Parte 5: 

O PFOA polui o ar, a água potável e o alimento. 

Site em inglês: http://www.ewg.org/reports/pfcworld/part5.php


Em dois estudos piloto, cientistas encontraram o PFOA em água encanada, no ar livre, feijão, maçãs, pão e carne moída, de Toronto, no Canadá à Florida nos EUA.  

 Mesmo que produtos feitos com PFOA tenham sido vendidos aos consumidores por 50 anos, nem a EPA nem os fabricantes sabem a importância relativa de muitas fontes possíveis de PFOA presente no sangue humano. A sobrecarga atual nos organismo de PFOA pode vir primariamente dos produtos de consumo, mas pode também se originar da exposição à contaminação ambiental do PFOA. Dois estudos conduzidos desde 1999 mostram que a exposição ambiental pode ser significativa: o PFOA ou seus precursores foi encontrado como contaminantes na água encanada, alimento ou ar em todas as cidades testadas. Em 1999 a 3M começou um estudo para quantificar as fontes da "bioacumulação na cadeia alimentar humana"[1] dos PFCs, no sentido de encontrar a importância potencial de contaminação ambiental como fonte do PFOA no sangue humano.  Em seis cidades da costa leste, a 3M analisou alimentos de supermercados, rios e lagos, sedimentos, peixes, fontes de água potável, água encanada, tanto do efluente bruto das estações de tratamento de esgoto como do tratado, além do esgoto bruto e da lixívia de aterros de lixo municipais. 

A 3M detectou PFCs em todas as cidades. Os resultados da primeira análise foram finalizados exatamente oito dias depois da 3M anunciar a eliminação do Scotchgard (em maio de 2000).

A companhia apresentou os dados mostrando a contaminação dos PFCs nos rios e lagos sendo que alguns deles são utilizados como fonte de água para beber. O PFOA ou outros PFCs foram encontrados em todos os quatro estados avaliados: Georgia, Alabama, Flórida e Tennessee. Quatro meses depois a 3M apresenta as análises mostrando os PFCs em água encanada em duas das seis cidades avaliadas (Columbus, Georgia e Decatur, Alabama). A 3M detectou o PFOA em Mobile River e na água encanada em Columbus, Georgia.

Como com os estudos do sangue humano e depois os estudos com a vida selvagem, a 3M encontrou novamente PFCs onde não esperava. Ela projetou o estudo para incluir três cidades onde os PFCs foram fortemente empregados (nas fábricas ou nas fontes das redes das cidades) e três onde o uso comercial era em larga escala. As análises resultantes mostram a contaminação com PFC em água de todas as seis cidades. [2]

A verificação dos alimentos adquiridos em seis cidades nos supermercados confirma a contaminação ambiental anterior generalizada. Nas análises de carne de gado, porco, galinha, cachorro quente, lampreia, ovos, leite, pão, feijão e maçãs comprados nos mercados em Alabama, Tennessee, Georgia e Flórida, a 3M encontrou o PFOA em 5% das amostras testadas. Dos alimentos testados, a carne, feijão, maçãs e pães estão todos contaminados com PFOA. 

Nas amostras de ar os cientistas da Universidade de Ontário encontraram o PFOA ou químicos que degradam até o PFOA na atmosfera – no centro de Toronto e na área rural Long Point, Ontário. Os resultados dos testes de efluentes das estações de tratamento de esgoto e da lixívia de aterro de lixo obtidos pela 3M indicaram que a população está descartando ou excretando quantidades significativas de PFOA. Os cientistas detectaram o PFOA em todas as cidades analisadas nas amostras dos efluentes tratados das estações de tratamento de esgoto, contaminação que provavelmente se origina da excreção humana ou dos produtos de consumo escoados e drenados pelos canos dos esgotos – outra fonte potencial de difusão da contaminação do PFOA no ambiente. Também detectaram o PFOA em lixívia dos aterros de lixo em duas das seis cidades testadas.

 

Contaminação da água encanada pelas fábricas da DuPont. 

"Através dos anos, a DuPont trabalhou duro para reduzir o rastro de seus produtos químicos."

—Dupont, referência aos níveis de C-8 na água em Little Hocking, OH [5]

 A DuPont encontra contaminação invasiva em torno de seus parques fabris. Num estudo interno em 1984 da água encanada na vizinhança de sua fábrica de TEFLON de Washington em West Virginia, ela detectou o PFOA em concentrações de: 1.5 ppb no encanamento em LuBeck, West Virginia; entre 1.0 e 1.2 ppb no encanamento em Washington, WV; e de 0.8 a 0.6 ppb em Little Hocking, West Virginia. Muitas destas concentrações são mais altas do que aquelas detectadas na lixívia do aterro de lixo em Port St. Lucie, na Flórida. A DuPont não informou nem aos residentes próximos nem aos setores públicos de regularização, sobre seus testes e resultados.

Quando forçada pelo estado a conduzir uma investigação mais apurada na água de Little Hocking em 2002, a companhia verifica níveis de PFOA nas fontes de abastecimento da cidade variando entre 0,495 e 8,58 ppb. [6]  Estas concentrações são significativamente maiores do que os padrões internos de segurança antiquados da DuPont de 1 ppb. Mesmo a DuPont ter recentemente debatido por padrões de segurança mais altos através de uma equipe de avaliação da água potável liderada pelos reguladores de West Virginia, mas que inclui funcionários da DuPont e consultores químicos da indústria. 

Como estes químicos chegam em nossos alimentos, água e na lixívia dos aterros? 

Liberações ambientais. Em razão do PFOA não estar regulamentado é legalmente liberado às fábricas da DuPont e da 3M em West Virginia, North Carolina, Minnesota e Alabama, descartarem-no como poluição do ar e da água; bem como às indústrias de carpetes, de roupas e de papel na North Georgia, North Carolina e outros locais.

A DuPont estimou (note 1) que liberaram de suas fábricas, da planta de Washington em West Virginia e da de Chambers em New Jersey, um total combinado de 20 toneladas do PFOA para o ar, 3.300 toneladas para a água e três toneladas nos aterros em 1999. A 3M estima menores liberações de suas fábricas: em 1997 sua fábrica de Cottage Grove, em Minneapolis, liberou 3 toneladas para a atmosfera, enquanto em 1999, duas fábricas de PFC liberaram em torno de 2.300 toneladas para a água. [7]

O resultado imediato destas liberações ambientais pode ser vistas nas áreas do entorno das fábricas de PFC. As águas superficiais no curso imediatamente abaixo da fábrica Decatur da 3M, as concentrações de PFOA que foram captadas, são de 1900 ppb e 1024 ppb. [8] Em West Virginia, as fontes de produção que são utilizadas como suprimento de água potável para a fábrica Washington da DuPont foram detectadas concentrações tão altas quanto [1,9 ppb] de PFOA e os espaços junto ao aterro e às áreas dos lagos de digestão chegaram a níveis tão altos quanto 13.600 ppb. [9]

 

Álcoois Fluortelômeros. Os álcoois fluortelômeros podem tornar-se a fonte dominante de PFOA no sangue humano. Através dos estudos de laboratório dos cientistas da indústria foi demonstrado que desde 1981 os álcoois fluortelômeros degradam-se no ambiente e nos organismos em PFOA e compostos do tipo PFOA. (note 2) [10, 11] [Breakdown Study | Extract | Full Document] Os álcoois fluortelômeros foram encontrados em produtos aparentemente inócuos tais como xampus e condicionadores, produtos de papel preparados para contacto direto com alimentos, clareadores de tapetes e mantas de lã, lubrificantes para bicicletas, utensílios de jardins e zíperes.

Apesar de longas seções do documento tenham sido removidas, sob a alegação de ser "Informação Confidencial de Negócios", numa recente Apresentação sobre Telômeros da DuPont nos arquivos da EPA claramente expressa a preocupação da DuPont sobre os fluortelômeros:

"Nós estamos comprometidos e decididos a permanecer nos negócios.
Estamos confiantes que nossos produtos sejam seguros para o fim que se destinam."

— Atualização dos Gerentes de Produtos da DuPont, 17.dez.2001.[12] [Excerpt]

Referências: 

[1] 3M. 1999. Quality Assurance Project Plan for Empirical Human Exposure Assessment Multi-City Sampling Task. U.S. EPA Administrative Record AR226-0952.

[2] 3M. 2001. Executive Summary: Environmental monitoring - multi-city study water, sludge, sediment, POTW effluent and landfill leachate samples. U.S. EPA Administrative Record AR226-1030a111.

[3] US Environmental Protection Agency (US EPA) (2001). Analysis of PFOS, FOSA, and PFOA from various food matrices using HPLC electrospray/mass spectrometry, 3M study conducted by Centre Analytical Laboratories, Inc.

[4] Martin, JW., Muir, DC., Moody, CA., Ellis, DA., Kwan, WC., Solomon, KR and Mabury, SA. 2002. Collection of airborne fluorinated organics and analysis by gas chromatography/chemical ionization mass spectrometry. Anal Chem 74(3): 584-90.

[5] DuPont. 2002. c8 Inform. available online at http://www.c8.inform.com/dww/plant%20communications/22103.html.

[6] Association, LHW. 2002. Copies of Press Releases from Little Hocking Water Association summarizing results of C-8 levels in Ohio community water supplies (sampling rounds 1-7). U.S. EPA Administrative Record AR226-1157.

[7] US EPA (2002). Draft hazard assessment of PFOA and its salts February 20, 2002.

[8] 3M. 2001. Selected Fluorochemicals in the Decatur, Alabama Area. US Environmental Protection Agency Administrative Record Number AR226-1030a161.

[9] Taft. 2002. Compilation of Historical C-8 Data DuPont Washington Works Main Plant and Landfills. U.S. EPA Administrative Record AR226-1194.

[10] Services, PA. 2002. Biodegradation Study Report: Biodegradation Screen Study for Biodegradation Screen Study for Telomer Type Alcohols,. U.S. EPA Administrative Record AR226-1149.

[11] Hagen, DF., Belisle, J., Johnson, JD and Venkateswarlu, P. 1981. Characterization of fluorinated metabolites by a gas chromatographic-helium microwave plasma detector--the biotransformation of 1H, 1H, 2H, 2H-perfluorodecanol to perfluorooctanoate. Anal Biochem 118(2): 336-43.

[12] DuPont. 2001. DuPont Telomer Presentation. U.S. EPA Administrative Record AR226-1042.  

Notas 

(note 1) (nota 1) Seção EPCRA 313 requer que fabricantes reportem liberações ambientais de somente em trono de 650 diferentes químicos e o PFOA não é um deles. Estes químicos podem ser encontrados no TRI (Toxics Release Inventory List). http://www.scorecard.org/general/tri/tri_chem.html.  

(note 2) (nota 2) Um estudo subseqüente financiado pela 3M reportou que os fluortelomeros com a fórmula geral CF3(CF2)nCH2CH2OH biodegradarão até o ácido perfluorado, sais com a fórmula geral CF3(CF2)nCO2- e CF(CF2)(n-1)CO2-.   

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