos fraudados são:

Cúrcuma Pimenta em pó Óleo de cozinha
Camarão Suco de limão Xarope de Bordo

Só Ler os Rótulos Não É Suficiente para Assegurar Alimentos Saudáveis.

Tudo indica, até este momento, que a fraude dos alimentos está num processo ascendente e enquanto muitos começam a ler os rótulos, constata-se que estes estão sendo incrivelmente cada vez menos confiáveis. Mesmo que não estejam sendo ilegalmente diluídos com adulteradores duvidosos (ou sendo confundidos como se fossem alimentos inteiramente diferentes), muitas corporações contratam advogados para cuidadosamente arquitetam palavras que estejam mal e mal no lado de estarem dentro da lei. Cada um dos itens seguintes dos rótulos pode muitas vezes ser empregado de forma enganosa, podendo nos levar a que compremos um produto que de outra forma teríamos rejeitado:

  1. Anúncio de vitaminas e minerais;
  2. Rótulo com a expressão “Todo Natural”;
  3. Rótulo de “Orgânico”;
  4. Informações nutricionais enganosas;  e
  5. Ingredientes perigosos que não são exigidos de serem listados em qualquer rótulo de alimentos.

Por exemplo, rótulos como “tudo natural” e “orgânico” podem também ser extremamente enganosos. O primeiro não significa efetivamente nada quando o produto é um alimento processado e a única informação que tem valor no rótulo é o selo USDA Organic. Informações nutricionais, enquanto isso, podem estar 20% fora de qualquer exigência e, no momento, não se dispõe de nenhum caminho para se saber se o alimento contém ou não ingredientes geneticamente modificados já que nos EUA sua rotulagem não é exigida.

Enquanto ler os rótulos sobre os produtos que compramos é importante, quando se relaciona a alimentos, será melhor se, em primeiro lugar, limitemos ou eliminemos aqueles que exigem extensos rótulos ou listas de ingredientes. Alimentos integrais – aqueles que em tudo têm pouca ou nenhuma rotulagem – são os que poderão ser mais adequados para nossa saúde tanto quanto menos vulneráveis à fraude.

Dicas para Evitar Fraudes Alimentares e Como Encontrar Alimentos Saudáveis.

Se valorizarmos a segurança e a autenticidade alimentar, deveremos obter nossos produtos, seja carne, galinha, ovos e laticínios, de pequenos comunidades rurais com animais criados soltos, no pasto, organicamente alimentados e comercializados localmente. Este é o meio que o alimento vem crescendo e distribuído por séculos …

Quanto mais próximo tivermos nosso alimento da forma como é encontrado na natureza e mais perto estivermos da verdadeira fonte de sua produção, maiores chances teremos de ter um alimento puro e inalterado para nossa família. Quando adquirimos o grosso de nosso alimento de um agricultor local ou de um programa comunitário de apoio à , poderemos até conhecer a pessoa que está nos fornecendo e mesmo podemos lhe perguntar sobre as condições da produção.

Dessa forma, quando pegamos um vasilhame, de preferência crus, de leite ou um pote de mel, iremos saber se ele é puro e exatamente como está sendo apresentado.  A maioria das pessoas é capaz de encontrar uma feira de agricultores, uma propriedade em suas redondezas ou mesmo um programa comunitário de apoio a agricultores, próximos de onde se vive (abaixo está um quadro com dados sobre isso). Mas no caso de se estar ainda comprando alguns dos alimentos em alguma cadeia de supermercados, as dicas a seguir podem ajudar a se encontrar comida efetivamente REAL:

  1. Escolher alimentos o mínimo possível processados, como limões em vez de suco de limão como grãos de pimenta do reino ou café em grão em vez de ser em pó;
  2. Quando comprar peixe, adquirir o animal inteiro sempre possível, o que torna mais difícil a troca de espécies. Da mesma forma, se o preço parecer muito baixo, é provável que estaremos comprando uma espécie diferente daquele que está sendo anunciada;  e
  3. Tornar-se cliente de lojas e marcas que se conhece e se confia, mesmo não sendo uma estratégia infalível, as lojas de produtos naturais em geral têm um histórico melhor do que as grandes lojas ou as cadeias de supermercados.  

Se alguém quiser conhecer mais sobre os tipos de fraude alimentar que impactam os alimentos que normalmente utilizamos no nosso dia a dia, pode-se acessar diretamente o banco de dados da Convenção de Farmacopeia dos EUA (USP) e verificar as fraudes diretamente pelo link: www.foodfraud.org.

Fontes e Referências