TRANSGÊNICOS. Monsanto e outras e suas relações com as Universidades norte americanas.

Transcrição da entrevista especial feita pelo Dr. Joseph Mercola, médico de Chicago nos EUA, com a Dra. Elaine Ingham ex-professora da Universidade Estadual do Estado de Oregon. Fala sobre as relações que as transnacionais, destacando a , têm com as pesquisas universitárias e os constrangimentos que surgem quando o pesquisador não quer ficar sob a tutela destas financiadoras. Ela é cientista chefe do ‘Rodale Institute’, microbiologista e especialista em biologia do solo, além de autora de vários livros sobre a vida no solo. (Nota do site: como a entrevista é longa, destacamos em negrito as partes que consideramos mais importantes de serem conhecidas, independente da validade de todas as informações trazidas pela entrevistada).

 

 

http://mercola.fileburst.com/PDF/ExpertInterviewTranscripts/Interview-Ingham.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=UrYcH-Z7IOk

Uma entrevista especial com a Dra. Elaine Ingham

 

By Dr. Joseph Mercola
DM: Dr. Joseph Mercola
EI: Dr. Elaine Ingham

Introdução:

DM: Sejam todos bem vindos. Quem está falando aqui é o médico de Chicago/USA, Dr. Joseph Mercola. Todos vocês que leem o meu website sabem que uma das minhas paixões é a nutrição além de dispor de bons e saudáveis vegetais orgânicos. Mas a chave para termos este tipo de alimento, é claro que precisamos de um solo saudável. E estamos encantados por termos entre nós hoje, uma pesquisadora científica, a Dra. Elaine Ingham, que é considerada uma “boa parceira”.

Durante um período foi professora adjunta junto à Universidade do Estado de Oregon e em seu processo para ser titular em sua cadeira universitária, fez alguns estudos sobre os , os OGMs. As indústrias (espacialmente a Monsanto) que financiavam os orçamentos da Universidade não gostaram nada disso. Colocaram enormes barreiras em sua jornada a tal ponto que resolveu se demitir da função.

Mas eu acredito no princípio de que, quando alguma coisa ruim nos acontece, na verdade, sempre é um belo acontecimento. Assim, saindo da universidade, funda uma companhia chamada Soil Foodweb Inc. Aqui vai tratar deste tema sobre o qual sou realmente apaixonado e que começaremos a explorar agora. Esta sua empresa foi projetada para auxiliar tanto a nós como aos agricultores de como compreender a saúde do solo. Esta empresa, na verdade, analisa os solos e dar um aporte para o desenvolvimento da compostagem, direcionada especificamente àquelas plantas que estamos intencionados a cultivar.

Mas, acrescente-se a isso que ela também é a cientista chefe do Rodale Institute. Na verdade, é uma das líderes na cooperação às pessoas no entendimento [de como] aumentar a saúde de seus solos, os quais têm profunda influência sobre a nossa própria saúde pessoal. Sendo assim, boas vindas à senhora e grato por estar conosco hoje neste momento.

EI: Eu é que agradeço, Dr. Mercola. Estou bem feliz por estar aqui.

DM: A senhora foi demitida da Oregon State University. É verdade? A senhora foi professora catedrática lá?

EI: Fui professora adjunta.

DM: Professora adjunta.

EI: É, e estava no processo para ser catedrática quando então me atrevi e fui contra a Monsanto. Era então professora adjunta junto à Oregon State University. Quando retomei minha posição, eles não me demitiram, mas tornaram tudo muito, mas muito difícil. Foi a tal ponto que me demiti. Eu só… queria ver quanto tempo iria demorar para que eles tornassem isso totalmente impossível para que eu continuasse na Oregon State University.

DM: Certo.

EI: E eles fizeram. Eu vi o memorando no quadro da parede na Universidade. E foi dai que comecei este pequeno negócio, Soil Foodweb Inc., onde eu agora tenho laboratórios ao redor do mundo para onde as pessoas enviam suas amostras para terem uma avaliação biológica de seus solos. Assim, podem dispor rapidamente de informações sobre a presença de bactérias, protozoários e nematoides em seus terrenos.

DM: Certo, perfeito.

EI: É um negócio. Mas eu sou uma cientista e pesquisadora e não uma mulher de negócios. Assim, eu meio que empurro a empresa para as pessoas cartas que são de negócios.

DM: Perfeito.

EI: Deixo-os que façam as negociações. Eu realmente quero ficar aqui no Rodale Institute para continuar as pesquisas que mostram os perigos da engenharia genética, demonstrando quão fácil é termos todos estes benefícios de volta para o solo de forma rápida e simples, além de demonstrar precisamente como fazer isso de uma forma cientificamente replicável. Assim, muitas vezes quando eu trabalho diretamente com os produtores, nós vamos a campo e eles me cedem uma pequena gleba. As vezes é só a metade de um terço de hectare, outras 5 hectares, ou mesmo uma pequena parcela de sua fazenda. Assim os ensinamos como fazer composto. Como fazer isso corretamente e não na forma de redução de lixos. Quando se vai a todos os locais de compostagem de resíduos municipais, eles não fazem composto, eles estão fazendo é redução de lixo orgânico. E o resultado é realmente uma coisa horrível. Nunca se deve querer colocar este material em nossos cultivos sob pena de provavelmente matarmos nossas plantas.

DM: Interessante.

EI: Assim, faz-se composto de uma maneira que seja apropriada. Nós os informamos como fazer isso. Começamos aplicando isso direto a campo e então eles veem quão pouco trabalho exige, fazer-se isso. Não têm que aplicar agrotóxicos, nem comprarem fertilizantes sintéticos, como também reduzirem sua conta de irrigação. E suas plantas estarão bem mais saudáveis. Conseguem isso porque seus vegetais agora têm a máxima concentração nutricional. Na vez seguinte que vou visitá-los, digo: “Certo, agora queremos comparar os campos que foram biologicamente tratados com aqueles que foram de forma convencional”. Olham para mim e dizem: “Mas nós convertemos toda a fazenda para o processo biológico porque tudo está bem melhor, é menos custoso e se tem muito menos trabalho”. Meus ensaios científicos replicáveis vão exatamente para estes dois pontos. Assim, tentando obter este feito numa forma científica replicável. Desta forma, publicamos estes resultados em periódicos apropriados para estes artigos – isso é o que estamos buscando fazer aqui no Rodale.

DM: Talvez possamos começar [com a] descrição como o crescimento da planta é afetado pela saúde do solo. Podemos começar com os fundamentos básicos.

EI: Quando estamos em busca da saúde das plantas, esta é realmente a chave: termos organismos auxiliares, as espécies benéficas verdadeiramente de bactérias, fungos, protozoários, nematoides (nematoides benéficos e não os devoradores de raízes), micro-artrópodes e minhocas. Todos estes organismos quando presentes no solo, contribuem de várias maneiras. Uma série de trabalhos que venho fazendo na minha carreira é documentar os diferentes mecanismos que estes organismos fazem no solo, auxiliado as plantas. Se tivermos um problema seja na zona do sistema radicular, na superfície do solo ou acima – sementes, folhas ou galhos da planta – estes organismos irão prevenir doenças por serem mesmo capazes de reconhecer e detectar a planta. Já as pragas não conseguem localizá-la. Não fazer das plantas suas ‘ninhos’. Assim, a supressão da doença, a supressão da praga e todas estas coisas, são partes do que a vida no solo faz para nossas plantas. A ciclagem de nutrientes é um outro grande fato se nós realmente entendermos a função do que a vida do solo faz para nossas plantas. Não existe solo neste planeta em que falte os nutrientes que possam impedir o crescimento das plantas. Este conceito de que o mundo da química está tentando nos impingir – que temos falta de fósforo, nitrogênio, de que nosso solo é pobre e que não se pode produzir nele – está tudo baseado na percepção de nutrientes inorgânicos e solúveis, parcialmente presentes em nosso solo, quando de fato a biologia ou os organismos é que trarão estes minerais que estão em nosso solo e convertem-nos em forma disponível para nossas plantas. É extremamente necessária a presença destes organismos. Eles irão suprir  nossas plantas precisamente com todos os nutrientes corretamente equilibrados que nossas plantas requerem. Não somos tão precisos na provisão exata daquilo que as plantas necessitam e todos os diferentes nutrientes que ela precisa num equilíbrio adequado. Efetivamente não somos tão competentes nesta provisão. Considerando se a planta estiver, é claro, no controle do que está acontecendo em seu sistema radicular, então este sistema terá aqueles micro-organismos eficientes para suprirem todos os nutrientes num equilíbrio correto. Quando começamos a realizar que um dos maiores papéis e funções da vida no solo é prover nutrientes para as plantas em forma apropriada, mostramos assim que não precisamos de fertilizantes inorgânicos. Nós certamente não devemos ter plantas geneticamente modificadas ou este tipo de fertilizantes inorgânicos se tivermos a biologia apropriada de volta para nosso solo. Se equilibrarmos a biologia apropriada, criamos um ambiente contra o crescimento de ervas concorrentes, toda a questão que envolve os herbicidas desaparece. Não necessitamos estes produtos se tivermos de volta a vida apropriada em nossos solos, favorecendo que cresçam as plantas que nós queremos produzir e impedimos o surgimento de espécies invasoras.

DM: E então…

EI: Queremos formar estruturas em nosso solo como se fossem túneis, assim as raízes poderão ir a um fundo tão profundo quanto elas possam. Existirá a ciclagem de nutrientes circulando em todo o sistema radicular da planta. Temos que nos livrar da compactação que é imposto aos nossos solos pela lavração e por equipamentos pesados que impingimos aos solos. As raízes podem chegar a ter 2, 3 e mesmo 6 metros numa única safra. Se os sistemas radiculares vão assim tão profundamente, podemos então normalmente reduzir as necessidades de água para o plantio. Não teremos insetos como pragas. Todos estes problemas serão descartados se nós obtivermos a vida adequada de volta ao solo.

DM: Então, quando fala sobre vida ou biologia do solo, imagino que esteja se referindo a diferentes bactérias que dão suporte ao crescimento da planta. E, quero saber se poderia comentar sobre como alguém pode acessar a forma para otimizar o crescimento destas bactérias ou destas comunidades microbianas.

EI: É muito simples, se focarmos o solo. Tomemos então uma amostra de nosso solo. Diluímos ou quantificamos o mesmo com água. Colocamos uma gota de suspensão numa lâmina do microscópio e usamos um microscópio muito simples. Normalmente empregamos um dia para treinarmos pessoas que se tornam habilitadas para usá-lo e, é claro, precisam praticar. Mas podemos observar o nosso solo e determinar bastante rápido, dentro de uns cinco minutos, se estamos tendo um equilíbrio apropriado para a planta que queremos cultivar. Se não tivermos, precisaremos fazer o composto. Empregar nossos próprios materiais de refugo para fazermos o composto que terá as baterias de organismos adequadas para o solo e então o colocamos sobre ele. Se não quisermos colocar material sólido sobre os solos, podemos transformar o composto na forma líquida. É muito simples aplicar esta biologia. E na maneira líquida. E teremos todos estes organismos crescendo e sobrevivendo em nossos solos. E é muito fácil e rápido termos esta habilidade de devolver esta vida para o solo e nossas plantas se desenvolverão de uma maneira orgânica micro-organismos ideais para uma planta específica é bem entendido.

DM: Mas há algum material que sirva de referência sobre como se pode identificar que comunidades bacterianas são estas?

EI: Sim, tanto de comunidades bacterianas, fúngicas, de protozoários, de nematoides como de micro-artrópodes. Tem alguma literatura científica sobre isso. Porque é claro, como se sabe, a primeira pessoa que observou os primeiros micro-organismos foi Antonie van Leeuwenhoek e descreveu o que estes organismos parecem. Assim, nós temos este conhecimento há uns bons 100 a 150 anos.

DM: Perfeito. Como alguém poderia acessar este material referencial para saber como identificar aqueles que são os mais benéficos e suas relações?

EI: Poderia-se encontrar em muitos livros diferentes. Minhas publicações trazem o que estas proporções são e o que elas precisam ser. Trabalhei muito com uma série de pessoas que fazem permacultura. Várias publicações têm aquelas relações que nos levam a detectar quais são as bactérias para diferentes tipos de espécies de plantas. Certamente, um número de minha publicações vão além de que estes equilíbrio adequados são. Ir ao meu CV provavelmente seja o meio mais fácil de acessar todas as minhas publicações ou mesmo ao website do Rodale Institute e procurar pela minha lista mais atual de meus livros. Existe um livro chamado 10 Steps to Gardening with Nature que vai a muitas destas percepções e que explana todo o mecanismo do porquê a vida no solo beneficia nossas plantas. Estes livros são muito acessíveis e é muito fácil lê-los. Tenho muitas pessoas que me auxiliam em decodificar a linguagem científica para uma linguagem muito mais inteligível pelo grande público.

DM: Uma vez que tenhamos acessado estas ótimas identificações através das referências de seus trabalhos publicados, poderemos então modificar especificamente o composto ou os ingredientes do solo? Ou um composto comum é normalmente o suficiente para otimizar estas proporções que foram descritas?

EI: Dependendo da fórmula dos materiais iniciais que colocamos no composto. Existem numerosos materiais de plantas verdes que realmente se seleciona para o crescimento de bactérias e então são agregados os materiais lenhosos que são ricos em celulose e lignina. Estes materiais lenhosos são – serragem, papel, papelão, cavacos e folhas secas que caem das árvores no final do outono – são agregados para o crescimento dos fungos. Podemos então escolher se precisamos mais de vida fúngica ou bacteriana. E então projetamos nossa fórmula para o nosso composto de acordo com aquilo que está faltando em nosso solo, podendo assim devolver aquilo que não está presente nele. Um série de pessoas, especialmente os agricultores comerciais farão o composto que tenha igual biomassa de fungos e bactérias. Então quando eles na verdade aplicam o composto, estarão fornecendo mais alimentos bacteriano em razão de ser isso que precisam no solo. Há uma série de abordagens para fixar as proporções de fungos, bactérias, protozoários e nematoides, dependendo daquilo que for mais fácil para o produtor fazer.

DM: A senhora já usou uma cultura iniciadora que tinha alta concentração de bactérias ou fungos que queria inocular no composto?

EI: Sim, nós fazemos. E especialmente se nós quisermos um composto muito rapidamente, usaremos um arranque para inocular um grupo específico de organismos que precisamos para encorajar o processo do composto.

DM: Interessante. Então, uma vez que [tivermos] identificado e otimizado a saúde do solo através das comunidades microbianas, eu quero saber se podemos ampliar a relação entre a saúde das plantas que estamos produzindo e daí a saúde humana.

EI: Precisamos às nossas plantas todos os grupos de nutrientes que permitem que as plantas cresçam na forma mais saudável possível porque este é o equilíbrio apropriado para nós os seres humanos. Quando observamos o material vegetal de plantas transgênicas, quando observamos material de plantas convencionalmente produzidas, elas podem ter um determinado nutriente em quantidade extremamente alta, mas ter falta de muitos, muitos outros. Fizemos alguns estudos disso na Nova Zelândia, observando o eczema facial em vacas leiteiras. Fomos capazes de curar todos os animais daquele eczema facial em razão de ser uma deficiência nutricionais que vinha causando este eczema. Na realidade não era uma enfermidade; não era uma doença. Era uma deficiência de um nutriente na pastagem. O que vimos quando retornarmos com o equilíbrio dos organismos no solo, era de que agora as plantas tinham o equilíbrio apropriado de selênio, molibdênio e uma série de micronutrientes. O pasto convencional quase não tinha cobalto, selênio e realmente baixos níveis de uma série de micronutrientes muito importantes. Se o alimento que os seres humanos estiverem ingerindo não contiverem um conjunto apropriado de nutrientes, não iremos obter saúde. Devemos obter estes nutrientes de forma equilibrada e apropriada de volta aos alimentos que estivermos comendo. Penso que uma série de coisas que estamos observando é exatamente este problema: nossas fontes de alimentos não contêm os micronutrientes e assim não têm aquilo que os seres humanos necessitam. Se pusermos obter de volta ao solo uma biologia apropriada, então as plantas terão um equilibrado fornecimento de nutrientes. E em razão de sermos aquilo que comemos, os seres humanos poderão ser nutridos propriamente mais uma vez.

DM: Certo. Bem, grato por ter nos descrito as premissas fundamentais para fundamentar a próxima questão que é a sua mais recente área de estudos e que é a influência dos OGMs, ou seja, os transgênicos exercem sobre todo o ambiente. Almejo saber se pode comentar sobre o quê a introdução dos transgênicos vem produzindo e quais são as projeções quanto a esta tecnologia daqui a poucas décadas.

EI: Quando olhamos para os transgênicos, precisamos entender cada evento da engenharia genética especificamente. É duro fazer uma afirmação simples sobre os efeitos de todos os transgênicos já que cada um tem um mecanismo bem específico e precisamos entender isso. Quando nós realmente tentarmos entender cada um dos tipos diferentes de organismo engenheirado, os efeitos deverão ser avaliados de forma um pouco diferentemente. Mas, sob todos os aspectos, não sabemos exatamente o que acontece quando esta planta transgênica estiver submetida a extremos de água ou de questões climáticas. Não temos ideia do que pode acontecer. Isso, para mim, é a área de maior preocupação com cada um dos transgênicos que se está produzindo. Quando nós começamos a observar um determinado tipo de transgênicos – por exemplo as plantas ‘Bt’, onde o material genético específico para uma única proteína tóxica que está sendo tomada de uma bactéria (Bacillus thuringiensis ou Bt) e colocado no material genético do milho, da soja, batata e agora um montão de outras plantas que estão vindo de roldão no sistema que a Monsanto está tentando nos impingir. Quando observamos os animais que estão consumindo plantas com o material transgênico Bt, acabam com severa ulceração e isso começa no sistema digestivo. Vemos danos massivos ao fígado e a muitos outros órgãos internos nos corpos destes animais quando comparamos o material Bt com que os animais são alimentados com aqueles que  não ingeriram plantas Bt no rebanho que começarmos no mesmo tempo. Temos visto efeitos muito claros. Uma série destas pesquisas estão sendo feitas na Austrália, por exemplo, porque dentro dos Estados Unidos nós não estamos realmente… não há financiamento para este tipo de trabalho de pesquisa …realmente autorizados a fazer esta pesquisa, e, existem uma série de perguntas do por quê que isso é assim. Mas não temos esse tipo de pesquisa andando em maior parte dos EUA.  Assim, observando o que está acontecendo do outro lado do mundo, está muito claro que esta planta geneticamente modificada está causando imensos problemas com os animais que estão sendo alimentados com este material. Onde nos estudos humanos o que deve ser feito e o que deve ser mostrado se os mesmos tipos de coisas estão acontecendo nos seres humanos, nada é feito. Assim, nós não temos dados que nos levem a saber se há um problema com a toxina Bt em cada célula da batata que nós estamos comendo. Ou no milho, se é um milho Bt, nós temos esta toxina em cada uma das células dele que nós estamos ingerindo. E em todas as plantas que estão vindo por aí, estamos tendo esta proteína em cada uma das suas células. Qual o efeito sobre o ser humano? Podemos mostrar quais os efeitos sobre os animais. E nos faz realmente pensar se a razão de nós estarmos tendo todos estes problemas digestivos que apareceram exatamente agora, não poderiam ser devidos ao fato de que muitos norte americanos estarem ingerindo esta toxina. E cada célula de batata, milho e soja – todas elas estão contaminadas com esta proteína toxica. É de imensa preocupação quando começamos a observar para o efeito final sobre a saúde humana com estes organismos geneticamente modificados. Agora, podemos focar sobre outra planta geneticamente modificada, a soja com a marca registrada da Monsanto ‘Roundup Ready‘. Esta planta foi modificada para ser resistente ao herbicida, ‘glifosato’, o princípio ativo do agrotóxico ‘Roundup‘. Anteriormente à planta geneticamente modificada com ele, não empregávamos tanto este herbicida ‘Roundup‘. Mas com o advento destas espécies de planta ‘Roundup Ready‘ ou geneticamente modificadas, temos aumentado a quantidade de glifosato indo para nos campos agrícolas em quantidades massivas. O que temos detectado com outra planta ‘Roundup Ready‘ [é que] quando aplicamos este ‘Roundup‘ ao solo em massivas quantidades, vemos redução significativa de todos os organismos benéficos no solo (nt.: pesquisa da Universidade Federal do RGSul mostra que este princípio ativo estimula o surgimento de microrganismos patogênicos no solo, ver-www.lume.ufrgs.br/handle/10183/49067). Isso causa um grande balão de bactérias no solo em razão de ser o glifosato ser um alimento bacteriano. E quando temos um massivo crescimento de bactérias no solo, este fato com que tomem todos os nutrientes inorgânicos solúveis que estiverem presentes no solo o que significa que agora nossas plantas estarão em processo de estresse através da falta de nutrientes. Então se somos um produtores, precisamos adquirir mais fertilizantes de modo que podemos manter nossas plantas vivas. Se cairmos nesta armadilha de utilizarmos o cultivo de ‘Roundup Ready‘, iremos então usar um monte do herbicida ‘Roundup‘. E iremos ter um monte de bactérias, desequilibrando nosso solo, significando que nossas plantas não podem obter a nutrição que elas requerem. Teremos que usar mais química para manter nossas plantas crescendo. Nossas plantas tornam-se cada vez mais desequilibradas e menos saudáveis para os seres humanos obterem a nutrição que eles requerem. Cada planta plantas geneticamente modificada deve ser realmente examinada muito cuidadosamente sobre o efeito [que ela tem] sobre todo o ecossistema – sobre o solo, a saúde animal e a saúde humana. Não temos estudos sobre isso. Não foram feitos. Nem tampouco exigidos.

DM: Pode comentar sobre este sistema que permite que isso aconteça, especificamente com respeito à Monsanto e à Cargill, que são os maiores produtores destas sementes? Quero dizer, este sistema que está em curso e que impede esta pesquisa independente de ir em frente, para que possamos investigar este fato mais cuidadosamente?

EI: É uma situação realmente onde o controle da USDA-Animal and Plant Health Inspection Service (nt.: Ministério da -Serviço de Inspeção da Saúde Animal e Vegetal), na realidade, é o foco do problema. Voltar ao tempo em que estavam sendo escritos os termos da regulamentação para os organismos geneticamente modificados com base em muito poucas espécies de bactérias sendo examinadas, uma pequena bateria de testes foi feita sobre somente poucas espécies que não causaram um efeito ecológico. Assim o USDA decidiu que a regulamentação é basicamente: “Organismos geneticamente modificados não apresentam maiores riscos do que os seus ancestrais”. Quando um dos meus estudantes observava uma bactéria particular geneticamente modificada que cresce no solo… Alguma coisa que tanto o USDA como a EPA (nt.: agência de proteção ambiental dos EUA) não fizeram ainda um teste com um organismo que na verdade cresce no solo. Todos os testes com organismos que eles usaram foram com organismos que não eram de solo. Quando nós pegamos uma bactéria e a colocamos no sistema radicular de uma planta, comparando uma bactéria geneticamente modificada contra seu ancestral que não tem bactéria adicional neste solo, mostramos muito claramente que a geneticamente modificada ‘Klebsiella planticola‘ causou morte total a todas as plantas que colocamos no sistema – as plantas testadas e quando usamos ervas espontâneas como a planta teste no sistema. Os resultados dos testes demonstram claramente que os organismos geneticamente modificados podem ter um grande risco, maior do que o dos seus ancestrais. Precisamos fazer um trabalho muito melhor de testes destas versões geneticamente modificadas de plantas, micro-organismos ou o que for que se esteja tratando. Eles precisam ser melhor testados. E que os termos da regulamentação “organismos geneticamente modificados não têm maior risco do que seus ancestrais” estão claramente incorretos. São inválidos. Necessitamos retroceder e pensar melhor sobre as determinações feitas na regulamentação feitas pelo USDA. A pergunta é: por que eles não mudam isso? Bem, e aqui vem a questão, quem controla o USDA?

DM: É isso, quem controla o USDA? Talvez pudesse nos esclarecer ou relembrar que é.

EI: Quando começamos a observar o USDA-APHIS/Animal and Plant Health Inspection Service, percebemos o típico caso da porta giratória quando a administração deste órgão federal busca alguém da direção da indústria, da Monsanto por exemplo, ou de uma indústria químico-biotecnológica para sua direção. Eles passam um tempo fora da empresa e quando voltam vão direto prestar seus serviços para as corporações como Monsanto, Golden Harvest, Syngenta ou qualquer uma das corporações de biotecnologias. Isso está cada vez mais documentado. Para aquelas pessoas que realmente querem conhecer toda esta história, precisa ir conversar com o pessoal do Edmonds Institute d estado de Washington, porque eles tem tudo isso muito bem documentado. Sabes como estas reviravoltas existem. Se alguém vem da indústria, pertence a uma comissão do USDA, promovendo a companhia de onde vem e depois deste tempo, retorna para esta corporação. Todos temos que saber isso aí, certo?… O público norte americano precisa acordar e prestar atenção ao que está realmente controlando as regulamentações quanto a estes organismos geneticamente modificados. Não é cientificamente válido o que está expresso na regulamentação. Precisamos parar com esta porta giratória com as agências reguladoras, porque estas pessoas que vêm da indústria não sejam as que escrevam suas regulamentações. Necessitamos de pessoas que não sejam de nenhuma forma influenciadas pelo chamado Big Business – as companhias biotecnológicas. As agências precisam de pessoas que sejam aquelas que trazem a ciência como base e então sejam as que escrevam as regulamentações. E exatamente agora não é este o caso que está acontecendo.

DM: Sim, parece que deveria haver algum tipo de legislação contra estas portas giratórias entre a indústria e as agências reguladoras. Mas por alguma razão imponderável – provavelmente mais pela corrupção corporativa e pela sua penetração dentro do governo – estas regras e regulamentações não existem. Não sei ao certo como fazer mais pessoas se conscientizarem de que se precisa mudar isso, mas eu acho que já há um começo.  Basicamente, isso precisa ser feito através dos legisladores, para que se faça estas leis. No entanto, neste momento não há nada. Desejo que possa também nos comentar sobre quaisquer preocupações que possa ter de pesquisa que tanto a Monsanto como a Cargill fez e submetida à FDA para a obtenção da aprovação para estes organismos geneticamente modificados em as sementes?

EI: Quando olhamos para a habilidade dos cientistas para pesquisas tendenciosas, é na verdade muito, mas muito fácil de instalar um experimento para mostrar exatamente aquilo que se quer mostrar. Podemos fazer coisas com o grupo controle, assim isso se parecerá que os organismos não causam nenhum tipo de problema relativo ao grupo controle que estamos configurando. É bastante fácil ter pesquisas tendenciosas e mostrar essencialmente que queremos mostrar. Isto significa que quando nos apoiamos na indústria que quer desenvolver um produto e usufruir um monte de dinheiro… Pode-se ver o que é a Monsanto. Auferiu uns 5 bilhões de dólares num ano ou talvez muito mais do que isso. Quando estamos sendo apoiados por uma corporação para fazermos uma pesquisa necessária para mostrar se isso é ou não um problema, eles fazem com que se vá por desvios na pesquisa. Sem sombra de dúvidas, eles tergiversam a pesquisa. Assim, nosso sistema regulador não pode estar assentado sobre as companhias para regulá-las. É o mesmo que colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Quando o público norte americano vai acordar para esta fato tão especial? Quando o público ao redor do mundo vai despertar para esta situação? No entanto, muitíssimos locais do mundo confiam nos EUA e em suas pesquisas. Trabalhei com comissões da Nações Unidas inúmeras vezes e em cada um dos cantos do mundo olha para os EUA como está tendo tanto dinheiro. Temos o dinheiro para fazer a ciência. Assim, se os Estados Unidos estiver dizendo: “Não te preocupes, sê feliz. Confia em nós que não vamos tentar vender alguma coisa que irá te matar”. Realmente, realmente precisamos retomar certas situações. Devemos rever o que se passou com as indústrias do cigarro. Quanto tempo esta indústria do tabaco vinha dizendo: “Oh, nós nunca iríamos vender alguma coisa ao público que pudesse matá-lo”. Quando, de fato, todos elas estavam interessadas só em lucros. Foram muito gananciosas. E, em voz alta, mentiram sobre seus resultados. Alteraram os experimentos que estavam fazendo, assim o que não parecia é que havia um problema. Quando vamos para a indústria de agrotóxicos, aconteceu a mesma coisa como aconteceu com aquelas indústrias, onde todos estes venenos foram aprovados baseados sobre pesquisas que vieram da própria corporação agroquímica. Hoje em dia, retomamos estes temas e foram banidos aquelas substâncias químicas dos agrotóxicos em razão de serem extremamente perigosas para a saúde humana. Por que não aprendemos esta lição, como o público, que nós não podemos confiar neste tipo de pesquisas? Devemos ficar totalmente independentes do sistema de pesquisa. Bem, voltando quando meu estudante da graduação fez o trabalho sobre o micro-organismo ‘Klebsiella planticola‘. Quando vi o que a bactéria estava fazendo às plantas, estávamos razoavelmente… De fato, quando um organismo geneticamente modificado está sendo liberado no mundo, o conceito lógico exige que liberando esta bactéria poderia levar a perda de plantas terrestres. Isso mostra o quão perigoso que um organismo geneticamente modificado era ou, na verdade, é, já que a bactéria do solo cresce em todos os sistemas radiculares de todas as plantas. Agora se está modificando para a produção de álcool. A ideia continua sendo parar de fazer a queima no campo e sim metabolizarmos todos os resíduos da propriedade rural em vez de destruí-los pelo fogo. Queimar pode levar à perda de um monte de material na fazenda. Assim, vamos levar estes resíduos orgânicos para a anaerobiose (nt.: processo de metabolização sem a presença do oxigênio) e então produzir álcool em razão da bactéria ‘Klebsiella planticola‘ cresce em todos estes materiais vegetais no sistema radicular de todas as plantas e produz álcool. Poderemos pegar os resíduos deixados por este processo de prevenção de incêndio gerada pela feitura do álcool e espalhá-los de volta para os campos. Assim, poderíamos estar dispersando, ativando e fazendo crescer a bactéria ‘Klebsiella planticola‘ que agora poderá produzir o próprio álcool nos sistemas radiculares de nossa próximo cultivo e matar nossa cultura. Se ela escapa (e claro, poderia) a partir do campo onde estava, poderia começar a produzir álcool nos sistemas radiculares de todas as plantas terrestres. E elas podem não tolerar este efeito. Assim, graças a Deus, fizemos pesquisas com organismos geneticamente modificados que mostraram, na verdade, o quão perigosos são. O USDA não quer acreditar nestes resultados. Queriam questionar os métodos e a metodologia. Quando eu retornei para a Universidade Estadual de Oregon depois de ter apresentado estes dados num encontro das Nações Unidas, o pessoal da Universidade – em razão da Monsanto contribuir com uma efetiva quantidade de dinheiro para o orçamento da Universidade e cada uma delas no país (em geral as universidades estaduais que tenham reconhecimento oficial federal). Muito de seus orçamentos de pesquisa vem destas indústrias de biotecnologia. Na escolha de manter um simples professor que está mostrando os perigos dos organismos geneticamente modificados… No entanto esta é a maneira que nossas universidades trabalham. Eles são ‘big businesses‘ (nt.: grandes negócios). Elas não poderiam tolerar a perda do dinheiro que vem das indústrias de biotecnologia. Então, é claro, ela cedeu a esta pressão. Não sou mais professora nesta universidade porque ousei trazer a lume esta informação sobre os perigos dos organismos geneticamente modificados.

DM: Certo. Bem, grato por compartilhar estas informações e por fornecer-nos esta perspectiva. Desejo saber quais são suas recomendações para um cidadão comum sabendo sobre isso pode fazer seguramente para ter acesso a alimentos livre de transgênicos.

EI: O que ele precisa fazer é – bem, ocorrem-me três coisas que esta pessoa do público em geral possa fazer. Primeiro de tudo, comer possivelmente alimentos orgânicos. De todas as formas possíveis, a maneira de se fazer corretamente que não se está recebendo toda esta carga tóxica, além de não estar apoiando através do dinheiro do alimento, estas indústria que estão realmente tentando tapar nossos olhos, precisamos nos alimentar com orgânicos. Porque não reconhecendo os materiais dos OGMs, não permitimos as sementes transgênicas e assim não consentimos organismos geneticamente modificados de serem utilizados na produção orgânica. Esta é uma das melhores maneiras para assegurar que não estamos acessando produtos geneticamente modificados. Não estaremos ameaçando o ambiente por estarmos apoiando estas indústrias. Se não dermos sustentação a estas indústrias pela compra de seus alimentos, então eles poderão perceber que não estão na direção correta. Assim, comendo produtos orgânicos, talvez seja a forma mais fácil de colocar fora ou auxiliar na redução o que sustenta a indústria dos transgênicos. A segunda coisa que as pessoas realmente necessitam fazer é exigir a rotulagem sobre a origem dos alimentos, se transgênicos ou não. Precisamos efetivamente saber se estamos comendo batatas que tenham uma proteína tóxica em cada célula. Da mesma forma se o milho está contaminado com esta mesma toxina geneticamente modificada. O mesmo com a soja ou quando algum produto que estejamos comendo tenha algum tipo de material geneticamente modificado em seu interior.  E, em terceiro, podemos começar a produzir nossos próprios alimentos vegetais. Melhoremos nossos solos. Façamos retornar a vida à nossa terra para então os alimentos que estamos, nós mesmos, produzindo tenha as proporções adequadas e as quantidades de nutrientes equilibrados corretamente por fornecimento de toda a vida que voltou ao solo, além de sermos nós que produzimos nossa própria comida.

DM: Maravilhoso. Gratidão por isso. Por encorajar as pessoas a adotar estas recomendações. Desejo que comente sobre alguns desastres que já tenham ocorrido com os alimentos transgênicos.

EI: Realmente, já aconteceu. Foi parecido com a história da bactéria ‘Klebsiella planticola‘. É um desastre que esteve muito próximo de realmente tornar-se um desastre. Estávamos dentro de duas semanas de que um organismo geneticamente modificado estava sendo liberado para uma condição de campo. É muito, muito assustador o quão perto estivemos de um desastre total. Quando observamos o material vegetal da planta tratada como ‘Roundup Ready‘, o desastre começa a se fazer exatamente aqui, porque em toda a parte que se estejamos usando a variedade transgênica ‘Roundup Ready‘, estaremos aplicando uma substância (nt.: a referência é para o uso do princípio ativo do herbicida ‘Roundup‘, o glifosato) que está removendo os nutrientes do solo e assim nossas plantas não estarão obtendo a nutrição que elas precisam. Com as plantas tratadas como ‘Bt’ (nt.: toxina da bactéria ‘Bacillus thuringiensis‘ que passa a estar em cada célula da planta transgênica) existem pesquisas que mostram claramente que esta toxina está danificando os sistemas digestivos de porcos, vacas, cavalos e outros animais domésticos. Se está havendo este tipo de dano aos seus sistemas digestivos, o que estará acontecendo com os seres humanos? Tem que estar causando o mesmo tipo de dano. Mas não sabemos nada sobre isso porque não temos ideia na verdade quando estamos ingerindo uma alimentos com material geneticamente modificado que tenha estas toxinas nele. Não estou certa se esteja pensando em outros exemplos, mas provavelmente estes exemplos são bastante convincentes.

DM: Certo. Como se sabe, existem muitas pessoas – destacadamente com uma forte ciência por trás – que tenham comprado aquilo que todos nós suspeitamos ou acreditamos se uma mentira da indústria da biotecnologia de que os benefícios desta tecnologia supera de longe quaisquer preocupações de riscos potenciais. Sendo o benefício primário, é claro, alimentar o mundo – e provavelmente a mais significativa. Mas desejaria… bem, sou um grande fã da tecnologia. Amo o que ela produz e o potencial que ela tem de melhorar a existência humana. Eu queria saber se existem quaisquer aplicações potenciais que possa perceber da biotecnologia e dos alimentos geneticamente modificados que possam ser realmente seguras.

EI: Em razão que temos que observar cada evento transgênico individual, entender exatamente o que este evento fez à planta e como ele vai ser interpretado sob numerosas condições diferentes, é bastante difícil fazer generalizações. Estou segura que com testes adequados, ou seja, se realmente testássemos o material das plantas geneticamente modificadas por seu efeito sobre a vida do solo, sobre a reciclagem de nutrientes ou na absorção de água, sobre a estrutura do solo… Se verdadeiramente tivéssemos feito os testes apropriados, estou certa de que seríamos capazes de excluir estes materiais geneticamente modificados que estão causando reais problemas ambientalmente ou sobre a saúde humana. Mas teríamos que ter ocorrido testes adequados. Muitas vezes ouvimos, especialmente da Monsanto, que “nós não seremos capazes de alimentar o mundo lá por 2025. Precisamos fazer estas plantas geneticamente modificadas, assim iremos alimentas o mundo. Temos que continuar com a Revolução Verde (nt.: movimento financiado por fundações como a Rockfeller que também tinham a pretensão de alimentar o mundo, lá pelos anos cinquenta, surgindo então os agrotóxicos, os fertilizantes sintéticos e a mecanização agrícola. Consequência: êxodo rural, marginalização urbana e contaminação global)”. Mas nós nos demos conta de que a única razão da Revolução Verde ter funcionado foi porque fizemos muita coisa para destruir o solo. Aniquilamos a maioria dos organismos benéficos em nossos solos, por isso as plantas ficaram estressadas. Elas não se desenvolvem corretamente. O valor nutricional de nossas fontes alimentícias já estão indo ladeira abaixo. A maneira de evitarmos a Revolução Verde como um todo, os agrotóxicos, os fertilizantes inorgânicos e toda esta dependênica química que a agricultura vem tendo nos últimos 75 anos, poderia ter sido a adição da biologia apropriada de volta no solo. Quando a Monsanto diz que “precisamos ter os organismos geneticamente modificados para alimentar o mundo”, isso tudo é ridículo. Simplesmente porque vamos ficar sem água limpa antes mesmo de ficarmos sem comida neste planeta. Já estamos tendo guerra da água em várias partes do mundo em razão de não estar havendo água potável para as pessoas beberem. Como poderemos ter plantas que se desenvolvam se todas as águas estiverem salobras, como todo o tipo de contaminantes presentes nelas? E esta falta de água limpa está sendo causada por este tipo de agricultura convencional que estamos fazendo nos últimos 70 anos. Ao chamar este método agrícola de “agricultura convencional” me parece um pouco irônico porque este aspecto de ser convencional é somente em termos dos últimos 70 anos e não dos últimos 5.000 anos ou mais que os seres humanos vêm cultivando as plantas. Assim, na verdade, quando estivermos falando sobre agricultura convencional, o método orgânico é que é o convencional. É exato que o método químico de fazer é alguma coisa… Talvez alguém ligado à propaganda no mundo da química calculou que se nós chamássemos este método de “convencional” isso poderia lhe dar mais status, eu imagino. É por isso que temos que voltar à agricultura orgânica onde retornamos com a biologia para o solo e obter os nutrientes com normalidade. Se tivermos um sistema radicular crescendo profundo da forma que se supõe que todas as nossas culturas devam ser e se tivermos uma biologia apropriada no solo, não teremos quaisquer necessidades de toxinas Bt nem perda de nutrientes para nutrir nossas plantas. Suas raízes suprirão nas taxas adequadas para as necessidades das plantas quando a biologia tiver retornado para os solos. Assim, na verdade, a solução dos problemas é ter o retorno da vida do solo e não continuarmos a destruí-lo através do uso excessivo de químicos tóxicos.

DM: Exato, também concordo. Como eu disse, sou um grande fã da tecnologia e o conceito de crescimento exponencial em tecnologia que é um tanto difícil para a maioria das pessoas entenderem. Isso porque tendemos a pensar linearmente, nós não apreciamos na totalidade, realmente, um crescimento exponencial. Minha estimativa, daquilo que venho revisando, é que com esperanças, nós teremos os aspectos ligados à água resolvidos em um futuro não muito distante. Em razão de estarmos desenvolvendo avanços na questão energética que nos permitirá praticamente purificar a água do mar como fonte de água fresca. Isso será parte do problema. até este tempo precisamos ser realmente diligentes e empregarmos os princípios da precaução porque estas portas giratórias que realmente limitam a introdução de restrições apropriadas e as agências reguladoras incapacitadas para implementá-las em razão desta política de troca-troca, essencialmente, que impedem que a ciência seja feita, como realmente está sendo colocado aqui nesta entrevista. Devemos ser cautelosos. Almejo que comente sobre uma área que  comumente gera confusão quando as pessoas pensam, pelo menos o cidadão comum que não tenham estudado sobre este tema, a diferença entre alimento geneticamente modificado e a tradição consagrada do processo de hibridização que, no meu ponto de vista,  a maioria das pessoas confundem com alimentos transgênicos (nt.: à guisa de esclarecimento, no Brasil há a confusão também entre a expressão ‘trans’ de gordura ‘trans’ como se fosse uma abreviatura de alimento transgênico, principalmente nos óleos de soja). As pessoas têm pensado que estes são só uma versão mais aprimorada do processo de hibridização. Mais acelerado e é como se fosse uma ciência melhorada e assim melhor. Então, por que não fazê-la? Assim se pudesse esclarecer sobre este fato, penso que auxiliaria a eliminar a confusão nesta área para muitas pessoas.

EI: Perfeito. Quando empregamos técnicas normais de melhoramento, não vamos buscar nada fora da espécie estudada. Não se pode fazer melhoramento de uma espécie com outra espécie. Por definição: quando estamos fazendo manipulação genética normal usando métodos de melhoramento, será feito tudo dentro das restrições normais das habilidades reprodutivas dos organismos estudados. Não se pode fazer isso além de cada espécie. Não se vai empregar material genética de diferentes espécies para cruzamento com qualquer outra espécie que se queira cruzar. Já quando estamos lidando com engenharia genética, estamos operando com materiais genéticos muitas vezes com organismos de reinos completamente diferentes. Quando removemos este material genético, estamos atuando com algo que nunca poderia ser possível melhorarmos com a planta ou o organismo que estamos interessados. Quando tomamos este material genético estranho e então enxerta no material em estudo ou quando nós, na verdade, tomamos um injetor e inserimos células individuais que queremos introduzir neste outro organismo. E assim cruzamos nossos dedos e almejamos que tenha se inserido ele mesmo e que começar a injetar no lugar certo. Podemos ter soprado esta sequência genética entre milhões de células. Cruzemos nossos dedos e esperemos que isso não se passe … o que queremos.  É um processo caro fazer tudo isso ai. Exige um monte de tempo, de paciência e checar se este material genético entrou no local que esperávamos que fosse, podemos então expressar o caráter que queremos. No entanto nós não sabemos que outras coisas podemos ter causado alguma disfunção. Quando disseste que leste todos os trabalhos atuais sobre como o DNA expressa quaisquer características, podemos entender que é extremamente complexo e montanhas de diferentes traduções do DNA podem ocorrer. Se injetamos esta única sequência num espaço aleatório do DNA, na maioria do tempo, o organismo pode não viver. Mas sobre aquelas raras ocasiões onde ele pode e começa a expressar, deverá ter 10 diferentes mudanças proteicas. E não sabemos o que todas estas proteínas são, como elas foram modificadas ou qual processos metabólicos estão sendo interrompidos em função deste novo material genético está ali.  O que acontece quando esta planta ou organismo encontra temperaturas congelantes? Ele pode expressar algum material genético de maneira extremamente perigosa. Pode ser extremamente tóxico sobre certas condições ambientais. Mas nós não sabemos nada disso. Então, quando tentamos tomar um material genético de reinos total e completamente diferentes de organismos, isso é o que estamos lidando quando fazemos engenharia genética. E é muito assustador pensar sobre o que poderemos estar fazendo quando permitimos que essas coisas podem ser liberadas ai no mundo real, tendo por base a premissa de que os “organismos geneticamente modificados não são de maior risco do que seus ancestrais”. Temos pesquisas que mostram muito claramente que isso ai é uma grande e absoluta mentira

DM: Muito bem, fantástico. Bem, grato por ter nos dado tudo isso. Para fechar, pergunto se gostaria de completar com alguns outros comentários e também se tem recomendações específicas para os recursos que você compilou a que as pessoas podem procurar mais para posteriores informações.

EI: Eu quero concluir com algo de que estes organismos geneticamente modificados são atualmente feito ou produzidos, de forma que não resulta em algo realmente como se fosse um “organismo geneticamente modificado – seguro”. Não compreendemos exatamente o que estamos fazendo. Não precisamos, definitivamente, destes OGMs. Não existe a necessidade de estarmos produzindo este tipo de organismos perigosos que não temos nem ideia do que estarão gerando ao final já que podem se mesclar e miscigenar com outros organismos no ambiente. Quanto às ervas que hoje se trata como se fosse uma ‘Roundup Ready‘ (nt.: no Brasil são chamadas de super-ervas por já terem criado, naturalmente, ‘anticorpos’ de resistência ao herbicida ‘glifosato‘ como a soja e outras culturas que são transgênicas por terem tido genes de outros seres introduzidos em seu DNA), presentes em muitas regiões agrícolas dos Estados Unidos, é uma grande preocupação. Já estamos provavelmente perdendo o ‘Roundup‘ como um herbicida; o que poderá ser muito possivelmente uma coisa boa. Mas nós não estamos prestando atenção aos danos que podem ter ocorrido aos ecossistemas a partir desses tipos de coisas. Efetivamente não precisamos dos transgênicos/OGMs para matar a fome do mundo. Precisamos isso sim é retornar a causar o mínimo possível de dano a todo o ambiente na forma quando praticarmos a agricultura. Devemos abdicar do vício em química agrícola (nt.: agrotóxicos, fertilizantes solúveis, antibióticos e outras substâncias químicas artificiais usadas na agricultura) e retomar a recolocação da biologia complexa e apropriada de volta aos nossos solos agrícolas. A chave para as mudanças climáticas, para a melhora na nutrição de nossos cultivos, para a maior e melhor nutrição e saúde da humanidade, é reconhecer que viemos destruindo a vida de nossos solos agrícolas e que a maioria deles vem sofrendo o impacto a agressão produzido pelos seres humanos. Não temos entendido o dano que viemos causando nos últimos 20 a 30 anos. Nas últimas três décadas, viemos começando a reconhecer e entender que dano tem sido este e, como é fácil – muitíssimo fácil – corrigi-lo. E não vai tomar bilhões de dólares na remediação deste problema que temos com nossos solos – erosão, compactação – e a qualidade da água pode retornar muito rapidamente se nós somente recolocarmos a biologia apropriada de volta no solo.

DM: Quais fontes pode recomendar para as pessoas que queiram mais informações destes materiais que você vem compilando?

EI: Uma série de trabalhos que eu fiz com os transgênicos/OGMs está disponível no Edmonds Institute no estado de Washington. Beth Burrows é uma pessoa que provavelmente o leitor possa fazer contato para obter estes materiais. Certamente o Rodale Institute. O leitor pode acessar a ele e ali procurar minha lista de publicações. Estou no momento como cientista chefe junto ao Rodale Institute. A maioria deste material está no seu website. Pode-se ao acessar estas publicações. O livro chamado ‘10 Steps to Gardening with Nature‘ de Carole Ann Rollins e eu está disponível no nosso instituto. É realmente um bom sumário básico. Também tem um excelente livro escrito por Jeff Lowenfels chamado ‘Teaming with Microbes‘. O termo aqui “Teaming” significa a parceria como um assunto para ser feito em equipe. Assim, [há] um tipo de jogo de palavras neste título. Também é uma excelente fonte para muitos tipos de informações.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2015.