Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade. Os impactos das mudanças climáticas região por região.

O impacto das no mundo varia substancialmente por regiões, como se deduz das previsões de um grupo de cientistas das Nações Unidas publicadas em um relatório nesta segunda-feira. O documento [Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability] forma parte da quinta revisão de dados do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), criado em 1988. Matéria daAFP, no UOL Notícias

 

http://www.ecodebate.com.br/2014/04/01/mudancas-climaticas-2014-impacto-adaptacao-e-vulnerabilidade-os-impactos-das-mudancas-climaticas-regiao-por-regiao/

 

 

IPCC 2014 - Sumário

O documento identifica os principais desafios de cada região (em matéria de acesso à água, de desastres naturais, de produção de alimentos, etc). Também detalha as opções para enfrentá-los e o nível de risco de um aumento de temperaturas que em 2100 pode chegar a 2ºC ou 4ºC em relação à era pré-industrial, segundo as políticas que forem adotadas frente as mudanças climáticas.

AMÉRICA DO SUL E AMÉRICA CENTRAL

Desafio: escassez de água em áreas semiáridas, cujo abastecimento depende das geleiras
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar a distribuição de água e a exploração da terra

Desafio: inundações em áreas urbanas devido a grandes chuvas
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar a luta contra as inundações urbanas, assim como os sistemas de alerta e prevenção e os alertas meteorológicos

Desafio: menos produção alimentar e de menor qualidade
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: desenvolver cultivos resistentes à seca

AMÉRICA DO NORTE

Desafio: incêndios em ecossistemas e em áreas residenciais
Risco: muito alto com elevações tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar as medidas de prevenção de incêndios

Desafio: mortalidade provocada por ondas de calor
Risco: alto com crescimento de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: instalar sistemas de ar condicionado, construir centros de acolhida climatizados para as populações mais vulneráveis

Desafio: danos e prejuízos em infraestruturas e edifícios
Risco: alto, com subidas de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: instalar sistemas de drenagem que permitam levar as águas pluviais ao subsolo

ÁFRICA

Desafio: escassez de água
Risco: alto com subifa de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: evitar o desperdício de água

Desafio: escassez de alimentos
Risco: muito alto com subida tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: desenvolver cultivos resistentes à seca, ajudas para os agricultores

Desafio: doenças transmitidas por mosquitos e que surgem em zonas úmidas
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: sistemas de alerta

EUROPA

Desafio: inundações de bacias fluviais e de zonas costeiras
Risco: médio com alta de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reforçar a proteção contra as inundações

Desafio: escassez de água em regiões secas
Risco: alto com 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reduzir o desperdício de água, incluindo a irrigação

Desafio: grande calor e aumento da poluição
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reduzir as emissões para melhorar a qualidade do ar e adaptar as casas e locais de trabalho

ÁSIA

Desafio: inundações de casas e infraestruturas terrestres
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: edifícios mais resistentes e relocalizações seletivas da população

Desafio: mortalidade devido ao calor
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: fortalecer os sistemas de saúde, melhorar o planejamento urbano para reduzir o impacto das ondas de calor

Desafio: desnutrição causada pelas secas
Risco: médio com aumento de 2ºC e alto com 4ºC
Opções: aumentar a vigilância do fornecimento alimentar, melhorar os preparativos contra desastres naturais

AUSTRALÁSIA

Desafios: danos nos arrecifes de corais e, na Austrália, desaparecimento de certos animais e plantas
Risco: alto com subida de 2ºC e muito alto com 4ºC
Opções: reduzir a pressão sobre os ecossistemas provocada pela poluição, o turismo e as espécies invasoras

Desafio: inundações e perda de infraestruturas nas costas devido ao aumento do nível do mar
Risco: médio com aumento de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: melhor uso de terras para reduzir a exposição às inundações e à erosão costeira

PEQUENOS ESTADOS INSULARES

Desafio: perda de casas, de terras agrícolas e de infraestruturas devido ao aumento do nível do mar e das tempestades.
Risco: alto com subida de 2ºC e muito alto com 4ºC
Opções: aumentar as proteções costeiras e melhorar o uso de recursos marítimos e terrestres

Desafio: perdas de terras em áreas costeiras por uma combinação de níveis elevados do mar e de tempestades
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: proibição de construir novos edifícios em áreas de risco

REGIÕES POLARES

Desafio: riscos para os ecossistemas devido às mudanças no permafrost (terras geladas), precipitações de neve, gelo
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reforçar o controle de riscos, caçar espécies diferentes se for possível

Desafio: Insegurança alimentar
Risco: muito alto com 2ºC e 4ºC
Opções: melhorar os sistemas de vigilância, concentrar recursos, afastar os assentamentos humanos

Desafio: Impacto nas comunidades asiáticas se a mudança climática ocorrer muito rapidamente
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: melhorar as comunicações, a educação, encorajar a cogestão de ecossistemas

OCEANOS

Desafio: declive da pesca em baixas latitudes
Risco: médio com subida de 2ºC, alto com 4ºC
Opções: gestão flexível dos recursos, expansão dos aquacultivos

Desafio: danos à biodiversidade em arrecifes de corais
Risco: muito alto com subidas tanto de 2ºC quanto de 4ºC
Opções: reduzir outros impactos de origem humana como a poluição, o turismo e a pesca

Desafio: danos a ecossistemas costeiros, como os manguezais e as plantas marinhas, devido à erosão
Risco: alto com subida de 2ºC, muito alto com 4ºC
Opções: reduzir a erosão provocada pelo desmatamento

FONTE: Mudanças Climáticas 2014: Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade (sumário).

Summary For Policymakers PDF – 12.9 MB

Final Draft WGII Report (Accepted 30 March 2014)

 

Mudança climática eleva riscos de conflitos e fome, diz IPCC

 

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/04/01/104010-mudanca-climatica-eleva-riscos-de-conflitos-e-fome-diz-ipcc.html

O aumento das emissões de CO2 elevará durante este século os riscos de conflitos, fome, enchentes e migrações, informa o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado nesta segunda-feira (31).

“O aumento de temperaturas aumenta a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis”, em todo o mundo, alerta o quinto informe do IPCC.

Se não se conseguir estancar as emissões dos gases causadores do efeito estufa, o custo pode chegar a bilhões de dólares em danos a ecossistemas e a propriedades, além da necessidade de se criar sistemas de proteção dessas mudanças.

Os efeitos da mudança climática já começam a ser notados e vão piorar com cada grau centígrado de aumento da temperatura.

A Amazônia em perigo A fome poderá ser especialmente severa nos países tropicais e subtropicais. A Amazônia é um dos ecossistemas que mais poderão ser prejudicados, juntos com os polos, os pequenos Estados insulares no Pacífico e os litorais marítimos de todos os continentes.

Bastante extenso, o informe detalha os efeitos por região. Nas Américas do Sul e Central, os desafios são a escassez de água em áreas semiáridas, as inundações em zonas urbanas superpovoadas, a queda da produção alimentar e de sua qualidade e a propagação de doenças transmitidas por mosquitos.

As cidades latino-americanas devem se preparar para modificar seus planos de urbanismo e de tratamento de água. A produção agrícola deverá se adaptar aos períodos de seca, ou de grandes chuvas, com grãos mais resistentes.

As zonas de mata virgem deverão manter afastada a pressão dos assentamentos humanos.

O documento é resultado de intensas deliberações entre centenas de cientistas desde que a comunidade internacional aprovou a criação do IPCC em 1988.

O informe “é um manual de instruções para se enfrentar a mudança climática, mas também representa um marco para entendê-la, para entender suas implicações”, explicou o co-presidente do IPCC, Chris Field, da Carnegie Institution.

A edição anterior, de 2007, valeu ao IPCC o Prêmio Nobel da Paz, mas seu sucesso e visibilidade não conseguiram mobilizar as consciências o suficiente. A reunião internacional de Copenhague, em 2009, que se dedicaria a obter um pacto contra a mudança climática, foi um estrondoso fracasso.

Esse novo documento, publicado em Yokohama, em Tóquio, após cinco dias de reuniões, detalha de forma mais extensa o alcance do problema, que se acelerou a partir do século XX.

As temperaturas vão subir entre 0,3ºC e 4,8ºC neste século, o que se soma ao 0,7ºC calculado desde o início da Revolução Industrial. Além disso, o nível dos mares aumentará entre 26 e 82 centímetros até 2100.

A alta das temperaturas reduzirá o crescimento econômico mundial entre 0,2% e 2% ao ano – calculam os cientistas. Nesse sentido, o IPCC reivindica um pacto mundial até o final de 2015 para limitar esse aumento a até 2ºC no século atual.

Riscos para a segurança – Os impactos aumentam com cada grau centígrado e podem ser desastrosos acima de 4ºC, adverte o texto.

A mudança climática pode provocar mais conflitos regionais, devido às migrações das populações afetadas pelas enchentes e à competição pelo monopólio de água e comida.

“A mudança climática tende a atuar como um multiplicador de ameaças”, disse Field.

“Há muitas coisas que fragilizam as pessoas, e quando você combina um choque climático com esses fatores, os resultados podem ser ruins”, alertou.

Na Europa e na Ásia, é provável que as temporadas e o volume de chuva sofram mudanças dramáticas. Isso terá um impacto nas colheitas de trigo, arroz, ou milho, por exemplo. Espécies de plantas, ou de animais, poderão desaparecer.

Os países pobres serão, contudo, os que vão sofrer as mais graves consequências desse novo cenário.

O relatório garante que o aquecimento global é irreversível, mas que pode ser reduzido drasticamente, se o ser humano controlar as emissões de CO2. Algumas medidas que podem ser aplicadas de imediato são “baratas e fáceis”, como reduzir o desperdício de água, ampliar as áreas verdes nas cidades e proibir assentamentos humanos em zonas de alto risco.

(Fonte: UOL)