PFAS: Explore o mapa europeu de contaminação por “químicos eternos”

https://www.lemonde.fr/les-decodeurs/article/2023/02/23/polluants-eternels-explorez-la-carte-d-europe-de-la-contamination-par-les-PFAS_6162942_4355770.html

Por GaryDagorn, Raphaëlle AubertStéphane Horel, Luc Martinon e Thomas Steffen  (design)

25 jan 2025

[NOTA DO WEBSITE: Como viemos acompanhando o trabalho conjunto da mídia europeia, através do Le Monde, agora publicamos mais um passo dado pelo grupo. Por isso só publicaremos este mapa no dia de hoje. Devemos nos apropriar dessa realidade, agora. Aqui está mostrado como o problema da contaminação pelos ‘químicos eternos/forever chemicals‘ está gerando uma grande aflição para os europeus e o resto do mundo. Infelizmente, esse tema, tão candente no chamado ‘primeiro mundo’, é total e efetivamente desconhecido entre nós. Imaginem como devemos estar?].

Resultado de um trabalho de agregação de dados sem precedentes, este mapa permite visualizar pela primeira vez a extensão da contaminação da Europa por essas substâncias tóxicas e persistentes.

O “mapa da poluição eterna” foi construído pelo Le Monde e seus dezessete parceiros na pesquisa colaborativa internacional “Forever Pollution Project“. Ele mostra pela primeira vez a extensão da contaminação na Europa por substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas (PFAS), uma família de compostos ultratóxicos usados ​​em uma infinidade de produtos e usos. Persistentes no meio ambiente, esses “químicos eternos/forever chemicalsacompanharão a humanidade por centenas, até milhares de anos (nt.: destaque em negrito dado pela tradução para se saber a extensão do problema criado por corporações norte americanas, total e completamente inconsequentes e criminosas!).

O mapa da poluição eterna na Europa

Este mapa mostra locais de contaminação por PFAS detectados e suspeitos na Europa.

A parte mais escurecida que sobe do centro da Europa para a direita e depois no centro acima perto do mar e da Inglaterra, é o trajeto do rio Reno na Alemanha e depois acima é a região de seu estuário na Holanda e abaixo está a Bélgica (Antuérpia conforme matéria publicada aqui na semana passada).

Nota do texto original: Nossos números e conteúdo do mapa foram atualizados em fevereiro de 2024 para incorporar novos dados sobre locais contaminados na Espanha e na Bélgica.

  • O que este mapa mostra

Nosso mapa mostra plantas de produção de PFAS, alguns locais onde eles são usados ​​e locais onde a contaminação foi detectada e é suspeita.

  • 20 produtores

Essas plantas químicas sintetizam PFAS, que serão então utilizados em muitos setores.

  • Quase 23.000 locais onde foi detectada contaminação

Cada um desses locais foi submetido a amostras de água, solo ou organismos vivos coletadas por equipes científicas e agências ambientais entre 2003 e 2023. Essas medições revelaram a presença de PFAS em doses iguais ou superiores a 10 nanogramas por litro (ng/l) (nt.: SEMPRE LEMBRAR QUE SENDO UM DISRUPTOR ENDÓCRINO NÃO EXISTE DOSE TOXICOLÓGICA NO SENTIDO CONVENCIONAL E DE PARACELSUS DA IDADE MÉDIA… COMO IMITA HORMÔNIOS SUA DOSE ATIVA É INFINITESIMAL!).

  • 232 usuários PFAS

Essas unidades industriais usam PFAS para fabricar plásticos de “alto desempenho”, tintas e vernizes, agrotóxicos, tecidos impermeáveis, outros produtos químicos, etc.

  • Quase 21.500 locais presumivelmente contaminados

São locais cuja atividade industrial, atual ou passada, é documentada como usuária e emissora de PFAS. As bases militares, por exemplo, são grandes usuárias de espuma de combate a incêndio “AFFF”, que contém PFAS. Assim como a fabricação de certos plásticos chamados fluoropolímeros requer o uso de PFAS.

Embora a contaminação desses locais seja provável, nenhuma amostragem ambiental foi realizada para confirmar isso.

  • Mais 2.305 “pontos quentes/hot points

Falamos de “ponto quente” quando a concentração de PFAS detectada em um local atinge um nível que os especialistas consideram perigoso para a saúde (100 ng/l). Problema: dezenas, às vezes centenas de amostras são coletadas pelas autoridades em torno de um local identificado como o “epicentro” da contaminação – é o caso, por exemplo, das fábricas da 3M em Zwijndrecht (Bélgica) e da Chemours em Dordrecht (Holanda) – mas isso não faz de cada um desses pontos um ponto crítico por si só (nt.: ver matérias anteriores publicadas nos últimos dias onde mostra como está essa região da Bélgica. E a tradução é que deu destaque às corporações criminosas em negrito).

Para reduzir ao máximo o número desses possíveis “falsos positivos”, agrupamos pontos geograficamente próximos em “clusters”. Esse cálculo nos levou a estimar o número de pontos críticos em mais de 2.100 em toda a Europa.

PFASO Glossário

Local suspeito de contaminação: Local presumivelmente contaminado com base em estudos e pareceres de especialistas, na ausência de amostras.

Local de contaminação detectado: Local onde PFAS foram detectados.

Produtor de PFAS: Local de produção de PFAS.

Ponto de acesso: Local onde a contaminação atinge níveis considerados perigosos para a saúde pelos especialistas entrevistados (maiores que 100 ng/kg) (nt.: novamente o equívoco de desconsiderar que essas moléculas são de disruptores endócrinos. Ou seja, não têm doses toxicológicas convencionais!).

PFAS: Substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas, apelidadas de “químicos eternos/forever chemicals.

Usuário PFAS: Local industrial onde o uso de PFAS é documentado.

Local de tratamento de resíduos: Local de tratamento de resíduos ou estação de tratamento de águas residuais.

Local de coleta: Local onde uma amostra ambiental foi coletada (na água, no solo ou em um organismo vivo).

Atividade de combate a incêndio: Local de treinamento de incêndio ou local de um incidente de incêndio.

ng/litro: Nanograma por litro (um bilionésimo de grama por litro).

Uma coleta de dados sem precedentes

Para criar nosso mapa, agregamos dados de diversas fontes de informação, algumas das quais não eram públicas. Esses dados nos permitiram localizar os locais de contaminação detectados. Para identificar locais suspeitos de contaminação, adaptamos a metodologia de um grupo de pesquisadores que realizou um trabalho semelhante para mapear a contaminação nos Estados Unidos: o PFAS Project Lab (Boston) e o “PFAS Sites and Community Resources Map”. Guias e assessores, sete especialistas nos permitiram vivenciar uma modalidade de “jornalismo revisado por pares”, baseado no modelo de trabalho científico validado por pares, para conduzir esse novo tipo de investigação.

Uma metodologia validada por cientistas

O objetivo deste “mapa eterno da poluição” é fornecer dados sobre locais onde foi detectada contaminação por substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas (PFAS) e sobre locais com probabilidade de contaminação na Europa.

Nossos principais objetivos são informar o público e fornecer dados aos membros das comunidades afetadas por essa poluição, pesquisadores e reguladores, mas também contribuir para a construção de conhecimento sobre a contaminação por PFAS a partir de uma perspectiva de interesse geral. Os locais com probabilidade de contaminação poderiam, assim, ser designados como prioritários pelas autoridades públicas para a realização de campanhas de amostragem e para o desenvolvimento de planos de ação com o objetivo de proteger a população.

Este mapa reflete informações coletadas com o melhor de nossas habilidades e recursos jornalísticos. Devido à falta de amostragem generalizada para detectar PFAS no ambiente, a verdadeira extensão da contaminação é amplamente sub-representada.

O número de locais identificados em cada país e região reflete a quantidade de testes realizados por autoridades ou cientistas, bem como a extensão da contaminação por PFAS. Para alguns locais, cujos dados de amostragem identificaram como contaminados, a origem da poluição não é conhecida. Se alguns países ou regiões parecem ter muitos locais contaminados, é porque iniciativas abrangentes de amostragem foram implantadas ali para identificar e remediar a poluição. Por outro lado, se países ou regiões têm poucos locais contaminados, é provavelmente porque menos amostras foram coletadas e eles desconhecem a existência de outros locais poluídos. Por fim, alguns locais podem ter dados incompletos ou ausentes devido à falta de informações disponíveis publicamente.

Portanto, alguns dos locais suspeitos de contaminação mostrados no mapa não estão poluídos por PFAS, e alguns locais que estão não são mostrados no mapa.

Se você fizer referência a informações deste mapa, dê os créditos ao Forever Pollution Project, inclua o endereço do site deste projeto de mapeamento (lemde.fr/PFASmap) e nos informe. O mapa não será atualizado sistematicamente após 1º de março de 2923.  Se desejar corrigir informações imprecisas, incorretas ou obsoletas, ou fornecer dados adicionais, entre em contato com Stéphane Horel em: horel[@]lemonde.fr.

Obrigado

Nossa metodologia de pesquisa foi baseada em uma metodologia revisada por pares desenvolvida pelo PFAS Project Lab (Boston, EUA) e seus colegas do “PFAS Community Site and Resource Map” (um esforço conjunto da equipe de pesquisa PFAS-REACH que inclui Northeastern, Silent Spring Institute, Michigan State University, Testing for Pease, Massachusetts Breast Cancer Coalition e Slingshot), bem como conselhos e feedback dos seguintes cientistas: Alissa Cordner (Whitman College, Walla Walla, EUA), Derrick Salvatore (Massachusetts Department of Environmental Protection, EUA), Phil Brown e Kimberly K. Garrett (Northeastern University, Boston, EUA), Ian Cousins ​​​​(Stockholm University, Suécia), Gretta Goldenman (Global PFAS Science Panel, Bruxelas) e Martin Scheringer (ETH Zurich, Suíça).

É importante observar que sempre adotamos a abordagem mais cautelosa possível. Soma-se a isso a falta de dados e a ausência de amostragem exaustiva em cada um dos países europeus. Então, por mais impressionante que seja, o número de locais contaminados e presumivelmente contaminados mostrados em nosso mapa é uma subestimação grosseira.

Este mapa não teria sido possível sem as importantes contribuições de nossos colegas Sarah Pilz (Alemanha), Catharina Felke (NDR, Alemanha), Nadja Tausche (Süddeutsche Zeitung , Alemanha), Gianluca Liva (Radar Magazine, Itália), Leana Hosea e Rachel Salvidge (Watershed Investigations, Reino Unido).

Nossa metodologia completa pode ser encontrada aqui (em inglês).

Dados livremente reutilizáveis

Você pode baixar o conjunto de dados que criamos para desenvolver o mapa. Inclui as coordenadas de geolocalização de cada um dos sites. Para fins de pesquisa, no entanto, recomendamos usar o conjunto de dados detalhado, que contém valores medidos para todos os PFAS e lista todas as nossas fontes.

Em janeiro de 2024, com base em dados do Forever Pollution Project, o Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS) lançou o projeto PFAS Data Hub. Você encontrará um inventário atualizado regularmente e complementado com novas fontes de informação.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2025

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