‘Vivemos talvez o período mais dramático da história indígena’, diz representante do MPF.

Para a subprocuradora-geral da República e coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (populações indígenas e comunidades tradicionais), Deborah Duprat, o momento atual é “o período mais dramático da história indígena”, marcado por “um grupo que promove o discurso do ódio”. O diretor do documentário,Rodrigo Siqueira, questiona: “Quanto tempo mais esse país vai negar sua identidade indígena?”. Ambos participaram, na tarde desta segunda-feira, 14 de abril, de debate que se seguiu à sessão de pré-estreia do documentário “Índio Cidadão?”.   http://www.ihu.unisinos.br/noticias/530351-vivemos-talvez-o-periodo-mais-dramatico-da-historia-indigena-diz-representante-do-mpf-   A reportagem foi publicada pela Procuradoria Geral da República – PGR, 14-04-2014. Produzido pela 7G Documenta, o filme resgata a história da campanha popular promovida por povos indígenas na Constituinte, entre 1987 e 1988, e documenta a atuação recente do movimento indígena em defesa de seus direitos constitucionais, ameaçados, por exemplo, pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 e pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) 227. Em 2013, grandes mobilizações foram promovidas em Brasília pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

 

 

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Assista ao trailer oficial 

 

PEC 215 propõe que a demarcação de terras indígenas não seja mais exclusividade do Executivo e passe a aprovação de novas demarcações e a revisão daquelas já homologadas para o Legislativo. Já o PLP 227 define áreas que não poderiam ser demarcadas por se tratarem de “bens de relevante interesse público da União”, como terras de fronteira, perímetros rurais e urbanos de municípios e áreas produtivas.

Além de Duprat e Siqueira, compuseram a mesa o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que tem atuação destacada na temática no Mato Grosso do Sul, estado marcado por conflitos entre indígenas e não indígenas; a indígena Valdelice Veron, filha do cacique guarani kaiowá Marcos Veron, assassinado no município de Juti (MS) em janeiro de 2003; os também indígenas Ailton Krenak e Álvaro Tukano; e a deputada federal Erika Kokay.

Confira algumas de suas principais falas:

Marco Antonio Delfino relata situação indígena em MS: “Quadro de violação dos direitos humanos gravíssimo”.

Erika Kokay: “Em uma sociedade pautada pelo consumo, os indígenas lutam (contra o poder econômico) pelo direito de ser”.

Erika Kokay: “Nossa constituição está sendo ameaçada” (…) “quando parlamentares apresentam uma PEC como a 215″.

Álvaro Tukano: “Este filme deve ser exibido mas escolas públicas e privadas, nas universidades”.

Álvaro Tukano: “O Congresso brasileiro não pode continuar decidindo sem a presença de indígenas”.

Ailton Krenak: “Desafio que o Estado não seja omisso nos casos de violência contra crianças e mulheres indígenas”.

Ailton Krenak: “Parece que a fala do povo indígena não encontra audição nas instituições do Estado brasileiro”.

Valdelice Veron: “Queria pedir pra vocês fazer o papel falar” (que valham as demarcações).